sexta-feira, julho 28, 2006

É desta, vou, vou e nem olho para trás, é hoje, ao fim do dia, dia caótico, carregado de coisas penduradas, mas vou, não quero saber do que fica ou deixa de ficar, vou, vamos os dois, ao lado um do outro sempre, nos momentos maus e nos momentos bons - e este é dos bons - em direcção a Sul, poucos dias, e depois mais ainda, para o continente negro, para o sol e praia, para o descanso prometido, merecido, vou de abalada, este blog fica sozinho, fica com o Jorge e a sua canção de esperança, fica com os poucos resistentes que por aqui vão passando, e sei que quando voltar as visitas cairam para um décimo, que quando recomeçar vão estar na metade, que vai demorar a recuperar as leitores, excepto alguns, os mais fieis, que me acompanham e que eu acompanho, esses não desistem, esses sei que posso contar com eles, e eles comigo... para esses um obrigado, e até ao meu regresso...

Fui... como uma brisa rumo aos sopros quentes do deserto - mas volto, sempre.

quinta-feira, julho 27, 2006

E foi o que foi, um pouco de nada, um sopro de susto que passou com os bálsamos do reencontro programado. Mergulhei de cabeça no espaço vazio, maior que mim mesmo, ausente da presença que preciso. Foi o que foi, desencontros, conversas, presenças... e passou...

quarta-feira, julho 26, 2006

No Tempo dos Assassinos


Cantor, compositor, autor, artista, Jorge Palma é um homem de altos e baixos, de momentos de génio e períodos de decadência. Já o vi dar concertos memoráveis e já tive que sair ao fim de duas músicas por não conseguir olhar para um homem a cair de bêbado em palco, vício esse que é uma constante da sua vida, com curas de desintoxicação de maior ou menor grau de sucesso, e que lhe corroeu o mundo e particularmente a carreira - prova disso é a falta de albuns de originais de 1989 a 2001.
No entanto quando acerta é em cheio e tem músicas de uma força, uma riqueza e uma beleza dificilmente igualáveis.
Em Junho de 2002, no Teatro Villarett, viveu-se um desses momentos altos, três concertos intimistas que em boa hora foram transpostos para disco com o título "No Tempo dos Assassinos".
Aqui fica um dos seus hinos de força e esperança, vindos de um homem que numa noite tudo perde e tudo recupera...

terça-feira, julho 25, 2006

Sob encomenda

Há dias em que as palavras escorrem como bom vinho por uma garganta sedenta após um jantar de categoria. Há outros em que arranham como areia de um condenado à morte no deserto.

Hoje tinha que escrever dois textos, nenhum me saiu de jeito...

Os astros não estão conjugados...

segunda-feira, julho 24, 2006

Piratas das Caraíbas: O Cofre do Homem Morto

Se há uma coisa que me irrita particularmente é agarrarem em algo que é bom e destruirem-no. O Piratas das Caraibas: A Maldição do Pérola Negra, primeiro filme desta trilogia que tem já estreia marcada para o seu capítulo final no Verão de 2007, era um filme condenado à desgraça. Baseado numa atracção antiga dos parques temáticos Disney e com Johnny Depp ao leme (ele que, apesar de adorado pelos fãs não conseguia ter um êxito sem a parceria de Tim Burton), eperava-se um flop com um actor de culto vendido aos grandes estúdios. O resultado no entanto foi surpreendente. Realizado por Gore Verbinski, que ainda não tinha apresentado nenhum título memorável e produzido por Jerry Bruckheimer (o mesmo de O Rochedo, Pearl Harbor, Armageddon ou Gone In 60 Seconds), o primeiro Piratas apresentava um humor peculiar, aventura q.b. sem o exagero histérico típico da casa Bruckheimer, uma história envolvente com um enredo por vezes surpreendente, bons efeitos especiais e um Capitão Jack Sparrow, anti-heroi sublimente interpretado por Depp, num limiar entre o gay e o drogado, o falsário e o vilão, mas por quem não conseguíamos deixar de torcer, que lhe valeu uma nomeação para o Óscar (improvável aliás num filme deste cariz).
A segunda parte desta (já) trilogia Piratas das Caraíbas: O Cofre do Homem Morto, está a ser um sucesso comercial colossal, batendo até hoje recordes sucessivos do box-office americano (melhor dia de sempre, melhor fim-de-semana de abertura, filme mais rápido a chegar aos 100 milhões de dólares, aos 200 e aos 300), tendo já ultrapassado o primeiro Harry Potter nos EUA e galopando para uma posição verdadeiramente memorável na lista dos mais rentáveis de todos os tempos.
No entanto o filme é não merece um décimo da atenção que tem usufruido. Transformou-se numa comédia caótica, passando os limites do absurdo, perdeu o nervo, a inventividade e a capacidade de surpreender. Depp é uma caricatura de si mesmo, correndo frenético de um lado para o outro sem se perceber muito bem o que ali está a fazer. O filme centra agora em Orlando Bloom, um William Turner que até encontra o pai e se firma cada vez mais como heroi clássico. O enredo é feito de um tanto faz irritante, onde tudo pode acontecer sem nenhum nexo aparente. Por vezes há pequenos lampejos daquilo que me deliciou no primeiro filme, a cena de abertura ou o personagem de Davy Jones, um Bill Nighy irreconhecivel, mas não chegam para resgatar a película do naufrágio. Este resultado para mim é inesperado visto que se mantem a equipa do primeiro filme, mesmo produtor, mesmo realizador, mesmo elenco, mesmos argumentistas (responsáveis por filmes como Shrek) e até o mesmo estúdio. Pior ainda é o hábito irritante que se criou nos últimos anos, o de fazer dois filmes de seguida e acabar um deles a meio. Desde O Senhor dos AneisMatrix adoptou esta estratégia, mas não nos esqueçamos que o primeiro era inevitável, Senhor dos Aneis é uma trilogia ecrita em livro há 50 anos.Em suma, uma pequena desilusão para os fãs, que não manchará o êxito deste filme pipoca.

sexta-feira, julho 21, 2006

Queria antes de partir de fim-de-semana mudar a música mas um problema técnico não me permite. Seja como for ficam em bela companhia mais uns dias...

Eu, graças à mudança de sistema no trabalho, vou ter fim de semana prolongado a começar hoje! Parto para mais uns diazinhos de sol, mar e relaxe.

Até ao meu regresso desejo a todos um grande, mas mesmo grande,fim-de-semana!

quinta-feira, julho 20, 2006

Cars

Cars é o último filme da parceria Disney-Pixar e é, para o bem e para o mal, tudo aquilo que se poderia esperar de um filme Disney. A animação é, como de costume, soberba, cada novo filme parece uma evolução sobre o anterior, os reflexos por exemplo nos capots do carro e todo o trabalho sobre a luz é perfeito. A história utiliza um background inovador, um mundo apenas constituido por carros, que serve de tela a uma história onde os valores tradicionais do amor, da amizade e da humildade imperam.
É, no entanto, um filme que se leva demasiado a sério, moralista até à medula dos ossos, não é capaz de brincar consigo próprio para além do humor clean e que não ponha em causa a mensagem a passar, longe por exemplo da Idade do Gelo ou dos devaneios caóticos de Shrek.
Com uma duração um pouco maior que a norma para este tipo de filmes (quase duas horas de duração), merece no entanto a visita descontraída e sem grandes pretensões. Um filme para vêr do primeiro minuto (com uma curta metragem deliciosa como prólogo) até ao último (com as tradicionais surpresas das animações).

quarta-feira, julho 19, 2006

E de repente estavamos vivos...

Metro, nove da manhã, a multidão de cabeças, de braços, de corpos, espera apática pela carruagem. Ao contrário do normal, a composição que veio da Amadora parou do nosso lado e deixou aí os passageiros, pronta para partir, provavelmente atrasada. Entrámos. Cada um se encostou no seu espaço, num gesto mecânico, repetido diáriamente, a imagem central de um conjunto de espectros que deambulam eternamente este planeta. Arrancámos, foi então que se ouviu uma voz: Próxima estação Alfornelos. Ninguem tinha mudado a gravação, ninguem tinha dito à carruagem que estávamos a partir da Baixa e não da Amadora, mas de repente era como se ganhássemos vida. Uma senhora meio adormecida levantou a cabeça e começou a olhar em volta preocupada, como se num instante tivesse atravessado a cidade. Por todo o lado houve um pequeno sobressalto, todos sorriram, um ou outro riu baixo, olhámo-nos nos olhos com a cumplicidade de ter percebido o erro, houve uma pequena onda que percorreu as pessoas que ali estavam, da jovem estudante que tapava o decote embaraçosamente grande, à mulher (vendedora, talvez peixeira) com os pés enormes, angulosos, à cigana que se cobria e escondia de preto, ao professor com o computador no colo, ao homem de negócios que deixou de estar absorto no seu jornal...
Foi apenas um instante... passou...

terça-feira, julho 18, 2006

Adeus até Setembro

Passou. Veio a última aula da temporada, e finalmente o regresso ao formato de aula, sem forum de discussão, sem peça final, mas aula, pura e simples. Há alguns meses que não acontecia e já lhe sentia a falta. Começámos com partituras simples, um gesto, um movimento, tocámos paredes imaginárias, corpos ausentes que mudavam a textura, a côr, a temperatura.
Fomos estátuas, ansiosas por nos mostrarmos a um qualquer mercador de rua, fomos ansiedade de venda, de movimento.
Em seguida inter-relação com as partituras criadas até então. Não me foi fácil concretizar, o esforço de abstracção não foi bem conseguido, senti-me ridiculo, desconcentrei-me. A partir daí foi uma luta comigo mesmo para voltar ao passo, mas nem no improviso final consegui verdadeiramente concretizar aquilo que me foi pedido ao nivel que quero, que de certa forma me exigo.
Em Setembro acaba o workshop, espero até lá ter conseguido outro sítio onde possa contínuar a dar seguimento a este trabalho.

segunda-feira, julho 17, 2006

Fui... fomos... no Intercidades das 19h21 que afinal tambem parava em frente ao meu emprego. Fomos para dois dias apenas do adoçar de boca, de descanso, de praia, de sol, de mar, da imensidão de não fazer nada. Foi o primeiro passo na areia este ano, foi o prenúncio do que está para vir. O próximo fim de semana será igual... e o outro... até as férias comecem!

sexta-feira, julho 14, 2006

Na Vida Real

Se há figura de proa na música portuguesa, que atravessou décadas, modas, fados e estilos foi Sérgio Godinho. Editando o seu primeiro album Os Sobreviventes em 1971 foi, de todos os cantores de Abril, aquele que mais evoluiu, mais se adaptou, mais mudou, mantendo-se no entanto fiel à sua música, aos seus ideais, a uma coerência que permite conjugar canções com 30 anos de diferença, numa harmonia perfeita em palco. Só assim se explica o misto de público jovem que se encontra nos seus concertos com aqueles que o acompanham desde a sua estreia.

Na Vida Real, album editado em 1986, marca um momento chave de mudança musical, de um ciclo que se tinha fechado com Salão de Festas. Sempre muito marcado pelos arranjadores e directores musicais com quem se liga, encontra neste album uma sonoridade urbana, moderna, poderosa, onde se encontram alguns clássicos como Lisboa que amanhece ou Pode alguem ser quem não é?
Pessoalmente, uma das minhas favoritas e por vezes esquecidas é Isto anda tudo ligado, onde Sérgio, pela boca de uma criança por nascer, se interroga sobre o mundo que o acolhe. Um letra sempre magistral e um som marcante...

Por muitos anos que passem há verdades que nunca mudam...



MPR - 09\07\2006

Ela trazia a corpo voluptuosamente apertado nas curvas de uma saia demasiado vermelha e uns labios demasiado pintados. Chamava a atenção e sabia-o, fazia por isso. Andava com a confiança de quem coleciona olhares com a indiferença de uma menina que apanha pedras na praia para logo as devolver ao mar. Sofia tinha inveja, queria ter aquele corpo demasiado grande para a camisa, queria ter os seios perigosamente expostos no decote cavado, queria sentar-se a lêr um livro no banco da estação de comboios e fingir que não repara que ali ela era o centro dos comentários sussurrados dos adolescentes, das fantasias dos executivos e da libido dos velhos. Mas não podia. As dores roubaram-lhe a juventude, o tempo fugiu-lhe demasiado depressa, jogava xadrez como ninguem, mas não se soube defender da vida. Tímida, num vestido castanho largo até aos pés, dobrava-se a custo para apanhar um livro que lhe caira da pilha que trazia. Ali, na multidão, Sofia não era ninguem...

quinta-feira, julho 13, 2006

Quando o trabalho aperta o tempo escasseia e nem tudo é como normalmente.
Com as férias à porta a carga torna impossivel dispender a atenção necessária a tudo o que me rodeia...

quarta-feira, julho 12, 2006

De volta!

Voltei ontem ao teatro! Que saudades! Do espaço, das pessoas, das conversas, do sentimento livre de criação, dos temas, da expressividade!
Ontem o Thiago estava eléctrico, queria falar da peça dele (que parece estar a correr muito bem em termos de público), da experiência, do que ele próprio utiliza do curso que está a dar, das técnicas e truques. Falou-se de tudo, da encenação, dos ensaios, do trabalho de actor, do que é isso de ser actor, das coisas extraordinárias da vida, da energia criativa, pessoal, original, da vida e da postura que se tem perante ela.
Foi o regresso para a despedida. Antes de férias só mais uma aula e depois Setembro, intensivo para voltar ao mesmo trabalho que se tinha no início. Foi tambem um mudar de direcção, mais virado para as aulas, para o treino, para os exercícios em vez do enfoque na peça final, vamos felizmente a voltar a ter AULAS, que bem precisamos. Foi bom voltar... segunda dá-se um gostinho para o Verão... e em Setembro o esforço final...

terça-feira, julho 11, 2006

E pagam-lhes...

Esta história soube através de um outro blog, mas o primeiro single do novo album dos Red Hot, Dani California, é um plágio directo de uma música de Tom Petty intitulada Mary Jane's Last Dance. Torna-se inacreditável quando se ouvem ambas ao mesmo tempo. Deixo aqui o link para o programa de rádio que lançou a polémica. Vale a pena gastar uns minutinhos e ouvir...

segunda-feira, julho 10, 2006

Eu, tu e todos os que conhecemos

Quando a solidão se torna demasiado forte para suportar, quando a necessidade de se ter alguem faz com que soframos para além do possivel, com que nos humilhemos, que toquemos seja em quem for que se nos atravesse no caminho e entreguemos o coração sem perguntar nem comos nem porquês, o humor aparece. É desta busca de companhia, de amor, deste triste humor amargo de abandono que vive Eu, Tu e Todos os Que Conhecemos, longa metragem de estreia de Miranda July, que conta a história cruzada de um vendedor divorciado, dos seus filhos de uma artista que conduz um taxi para ganhar dinheiro, e de diversos personagens de um bairro onde a ânsia de amar e ser amado pulsa em cada esquina vazia.

Uma produção independente americana, uma comédia dramática que merece não passar despercebida.

sexta-feira, julho 07, 2006

Surpresa

De regresso a casa, de passagem pelo arco da Rua Augusta, reparei que um grupo de pessoas se juntavam em volta do que parecia ser uma performance de rua. Em vez de ir para casa lá fomos e entrámos no Festival Urbano Pedras D'Água, um evento organizado pelo C.E.M. - Centro em Movimento, que já existe há algum tempo e que está a ter o seu apogeu final de 26 de Junho a 7 de Julho, com diversos eventos espalhados pela Baixa, desde percursos pedonais, instalações de video, performances de teatro, música e dança.

Senti-me um pouco ridículo por não ter reparado que algo se passava quando vivo ali, mas ainda vou a tempo de apanhar o encerramento hoje.

Fica aqui feito o convite para algo que, segundo o pouco que vi ontem, apresenta um plano pluri-disciplinar bastante interessante.

Aqui podem ver o programa completo ou aceder ao site do C.E.M.

Apareçam... até logo...

Pseudo

Uma das coisas boas em ter aniversários na familia é a possibilidade de se conhecer novos restaurantes ou revisitar velhos conhecidos que estão normalmente longe das modestas possibilidades de quem começa a vida.
Ontem, pelos aniversário da minha mãe, fomos experimentar o Eleven, tido por muitos como um dos melhores restaurantes da cidade, os preços na carta pelo menos assim o indicavam.
Situado no topo do Parque Eduardo VII, tem uma vista que é verdadeiramente deslumbrante, e uma parede totalmente em vidro tira todo o proveito do espaço. A decoração é sobria, apesar de pontualmente deslocada, como a imagem gigantesca de um menino a chorar logo á entrada.
Desde o inicio que o restaurante começou a desiludir, as pequenas entradas não estavam brilhantes, até a qualidade do pão era banal.
A sopa não se destacava, a vitela estava bem confecionada, mas o sabor a pesto apagava os restantes e não era superior a dezenas de outras, até a sobremesa, mil folhas de dois chocolates (ainda hei-de perceber porque é que lhe chamam mil folhas) era igual à que se come em qualquer restaurante um pouco acima da média.

A questão não é que a comida fosse má, o problema é que para preços daqueles temos que ter uma experiência única, ninguem paga 25 euros por uma entrada que se come igual em qualquer lado.

Para melhor restaurante de Lisboa fica-se pelo pseudo, inclusivé em alguns pormenores que se tornam ridículos, como por exemplo o bacalhau vir acompanhado por 5 batatas e em seguida vir um empregado servir mais duas antes de se começar a comer, gesto este repetido por todos os pratos (eu tive mais um pouco de massa), o que nos deixa a perguntar porque carga de água não veio o prato servido desde a cozinha.

Duas horas e meia para acabar a refeição tambem não abonam a favor de um serviço médio.

Para a gama de preços, não é de todo recomendado.

quinta-feira, julho 06, 2006

Força Z.

Há momentos da vida que por mais preparados que estejamos nos apanham sempre de surpresa, e há pessoas de quem sentiremos sempre a falta passem quantos anos passarem.

A música desta semana é de um dos grandes senhores de sempre, um icon, Bob Dylan. Em 1973 ele gravou, no album Planet Waves este Forever Young, que se tornou uma das suas canções de referência em todo o mundo.

Vai com dedicação para uma amiga e companheira das lides de palco, que perdeu alguem muito próximo há bem pouco tempo.

Um beijinho Z.

quarta-feira, julho 05, 2006

A poupança

O cheiro inundava a casa, um misto amargo de queimado, com azedo, com um travo a gordura, era profundamente enjoativo. Ao entrar na cozinha tornou-se insuportável. Um esgar de nojo percorreu-me o rosto. Que foi isto?
O óleo do Jumbo, o bom óleo Auchan, novo, tresandava após fritar uns panados de frango. O cheiro nauseabundo espalhou-se por todas as divisões, colou-se à comida tornando-a impossivel de engolir.
Tudo para o lixo, óleo, almoço e o resto com uma lavagem profunda. Lixivia no lavatório para não restar rasto.

A poupança de alguns cêntimos no preço do óleo custou-nos a garrafa inteira, a comida, o trabalho e o cheiro entranhado nas roupas, nas equinas, no corpo.

Há mesmo que saber que produtos não comprar marca branca...

A Lula e a Baleia

Quando a geração do peace and love dos anos 60 chega ao poder e forma familia o descalabro da estrutura familiar começa.
A Lula e a Baleia, filme de Noah Baumbach, argumentista de The Life Aquatic With Steve Zissou, é um terno, provocante, dramático e hilariante retrato de uma separação numa familia intelectual americana em meados dos anos 80. Com Laura Linney e Jeff Daniels nos principais papeis, é a baseado na experiência pessoal do realizador (filho do escritor Jonathan Baumbach). Um filme arriscado desse ponto de vista, com uma visão agridoce, mas bastante crítica de todo o processo, que se torna um exemplo do fracasso da familia enquanto instituição, que se inicia naquela década: "Os teus colegas todos não têm os pais divorciados?"
A arrogância intelectual do pai, a devassidão da mãe, a sua própria falta de talento e plágio constante, e o descontrolo alcoólico do irmão mais novo, fazem parte de uma parafernália de confusas ideias, emoções e sensações que acarreta toda a experiência.
Vencedor do prémio para melhor realização e melhor argumento em Sundance, A Lula e a Baleia tem sido premiado em diversos circulos, incluindo uma nomeação para o Oscar de Melhor Argumento Original e 3 nomeações para os Globos de Ouro.

Um pequeno filme independente que prova uma vez mais que o cinema americano não se limita à idade mental de 4 anos, que está vivo, pulsante e capaz de surpreender.


terça-feira, julho 04, 2006

No meu prédio


São pedras, são madeiras, são cinco andares de uma existência que começou em 1777 (na altura seriam só três), ano de construção e que dura até hoje, com a varanda ao comprido, o quarto de vestir, as tábuas corridas de madeira, as portadas, o pé direito alto, a luz todo o dia, a pedra do forno na cozinha.
O primeiro andar no entanto é um caso à parte. Com uma entrada própria, ocupa todo o edificio, que tem normalmente duas casas por piso. Salão imenso, salas forradas a madeira, foi comprado por um arquitecto, jovem, que planeia fazer ali o seu atelier e residência.
Foi através dele que descobri, e mais tarde confirmei, que naquele prédio, naquela casa, naquele primeiro andar, trabalhou durante alguns anos Fernando Pessoa.

São 230 anos de vida de um prédio... com muita história... E são pormenores destes que acrescentam ao gozo de viver na Baixa...

segunda-feira, julho 03, 2006

Samaritana

Há uma adolescente, de sorriso ingénuo, que sonha ir à Europa. Há uma amiga, que a ajuda a prostituir-se para alcançar esse sonho. Há um amor jovem, intenso, puro. Há um pai, policia, viuvo, carinhoso, que desconhece completamente a vida paralela da filha. Há um clima tenso, de tragédia eminente, e uma beleza triste em cada passo. Samaritana, o último filme do coreano Kim Ki Duk (o mesmo que já nos tinha trazido Ferro 3) que ganhou o Prémio de Realização em Berlim.
Um exclusivo do Alvaláxia em Portugal, e merece a visita.