quinta-feira, setembro 28, 2006

World Trade Center

Pit stop em Lisboa para trocar de bagagens, de beijinhos e abraços com a familia.
Antes de ir deu tempo para ver World Trade Center de Oliver Stone, mais um filme sobre o atentado de 11 de Setembro (a seguir a United 93).
Depois de ver o trailer fiquei inquieto, parecia-me mais um filme a gabar o heroismo extremo dos americanos versus o horror do terrorismo. No entanto Stone nunca fez um filme consensual ou fácil, e nunca caiu no simples american way.
Erro... nota-se que acima de tudo este filme é um projecto encomendado pela indústria, provavelmente para se redimir do seu imenso flop com Alexandre - que custou uns exorbitantes 150 milhões de dólares. Não é o primeiro cineasta que tem que ceder aos fretes dos estúdios para poder filmar aquilo que quer, já Scorsese por exemplo, teve que fazer o Cabo do Medo para poder realizar A Última Tentação de Cristo, e saiu-se brilhantemente em ambos. Stone, que parece ter perdido o rumo desde Nixon em 1995, faz aqui um filme óbvio, previsivel, sem nada para dizer nem mostrar, com o melodrama forçado das familias dos presos nos escombros (que sabemos desde o inicio se safam), e pior que tudo chato, muito chato. No final já ninguem tem cabeça para aturar a choradeira e a banalidade do pouco que se desenrola à nossa frente.
Tem sido bem aceite nos Estados Unidos (já se esperava) e talvez lhe dê a oportunidade de continuar a filmar ficção e voltar ao nivel de qualidade a que já nos tinha habituado. Se assim for, valeu a pena o esforço...

domingo, setembro 24, 2006

Perfeição... não podia ter sido melhor... o sentimento, a cerimónia, a refeição, a dança, a alegria, os novos e velhos amigos. Primeiro dia do resto da tua vida... com direito a dedicatória, a abraços, a beijos, a sorrisos largos que pulam e estravazam o que nos vai na alma.
Para alem do sentimento geral descobri uma lição: por vezes não adianta puxar por quem não quer ser puxado, tive surpresas, muitas, quem apareceu e quem não, quem estava feliz, quem no fundo quer estar, sente falta e abraça.
E ao meu lado... brilhava linda e una, feliz como nunca, imensa na sua discreta aparição... como uma suave nota de música que, suspensa, nos encanta.
Por isso hoje não sou quem fui, marcado para sempre em mim, na pele, no corpo, na alma.

E tinha que mudar a música, porque todos fomos feitos para brilhar...

Últimos dias


Os últimos dias revestem-se sempre de uma particular importância, há um sentimento de closura, de fim de ciclo, normalmente uma tristeza pelo que ficou para trás, uma nostalgia familiar.
Na terça feira foi o último dia do workshop de teatro com o Thiago. Foram meses erráticos, por vezes sem rumo definido, com controversia e sobressaltos, mas onde aprendi muito, onde comecei finalmente a perceber o que é isso de representar, o que é isso de ser actor.
O Thiago é uma pessoa marcante, quem o conhece, quem fala com ele não o esquece, do alto do seu metro e noventa, voz grossa e sorriso contagiante, tem ainda a inocência de uma criança em muito do seu sonhar, e uma certeza no seu caminho, na sua arte, que fazem dele um apaixonado pelo teatro, um apaixonado pela vida. Essa paixão de viver, tentou ele transmitir-nos, fazendo com que não nos deixássemos afundar no lodo da mediania urbana. Se a semente teve frutos só o tempo o dirá.
Nesta última aula,filmada, iriamos representar um pequeno texto. O meu, retirado de uma peça de uma amiga, tinha um peso pela sua temática que me tolhia o gesto. Quando cheguei ainda estava o Thiago a trabalhar com o meu outro colega. Fiquei 10 minutos a fazer os últimos acertos. Depois lancei-me - ele ligou a camera e disse: vai Miguel, de uma vez. Fiz, com a paixão, as falhas e inseguranças que tinha. Quando acabei, à espera de uma direcção e mais ensaio ele respondeu apenas: está passado!
Abracei-o... última etapa ultrapassada.
Último dia... para um novo inicio e um aprofundamento ainda maior. Quanto ao Thiago, espero que os nossos caminhos nunca se descruzem.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Volver!

No meio do turbilhão dos dias tenho deixado passar alguns pontos que seriam de importância fulcral noutras alturas. O cinema por exemplo.
Mesmo assim ainda houve tempo para ir ver o último filme de Pedro Almodóvar: Volver.
A mestria reconhece-se desde a primeira cena, hilariante retrato de um grupo de mulheres que, em grupo, limpam frenéticamente as campas de um cemitério durante uma ventania.
Estes dois temas, o humor e a morte, são pedra de toque para um filme que não tem um dos elementos mais marcantes do realizador: a homossexualidade.
A força das imagens é marcante Penélope Cruz revela-se - a quem como eu ainda o não sabia - como uma actriz imensa, os personagens são humanos, frágeis e muito bem trabalhados como habitualmente, o sentido de humor está lá, mas apesar de tudo este é um filme menor de Almodóvar. As emoções são varridas pelo vento de uma forma ligeira, talvez ligeira demais para as temáticas abordadas, e a própria história parece mais um aglutinar de boas ideias sem um desenvolvimento muito coerente ou aprofundado.

Está, ainda assim, vários furos acima da média que se pode encontrar nas salas.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Cronologia dentro do carro

7:40 - Baixa
7:45 - Restauradores
7:50 - Marquês de Pombal
7:55 - Saldanha
8:00 - Campo Pequeno
8:05 - Av Republica
8:10 - Campo Grande
8:15 - Av Padre Cruz
8:20 - Lumiar (intenção de regressar para Entrecampos)
8:25 - Lumiar
8:30 - Lumiar
8:35 - Lumiar
8:40 - Lumiar
8:45 - Lumiar
8:50 - Lumiar
8:55 - Lumiar
9:00 - Lumiar
9:05 - Lumiar
9:10 - Lumiar
9:15 - Lumiar
9:20 - Lumiar
9:25 - Lumiar
9:30 - Lumiar
9:35 - Lumiar
9:40 - Eixo Norte-Sul
9:50 - Telheiras
10:00 - Sta. Maria
10:10 - Entrecampos

Só me apetece esganar aqueles %&!$#/!#%$&!#%&(/!%/&#%$!/& dos gajos do Metro!

(eu sei, eu sei, a greve é um direito e das poucas formas de luta dos trabalhadores, mas estive 2 horas e meia parado dentro de um carro, ainda estou a descomprimir)

Hoje é o primeiro dia de Outono... acho que se nota...

quarta-feira, setembro 20, 2006

Tudo acontece!

Ontem à tarde caiu a bomba: golpe de estado militar na Tailândia!
Daqui a cinco dias estava marcada a viagem para Banguecoque onde iria começar uma visita de duas semanas pela Tailândia e Camboja. Cinco dias... não podia ter sido antes...
Passo seguinte desmarcar a viagem e marcar outra (que fosse possivel em 5 dias).
Best Travel da Rua da Prata, fala com o operador turistico, fala com a KLM... Os voos para a capital tailandesa mantêm-se logo para desistir pagamos! MUITO!
Falo com a Deco, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Instituto Nacional da Aviação Civil, com advogados, com a parva da telefonista da KLM, com a embaixada da Tailândia em Portugal, leio todas as noticias e jornais possiveis e o resultado é sempre o mesmo. Ou vou para um pais com lei marcial, onde a constituição, o parlamento e o tribunal constitucional foram suspensos, controlado por militares com tanques na rua, onde não se sabe o que pode acontecer amanhã, numa viagem pelo meio da selva para sitios onde nem telemoveis há para contactar, ou desisto e perco um balúrdio inacreditável de dinheiro.

E não há nada nem ninguem que me possa valer, para receber o meu dinheiro de volta numa situação que escapa ao meu controle e onde a companhia aérea não teve gasto nenhum, salvo o papel de imprimir os bilhetes.

Ainda falam de justiça...

terça-feira, setembro 19, 2006

Domingo à noite não foi de todo a melhor data, dormi apenas 4 horas e fiquei de rastos o resto da semana. Mas, visto que nunca quis despedidas de solteiro um jantar com um pequeno grupo de amigos era o mais indicado. Por diversos motivo ficou domingo, estando logo entendido que seria algo para acabar cedo. O problema aqui, como sempre, é a conversa. Quando a lingua se solta tudo se estende.
Custa... mas gostei muito.

Agora são os últimos preparativos, as trinta mil coisas que faltam para que no sábado tudo corra bem...

Falhou... falhei


Penúltima aula do workshop de teatro, texto.
A responsabilidade era grande, afinal ia lêr um texto já encenado, e há bem pouco tempo, felizmente nenhuma das três pessoas que lá estavam tinham lido o original. O Nuno levou outro texto e cada um trabalhou o seu.
Em primeiro lugar o texto não estava decorado, no fim-de-semana não houve tempo para tal, mas o Thiago já o sabia e não o tinha pedido. Foi lido uma ou duas vezes e passou-se rápidamente para uma espécie de encenação. Não consegui, não senti nada, não saiu bem, fui canastrão e completamente forçado. Tinha apenas 4 horas de sono essa noite é certo, e tenho estado cansado, mas não sei se foi disso, se foi da pressa na aula, ou se pura e simplesmente não estou preparado.

A verdade é que nesta última aula falhei, redondamente...

segunda-feira, setembro 18, 2006

Ele revela-se


Há momentos em que um grande professor se revela. Na aula de sábado aconteceu com o Thiago.
Partituras, partituras, sempre as partituras, para a emotividade, para sairmos de nós mesmos, para uma representação mais intensa, sem ser apenas uma repetição do que já se conhece.
No sábado tivemos nós que as criar (afinal como actores temos que ser nós a resolver as situações). Assim foi, propusémos, desenvolvemos. A seguir conflito. Imaginar uma situação e utilizar ali essas partituras. A criatividade estava perra, a situação banal, pai e filho, discussão e pouco mais. Fizemos... pobre.
Entra o Thiago - numa situação de conflito não existe só um sentimento (raiva) mas vários. Não vão para o óbvio, um pai ama um filho, sente raiva, ternura, medo, sente um conjunto de coisas diferentes.
Mudámos... melhorou.
De novo o Thiago - limpem as partituras, se elas existem têm que ser claras, o movimento do corpo preciso.
Terceira tentativa
Thiago - Não desmanchem, quando fazem uma partitura têm que a manter enquanto o outro fala. Representar é acção, têm que estar sempre em acção.
Quarta...
Thiago - durante o movimento e a deslocação as partituras têm que ser utilizadas, não existe o falar e agir e depois o mover,tudo tem uma continuação, tudo precisa de intenção...

Foi abissal a diferença entre a primeira e a última tentativa, é este o trabalho de um director de actores, não dizer mexe-te daqui para ali, faz mais feio ou mais irritado, mas dar os toques para o actor resolver, no sábado ele mostrou-se..

É uma época de festa e de mudança, portanto não consigo por aqui música que não seja bem disposta. Esta é composta por Randy Newman (conhecido por fazer música para diversos filmes como James And The Giant Peach e Monsters Inc), que foi 15 vezes nomeado para um Oscar, sem no entanto nunca ter levado uma estatueta para casa (um recorde que preferiria decerto não possuir).
A música de hoje é Mama Told Me Not To Come na versão dos Three Dog Night...

Um bom inicio de semana...

sexta-feira, setembro 15, 2006

Já não há pachorra para um ambiente saturado de comentários sexistas, xenófobos, racistas, misógenos e homofóbicos!

Eu preciso mesmo de mudar de ares...

quinta-feira, setembro 14, 2006

Desabafo

Tinha 17 anos quando escolhi o curso que iria marcar toda a minha vida, porque na verdade, sejamos honestos, entre sono e trabalho gasta-se dois terços do dia.
A escolha foi a errada e agora ando a tentar compensar com aulas e com a procura de um local onde me sinta realizado...

É estranho como com esta idade já me sinta velho para fazer algumas coisas...

quarta-feira, setembro 13, 2006

O aluno-professor

Afinal não era nada!
Nem a ausência, nem as coisas a fazer, nem o facto de rumar ao Chapitô em Outubro, a aula de segunda-feira não foi brilhante... porque nem todas as aulas o podem ser.
Ontem o figurino mudou. Na segunda das cinco aulas que vou ter em nove dias tudo começou com uma troca de posições. Quem deu a primeira meia hora de aula fomos nós. As partituras como base, mas curiosamente nem eu nem o meu colega fomos tão abstractos como o Thiago. Exercicios diferentes com resultados semelhantes. A seguir... improviso! Várias situações, vários exercicios, sempre a dois, comédia, drama, agressividade, amor, desilusão, violência, tristeza, tudo foi explorado. Do meio da naturalidade da representação a partitura, como quem pára a meio de um movimento para um sonho, como um sublinhar de uma emoção, de um sentido.
Foi uma grande aula, e abriu, talvez, a perspectiva de continuar a colaborar...

terça-feira, setembro 12, 2006

Pode ter sido da ausência prolongada, ou do facto de estar neste momento a atravessar uma fase em que tenho muito em que pensar, talvez seja porque eramos apenas dois alunos ontem, ou talvez seja porque, em termos de teatro, o meu futuro não passe por aqui, mas o regresso às aulas não foi o mais auspicioso.
Foi bom rever o Thiago, foi bom regressar, mas sinto que tenho a cabeça noutro lado.
Voltaram as partituras, mas desta vez com meia hora de desenvolvimento e repetição livre. Meia hora a utilizar as mesmas partituras, sem nenhuma direcção, nem texto, nem sentido, apenas para conseguir fluir as emoções e corporalizar os sentimentos. Foi dificil aguentar tanto tempo, mas foi tarefa ultrapassada.
Foi tambem o retorno ao texto, ao brincar com as palavras, os sentidos, usar cada uma delas como se existisse por si só.
Foi uma boa aula... mas não consegui atingir aquilo que já atingi no passado, é um fecho, em Outubro haverá um novo amanhecer.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Hollywood Madness

Maio de 2007 vai ser um mês inédito em termos de lançamentos cinematográficos. Dia 4 de Maio desse ano estreia nos Estados Unidos Spider-Man 3 a última instalação na famosa série adaptada da BD, realizada por Sam Raimi (Evil Dead) e com Tobey Maguire no principal papel. Nada de extraordinário seria não fosse o facto de a 18 do mesmo mês estrear Shrek The Third, terceiro episódio dos filmes de animação com o famoso ogre verde. A 25 de Maio sai Pirates of The Caribbean: At World’s End, que termina (pelo menos assim parece) a saga do Capitão Jack Sparrow, o mais famoso personagem de Johnny Depp.
Nunca, em toda a história do cinema se viu um mês como este. Para além da particularidade de se estrearem três “parte 3” é um mês com três mega-blockbusters. Para se ter uma noção do que se está a falar os dois filmes anteriores do Shrek renderam em conjunto 1404 milhões de dólares no mundo inteiro, os últimos dois Spider-Man renderam 1604 milhões e os primeiros Pirates of the Caribbean fizeram uns colossais 1657 milhões de dólares.


São valores inacreditáveis, podendo cada série contar com filmes que quebraram recordes de bilheteira à sua estreia.
O motivo pelo qual nunca se estrearam dois filmes desta envergadura no mesmo mês (nenhum Harry Potter coincidiu directamente com nenhum Senhor dos Anéis por exemplo), é que para se atingirem valores desta grandeza é preciso tempo e espaço. Para começar é preciso criar atenção mediática, ter as revistas, as televisões, entrevistas, posters, os bloggers a falar do filme. Em segundo lugar é preciso espaço de sala. Não se fazem 800 milhões de dólares num filme com meia dúzia de cópias, tem que se estrear nos EUA com 4000 cópias. Depois é preciso dar tempo para que toda a gente veja o filme, tê-lo em cartaz semanas a fio, para que possa acumular resultados destes.
Com 3 filmes assim uns em cima dos outros a atenção mediática é dividida, as salas não aumentam e portanto não se consegue distribuir as cópias que se quer e o tempo em sala diminui porque estão lá os outros para fazer frente.
O resultado final pode ser catastrófico para os estúdios que afirmam ir um dos três filmes ser um fracasso colossal, mas, obviamente, não o seu.
Pessoalmente estou curioso, não tanto pelos filmes (não gostei do segundo Piratas e sempre achei os filmes do Homem Aranha um pouco chatos), mas pela guerra de box-office única. Sinceramente não percebo a necessidade de estrear os 3 filmes no mesmo mês, não entendo esta estratégia, mas há muito que deixei de entender Hollywood, que está a entrar numa espiral de loucura sem precedentes. Basta olhar para os custos dos blockbusters. Em 1996 Spielberg fez o maior êxito até à data Parque Jurássico por 63 milhões de dólares. Em 1997 Titanic custou 200 milhões e o medo foi tal (por causa do custo exorbitante) que a Paramount vendeu metade dos direitos à Fox para evitar a falência (o filme acabou por ser a maior bilheteira de todos os tempos). Hoje em dia o filme Superman Returns custou 270 milhões, gastou-se 40 milhões antes de se ter filmado um minuto de película e foi o terceiro filme só em 2006 a ultrapassar a barreira dos 200 milhões de orçamento. Acima dos 100 já lhes perdi a conta.
Está a atravessar uma fase louca a indústria de cinema americana, sem ter uma explosão de inovação ou iventividade. 2007 pode ser o ano do colapso.


sexta-feira, setembro 08, 2006

Son of a preacher man

Son of a Preacher Man foi gravada originalmente por Dusty Springfield em 1969, após ser recusada por Aretha Franklin, tendo sido o seu maior êxito até hoje. O sucesso fez com que Aretha reconsiderasse e a gravasse em 1970. Até à data foi gravada por mais de 20 artistas, com Nancy Sinatra ou Janis Joplin.
Fez o seu regresso como a banda sonora do brilhante Pulp Fiction. É a música escolhida para esta semana, aliás a segunda retirada de filmes de Tarantino.

quinta-feira, setembro 07, 2006

Lá vem etiqueta!

É tipo virus que percorre a blogosfera e a mim apanhou-me sem vacina, nem aspirina, nem sequer um lenço para assoar o nariz...

"quando fores etiquetado tens que escrever seis informações aleatórias sobre ti. depois escolhes seis pessoas para etiquetar e lista os seus nomes."

Vamos lá às etiquetas:


Blue Label - Sou muito ligado às pessoas de quem gosto, e bastante protector das mesmas, sejam amigos ou familia.


Gold Label - Adoro cinema, teatro, literatura, música. Adoro assistir, participar, criar, conhecer, tudo o que tenha a ver com artes.


Green Label - Adoro viajar. Hoje e sempre, mala feita e siga caminho!


Black Label - Adoro conversar e debater ideias, falar muito... às vezes até demais...


Red Label - Sou teimoso, pronto, sou mesmo, o que tambem se pode dizer... sou convicto... e ninguem teima sozinho!


Drunken Label - Posso ser muito preguiçoso quando tenho uma tarefa que detesto (vide as minhas idas ao ginásio).



A minha máquina de etiquetas avariou-se... fica por aqui, outros que carreguem o facho.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Há dias em que me sinto profissional do sono. Não do adormecer, acto puramente transitório, nem do sonhar, delirio incontrolável da mente, mas do dormir. Do saborear o prazer da entrega do corpo à dormência do espírito, ao doce resfolegar dos lençois quando, suavemente, me mexo para os não incomodar. Da entrega ao silêncio, ao vazio dos olhos que são a janela da alma e, como tal, guardam serenamente uma alma despovoada de preocupação, de emoção de cansaço. O breu. Apenas a escuridão que me toca a pele, que me conforta e embala o poisar, que não me conta as histórias de um mundo acordado lá fora, de uma imensidão de gente que gira e lufa num corropio tão distante de mim como os longos salões do Olimpo onde os deuses descansam.

Hoje é um desses dias, em que o sono para mim é tão concreto e tão remoto como uma miragem...

terça-feira, setembro 05, 2006

Sexta à noite, ensaio com público. A peça baseava-se num livro que tinha partido de um blog: Cartas a Mónica. Primeiro problema - encontrar o local, Alfornelos não é a minha zona, mas felizmente fui munido de um mapa que se revelou... inútil. Sorte ir acompanhado de quem possui um bom sentido de orientação e que já passou algum tempo por aquelas bandas.
Chegámos. Entre amigos e convidados talvez fossemos vinte pessoas, razoável para uma sala que tem setenta lugares. Juntámo-nos ao autor do livro (e do blog, mas não da adaptação teatral), à namorada e a um amigo que começa agora nas lides da realização de cinema e que vai fazer um vídeo que será projectado na versão final da peça. O bar era simpático, o atraso passou sem problemas ajudado pela conversa agradável.
O Teatro Passagem de Nível, pelo que percebi, existe desde 1981, mas esta peça é feita quase na sua totalidade por estreantes. Foi um acto corajoso adaptar estes textos a palco, e à primeira vista tudo parecia bem encaminhado. Conseguiram construir uma narrativa coerente, não se alongaram em demasia, tinham os papéis decorados e repetidos, o cenário era simples mas eficaz, com pormenores interessantes. No entanto os actores falharam redondamente. Sem um pingo de emoção, monocórdicos, repetitivos, completamente perdidos, com uma prestação capaz de arrepiar, não conheciam os seus personagens, moviam-se como se tivessem cordas e fossem comandados de fora. Tudo era forçado, desinspirado, mau. O texto, carregado de emoção, de variações, de sentimento, foi totalmente desaproveitado, assassinado mesmo.
No final mesa redonda para discutir a peça. Colocaram-se os intervenientes em palco, como se aguardassem por um pelotão de fuzilamento. Dada a sugestão, mudámo-nos para o bar, onde o clima era outro e o ambiente muito mais fresco (o calor da sala era quase insuportável).
O grupo é sem dúvida esforçado e tentámos não ser demasiado crueis. As críticas e sugestões sucederam-se, a conversa acabou por ser mais fluida do que pensei, e as honras da casa ficaram-se pela minha amiga e por mim. Falámos muito, explicámos o que pudemos, tentámos ajudar. No final, vieram agradecer-nos por aquilo que dissemos. Foi uma sensação estranha alguem vir dizer obrigado depois de estarem mais de uma hora a ouvir dizer mal de um trabalho que já tem 10 meses.
Têm uma semana para corrigir... precisavam começar de novo, precisavam de um curso inteiro com um bom professor e mesmo assim não garanto. Precisavam de ultrapassar as barreiras, a fobia do corpo e do contacto, estudar o personagem, entrar em contacto com uma emotividade ausente e deixar fluir. Mesmo assim não sei como evoluiriam, na verdade, ao contrário do que por vezes se pensa, nem toda a gente consegue ser actor.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Paradise Now

Paradise Now é uma co-produção Francesa, Alemã, Holandesa e... Palestiniana. Foi apresentado como o primeiro filme palestiniano. Foi premiado em Berlin, venceu o Globo de Ouro para melhor filme estrangeiro e foi nomeado para o Oscar da mesma categoria pela Palestina. Estes dois últimos levantaram uma questão interessante, a Palestina na verdade não é um país. Legalmente a co-produção não é com a Palestina mas sim com Israel. Como para os Óscares só pode concorrer um filme de cada país e Israel já tinha o seu nomeado, houve ali um fait-divers.
Paradise Now acompanha 24 horas na vida de um bombista suícida palestiniano e é, desse ponto de vista, um caso único, que nos dá um inside-look num mundo e mentalidade que nos é completamente estranha.
É um filme tenso e cativante, de uma angústia comovente, mas que perde um pouco o nervo e o rumo durante meia hora, vagueando por argumentações e momentos que podiam ter sido introduzidos dentro do drama inicial de uma forma mais inteligente. Criticado por ambos os lados por não tomar nenhum partido (apesar de crucificar mais os israelitas que os palestinianos) é uma obra interessante, sem ser apaixonante, mas que merece um olhar atento.


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sexta-feira, setembro 01, 2006

De um abandono, um sentimento privado, uma conversa pública, um blog, um livro, uma peça. Sobe de dificuldade... o acto em si é absoluto, imenso, e o sentimento sempre puro e profundo. As palavras são, no entanto, traiçoeiras. Limitam, reduzem, banalizam - o espaço, pouco nobre, desculpa se o mérito for limitado. O livro ganha outra nobreza e, como tal, outra exigência, outra atenção, os deslizes aqui não são perdoados. A peça... situação crítica máxima. As restrições acumulam-se e a técnica apura-se, já não existe o refúgio da mente, nada se resguarda, nada se esconde, é a concretização física e absoluta da emoção, é fatal para quem não sabe, é a interpretação máxima e a mediocridade torna-se dolorosa.

Hoje vou ver o ensaio com público de uma peça, que se baseia num livro, que parte de um blog. A seguir uma mesa redonda para discutir o resultado final. Vou a medo...