quarta-feira, abril 15, 2009

Che: Part One - The Argentine

Projecto pessoal de Benicio del Toro, este Che de Steven Soderbergh é um filme de cinco horas que, por motivos comerciais, foi cortado em duas partes, O Argentino e Guerrilha.
Che - O Argentino é a primeira parte desta obra sobre o mítico Che Guevara, focando-se nos seus tempos de Cuba, desde os primeiros encontros com Fidel, até à tomada de Havana, momento esse que não se vê nem no primeiro, nem no segundo filme, pináculo central que é consequência e causa da tudo o que se passa antes e depois.
Soderbergh reencontra aqui a sua boa forma, voltando ao fulgor de Traffic por exemplo.
Curiosamente a obra Che não fica menorizada ou incompleta quando cortada em dois. Che - O Argentino é um filme que se aguenta sozinho nos seus próprios méritos, sem desculpas, sem se sentir que precisa de uma qualquer conclusão.
O mito Che Guevara é trabalhado e desenvolvido por Soderbergh no seu lado mais humanista, a sua preocupação com o Homem como indivíduo, a preocupação com a educação do povo, a sua actividade como médico no meio da selva, a sua intolerância contra qualquer abuso feito contra os camponeses mesmo no meio dos combates. É aqui que reside o fundo de Guevara, o seu amor ao próximo que, levado ao extremo, foi aquilo que conduziu à sua morte.
Filmado belíssimamente, com uma fotografia perfeita, encontra em Benício del Toro um protagonista à altura, apenas ofuscado por Demián Bichir, um Fidel Castro assombroso.
Único pecado do filme, partir do princípio que já conhecemos Guevara quando entramos na sala, muito fica por explicar, muito fica por mostrar, nunca se entende (no filme) o relevo que Che ganha no movimento, ou por que motivo é recebido com tanto fulgor pelas populações (não parece ser assim tão diferente dos outros comandantes).
A não perder.

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