quinta-feira, agosto 14, 2008

Berlin...

Pois que sim, que me vou, agora férias mais a sério, duas semanitas com passagem por Berlim, cidade que ainda não conheço, mas que, segundo ouvi, tem muito para dar.
Vou enfim ver a Alexanderplatz, ao vivo, que a versão do Fassbinder ainda não me passou pelos olhos.

Aqui fica um videozinho em homenagem à minha viagem, em tom de provocação para a Manel...

quarta-feira, agosto 13, 2008

Só porque me deu saudade...


Só porque às vezes se reencontram imagens sem estar à espera.
Só porque há gente cuja falta ainda hoje, se calhar mais do que nunca, se sente.
Só porque me lembro de o ver em cena, sozinho, candidato à presidência ou com gin tónico, a falar, a rir, em riste provocante.
Só porque era absolutamente único, brilhante, com a língua afiada como convém, atento, perspicaz e com um sentido de humor afinadissimo.
Só pelo sorriso, conversa, mais ou menos etilizada, depois do espectáculo.
Só porque tinha 16 anos e não consegui ir vê-lo ali, deitado, desaparecido, mudo. Fiquei sentado no carro à espera que alguém me viesse dizer que aquela brincadeira de primeiro de Abril ia acabar. Espero até hoje...
Só porque sim, só porque me deu saudade, só porque não é Domingo...

terça-feira, agosto 12, 2008

Música da Semana

Nestes dias antes das férias o trabalho tem-me afogado...

I need help...

Eu sei que os textos que escrevo são sempre feitos no meio de 30 outras coisas. As críticas a filmes ou peças de teatro são usualmente muito curtas, simples e pessoais.
No entanto, os posts concisos ou a falta de tempo para os escrever não são desculpa para o facto de muitos deles parecerem ser da autoria de alguém com o vocabulário de um miudo de 3 anos com deslexia.

Foi assim o post da peça Diz-me Como a Chuva que tive agora de ajustar.

Memorando para mim mesmo... nunca, mas nunca mais devo escrever algo sem o reler UMA VEZ QUE SEJA!!!!

segunda-feira, agosto 11, 2008

sexta-feira, agosto 08, 2008

Diz-me Como A Chuva


Há muito tempo que não via a Cucha Carvalheiro em palco. Não podia deixar perder esta oportunidade, na última semana de representação de Diz-me Como a Chuva, em cena até domingo.
Baseado em diversos textos de Tenesse Williams, Diz-me Como a Chuva é uma produção da Escola de Mulheres levada a palco na Comuna, casa que Cucha conhece bem.
Foi um misto de sentimentos.
Ver Cucha Carvalheiro de novo a representar não trouxe desilusão, plástica, inteligente, se bem que por vezes irregular, foi um prazer reencontrar esta actriz.
Como peça no entanto, Diz-me Como a Chuva esteve muito abaixo das espectativas.
Os textos de Tenesse Williams são geniais, mas a junção aparentemente aleatória de vários pedaços transforma a peça numa manta de retalhos incoerente, um jogo de atenção que é de longe mais estimulante para as actrizes do que para o espectador.
A encenação de Marta Lapa tem pormenores interessantes, mas peca por excesso noutros momentos, tornando o que deve ser subtil em movimentação óbvia.
A cenografia é impressiva, tal como o texto final uma manta de retalhos do universo de Williams, estéticamente bem conseguida, se bem que, uma vez mais, demasiado dispersa e com pontos de foco desconexos e desnecessários.

Tudo isto seriam pormenores numa experiência agradável, não fosse a performance de Isabel Medina. Uma prestação absolutamente desastrada, forçada, histérica, para esquecer. Nos momentos em que fez de Blanche DuBois a comparação com Vivien Leigh no filme de Elia Kazan torna-se inevitável, e aí o descalabro toma proporções abissais.

Um acto falhado na Comuna, apenas para fãs, ou quem queira ouvir palavras de Williams.


Diz-me Como a Chuva
textos de: Tenesse Williams
Encenação Marta Lapa
Interpretação: Cucha Carvalheiro e Isabel Medina
Quarta a Sábado - 21h45, domingo - 17h
Até 9 de agosto
Preço: 12,5€ (existem diversos descontos, perguntar na bilheteira)
Comuna Teatro de Pesquisa
Praça de Espanha
1070-024 Lisboa
Bilheteira: 931 619 217

quinta-feira, agosto 07, 2008

The Dark Knight

A saga Batman tem tido no cinema uma carreira atipica. São já seis filmes, mas na verdade é como se fossem três duplas diferentes.
Os primeiros dois foram realizados por Tim Burton, carregando o cavaleiro negro de um universo negro e irreal.
Quando Joel Schumacher pega na série, transforma-a num circo e quase ia destruíndo o franchise com um Batman & Robin desastroso.
Eis que entra Christopher Nolan com Batman: O Início e este O Cavaleiro Negro.

Nolan ignora por completo os outros quatro filmes e constroi um imaginário mais próximo da realidade. É uma abordagem interessante, adaptar um personagem tragi-cómico de BD ao mundo tal como o conhecemos.
O Cavaleiro Negro tem sido um fenómeno, nos EUA não só já bateu todos os recordes possiveis, ultrapassando Homens Aranhas, Piratas das Caraíbas, Shreks e outros que tais, como tem sido levado em ombros pela crítica, falando-se inclusivé à boca cheia de Oscares.
Fui ontem ver o filme e sinceramente não percebi o porquê desta reacção.

Vamos por partes, O Cavaleiro Negro é um filme interessante, a visão de Christopher Nolan é pelo menos inovadora neste imaginário e as duas horas e meia de duração passam sem mossa.
O que não entendo é a histeria em torno da fita, alimentada pela morte de Heath Ledger.

Há falhas, muitas.
O filme quer ser estiloso, tão estiloso que está constantemente em pose, com frases pseudo-profundas de algibeira.
Christian Bale funciona como Bruce Wayne, mas quando põe a máscara faz uma voz de bagaço irritantemente forçada.
Buracos de argumento são mais que muitos (não os vou discutir aqui para não estragar o filme).
Há uma coisa que sempre me deu comichão, o facto de toda a gente (salvo o heroi e o vilão) agir como atrasado mental. A policia aqui, pelo menos, não deve muito à inteligência.

Gotham City é aqui uma cidade normal, prédios normais, ruas normais, ganhou realismo, mas perdeu o charme, perdeu força, mistério, perdeu identidade numa cidade que era, ela própria, mais um personagem.

Eis que chega Heath Ledger. Ele é a alma do filme, uma performance assustadora, que enche o ecrã em cada cena. É ele, e apenas ele, que salva o filme da mediocridade. É claro que Morgan Freeman, Michael Caine, Gary Oldman ou Aaron Eckhart são senhores actores e trazem um toque de charme a cada cena em que aparecem, mas Ledger está noutra dimensão. Os pormenores em cada gesto, cada pose, o cabelo, as mãos, a voz, é um personagem perfeito.

Mais realidade diz Nolan, menos acção, mais questões interiores. Talvez.
A milhas de Tim Burton, noutra galáxia, as dúvidas morais, as questões éticas, as ligações emocionais e humanas, a procura do Eu do Bem e do Mal, Burton tem lá tudo e é magnifico.
Nolan tem a máscara, mas por baixo está pouco.

quarta-feira, agosto 06, 2008

Onde o Sol não entra...


Há um sítio, no centro da cidade, onde o Sol não entra.
Depois da sombra fresca do jardim do Principe Real, em frente do reflexo quente nas pedras da Faculdade de Ciências, há um buraco escuro onde nem luz, nem cor, nem vida existe.
Por fora uma loja simples, grades nas janelas e porta. Quem passe pela nesga aberta para a rua pode ver o revestimento de madeira, prateleiras antigas que cobrem as paredes, mas é ao nariz que se deve prestar atenção. O incauto viajante que lá entre descobre um mundo de bruma onde apenas o pó pode viver.
As vitrines devastadas são sinal que a loja foi assaltada pela calada, puro engano, faz parte do antro de terror. O pó suspenso, próprio dos vestígios de uma demolição, é aqui o único ar que se respira, falta o fôlego, falta a força, enquanto se procura uma saída, de relance os esgares de bonecas mortas, entulho e quilos de papel espalhado pelo chão criam um ambiente fantasmagórico. O horror apodera-se de nós, fugir, correr, algo que nos solte, apenas um forte sentido de missão pode ajudar uma pessoa a ficar de pé, no meu caso, 39 milhões de euros. Aquela é a única casa nas redondezas que está aberta na primeira quinzena de agosto e onde posso fazer o euromilhões.
Com requintes de malvadez, o carrasco, dono da loja, alonga-se até nos atender, olhando demoradamente para um pedaço de papel que foi buscar algures. Sem uma palavra faz o serviço e recolhe o dinheiro sem sequer olhar para mim.
Saio para a rua. Respiro longamente antes de continuar caminho.

Mesmo agora, seguro e salvo, o cheiro não me sai do nariz e se fechar os olhos, aquelas imagens horríficas atormentam-me.

Cuidado turistas incautos, tende atenção, não é um lugar para os fracos de espírito.

terça-feira, agosto 05, 2008

Música da Semana


O gato de Cheshire com o seu sorriso enigmático simboliza bem como me sinto agora que voltei de férias, num misto de sonho e realidade...

Fica como banda sonora desta semana a versão da disney...

segunda-feira, agosto 04, 2008

Ainda com o sal no corpo e a areia na memória, atravesso à ponte em direcção a casa. A nostalgia não se acentua porque a ausência foi curta, e ao ver Lisboa, do lado de lá do rio, com uma luz excessivamente branca trouxe-me um sorriso aos lábios. O fotógrafo de Deus tinha exagerado na exposição, a cidade tinha luminosidade a mais.
Estou de volta...