domingo, dezembro 25, 2005

Noite de consoada

Visita da praxe à familia. Do mal o menos, vivem apenas 5 andares abaixo, o que evita grandes deslocações, e permite as saidas oportunas, como a que acabei de fazer, enquanto lá em baixo o ruido continua elevado.
Primeira surpresa da noite, éramos 13 à mesa. A mim tanto me faz como me fez, mas foi motivo de algum burburinho e de se colocar o 14º prato, que seria o do menino Jesus - parece-me um pouco precoce um recem-nascido com prato à mesa, mas seja, não se vá atrair o azar.
Os meus seis sobrinhos - emprestados das minhas primas que sou filho único - tinham preparado comme d'habitude uma representação. Desta vez era ipc-orpc-urps, como lhe chamava a Madalena de 4 aninhos, ou hip-hop para o comum dos mortais. Fiquei boqueaberto, a música de revolta dos gangs negros sub-urbanos e pobres dos States, eram agora tema de performance para um grupo de miudos branquinhos e de olho claro dos 8 aos 4.
No final do jantar começa o espectáculo, com coreografia e tudo, até que a minha sobrinha mais velha - 8 aninhos apenas - tira o casaco revelando um top preto que lhe tapava 1\4 do corpo. Espanto na sala, mas a miuda achava aquilo giro e não faz puto de ideia porque é que as mulheres ou adolescentes usam tops daqueles. É o efeito Morangos com Açucar a dar frutos da pior maneira possivel. O ipc-orpc-urps acabou com um vôo da Matilde em direcção à esquina da mesa e uma choradeira acalmada pelo colo do avô, que lhe fez lembrar que afinal ela é mesmo ainda uma miuda pequena.
Chega a meia-noite e é a loucura dos presentes, 6 miudos rasgam vorazes as pilhas que, para facilitar a distribuição, foram feitas para cada um. Descobri que o que interessa não é a prenda mas o embrulho e o acto de o abrir, executado com a mestria de centenas de repetições. As prendas sucediam-se a um ritmo vertiginoso e skates ou calças tudo levava a mesma atenção - nula - e rapidamente era esquecido. Acabaram-se os montes com uma prestesa inusitada e incalculada dado o tamanho inical das pilhas...
E assim vai o mundo. Refugiu-me de novo em casa e espero por amanhã...

sábado, dezembro 24, 2005

24 Dezembro


É vespera de Natal, e eu ainda por cá ando. E como é uma época festiva familiar resolvi vestir a roupinha que não sai do armário o ano inteiro, camisa às riscas azuis por dentro das calças, sapatinho vela, camisola de lâ aos losângulos cinzenta e azul... Pareço um betinho inglês imbuido do espírito natalício... E lá vai a troca de prendas, o jantar com os milhares de familiares, os sorriso forçados, os putos histéricos ao receber brinquedo após brinquedo...
E na TVI um filme apropriado à quadra, Comando com Schwarzenegger onde o nosso heroi se chama Matrix (!) e repete a sua frase favorita "I'll be back!" - Ai a época dourada do Cinema!
Meu Deus...

Corpse Bride


O peso da expectativa era quase insuportável, o último devaneio de Tim Burton estava prestes a chegar na linha de outras obras notáveis, nomeadamente The Nightmare Before Christmas ou o sub-valorizado James and the Giant Peach. A grande novidade é que,ao contrário dos anteriores, este Corpse Bride tinha Tim Burton directamente ao leme, co-assinando a realização.
Para mais esta aventura Burton contou com a colaboração de velhos amigos e parceiros artísticos, como Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Albert Finney ou Danny Elfman. São quilos, toneladas de talento que escorrem pelas paredes, os actores (as suas vozes) são impecáveis, os cenários delirantes, os bonecos de um desenho soberbo, a música como sempre fantástica, a luz é de uma perfeição extrema e tudo filmado com o génio, a irreverência, o humor,o toque de loucura de um inspirado Tim Burton. Onde o filme falha é incrivelmente na história. Apesar de contar com um trio de escritores onde se incluem John August - que já tinha co-escrito outros projectos do realizador como o soberbo Big Fish - e Caroline Thompson que tambem já tinha colaborado na obra-prima Edward Scissorhands, o argumento é muito fraco. Uma história com uma ideia base interessante - o casamento acidental de um homem com um cadáver apaixonado - bem desenvolvida ao nivel do ambiente e dos personagens, mas que se resolve de uma forma previsivel e com a complexidade de um miudo de 5 anos. Pequena, dura apenas uma hora e um quarto, parece escrita por um grupo banal e concretizada com pressa, apesar dos vários anos que o projecto demorou a ficar pronto. É pena ver tanto talento num projecto tão pouco capaz.
Mas esse talento merece por si só o bilhete, o filme vê-se com agrado e uma viagem à mente brilhante deste criador é sempre meritória.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

CHEGOU!!!!

Já chegou o meu sofá da sala!!!! E a minha modesta habitação na Baixa de Lisboa, naquela rua que está sempre carregada de carros - principalmente agora nesta época festiva - e que dá acesso à "odiada", começa finalmente a estar ocupada... É sem duvida alguma o mais bonito sofá que alguma vez foi fabricado, lindo, confortável, maneirinho, com um tecido incrivel, muito bem escolhido e que bate mesmo bem com o raio das paredes... O problema destas coisas é que quanto mais se tem mais se nota a falta do resto! Ele é as cadeiras, a mesa, os quadros, o móvel (baixinho) para pôr em frente ao dito sofá, ele é o escritório que está vazio, os apoios de cama, o espelho de pé, as molduras para os Toulouse-Lautrec (não são originais, mas gravuras que um gajo é pobre pois claro...), as fotos para o escritório, a mesa de tampo de vidro... E cada vez me parece mais vazia...
Mas devagarinho, mesmo assim, vai-se compondo...

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Merry merry e happy new e etc pronto vá...


Já está! Ontem consegui a prenda da minha mãe, hoje acabei tudo o que tinha para fazer para os Canais - passo a publicidade mas o Natal do Premium é bombástico - e só me falta um toque final para a prenda da Ana, mas se não arranjar não é grave, era só um toque mesmo.
Vou de férias, só volto a trabalhar no dia 2 de Janeiro - ah pois é! - e não tenho a certeza que volte aqui antes disso. Portanto, e para prevenir, fica aqui o Feliz Natal da praxe e um Grande 2006 para todos!

E parafraseando um blogger daqui do lado: Dika da minha estante:

It's A Wonderfull Life
De: Frank Capra
Com: James Stewart, Donna Reed & Henry Travers
O filme perfeito de Natal principalmente para quem deixou de acreditar...

"You see George, you've really had a wonderful life. Don't you see what a mistake it would be to just throw it away?"
"Everytime a bell rings an angel gets its wings..."

Sucessão


A história já vem longa e o jantar de bloggers já está para ser marcado há dois meses - não vou pôr agora os links para os posts todos, quem quiser que vá procurar. Com o Presidente e (grande) autor a tomar conta da iniciativa larguei a organização. Agora, devido a circunstâncias superiores à sua vontade, o Jota resignou, sendo eu nomeado para Presidente da AJBNTMNFETO (Associação dos Jovens Bloggers que Não Têm Mais Nada que Fazer que Escrever Textos Online), com a Mary Mary como second in command.
Como tal e após a cerimónia de tomada de posse elejo como prioridade da nova administração a marcação do esperado jantar. Como atravessamos a época das festas, deixo para o início de 2006 a realização do evento.
Será feito! Desta é de vez!

O corpo dos outros

Ontem fiz a minha primeira aula de yoga a pares. O João (que é o instrutor) resolveu juntar-nos dois a dois e fizemos a hora toda assim. Fiz parelha com uma rapariga que apenas conheço de vista e que nem sei o nome. De repente agarrava-lhe nos braços, colava o corpo, seguia as instruções de "juntem as nádegas às do vosso parceiro". Mas o que mais me fez confusão foi estar aquele tempo todo de mão dada. Precisava de agarrar na rapariga para todos os exercicios e a primeira instrução era sempre dêem as mãos. E ali ficavamos de mãos dadas a ouvir o que ele dizia. Era esse o tempo que me fazia confusão , porque enquanto se puxa e se estica tudo bem, agora o ficar de mão dada, calmos, parados em frente um do outro, foi estranho. Chamem-me tacanho, mas eu só costumo dar as mãos a pouquissimas pessoas. Uma ou outra amiga particular, a minha mãe e a minha namorada compõem a lista completa. Dar as mãos, por mais banal e vulgar que seja, é um acto de intimidade, até de algum carinho, principalmente quando se está quieto, parado, sem fazer força - no caso de se fazer força é apenas agarrar nas mãos e não dar as mãos...

Na aula de Yoga de ontem fiquei a pensar nos limites do meu corpo (que não estica como devia) mas tambem nos limites que impomos aos corpos dos outros e aos espaços invisiveis que são nossos e nos seguem para onde vamos...

Misticismo agora à parte...

Ontem foi o solestício de Inverno, o dia mais curto do ano e a mudança de mais uma estação. Eu que deixei passar o marco, estava à espera de sentir algo diferente, numa das poucas datas mi(s)ticas que ainda existem, mas ontem foi apenas mais um dia...

Eu nunca acreditei no Pai Natal, nunca me disseram que existia e eu nunca perguntei. Quando contei isto a uns colegas responderam-me que isso explicava o facto de eu “ser assim”... Aí está uma verdade indiscutivel, eu sou “assim” seja lá isso o que for, e muito honestamente não vejo qual é a grande vantagem de se acreditar no gordo da Coca-Cola. Não me venham com a treta da inocência da infância, que se é para ter mitos então prefiro acreditar em fadas, ou bruxas, em amigos imaginários ou duendes no esgoto dos WC públicos...

quarta-feira, dezembro 21, 2005


Para a semana estou de férias e soube hoje que sexta... TENHO FOLGA!!!

Presidenciais: Round 10 - Soares vs Silva


Sim, passei por cima dos rounds 8 & 9, mas tambem não os vi e já estava farto de posts a dizer "não vi, não sei..."
Este era o mais esperado debate dos 10 entre dois dos maiores dinossauros da politica nacional, com tudo o que isso tem de positivo e negativo. Soares foi, como se esperava, agressivo. Tem uma desvantagem significativa para o Silva em termos de intenções de votos e precisa ganhar terreno desesperadamente. Em parte conseguiu o seu propósito, mas sem noção dos limites. Mostrou - como se isso fosse novidade - que o Sr. Silva é um homem limitado, sem visão global do País e do Mundo, sem capacidade de raciocinio para além do pequeno quadrado financeiro onde se insere. É curto, tacanho e inexistente para alem das limitadas competências técnicas. Isso é grave para um Presidente da República, que precisa de uma compreensão aprofundada da realidade e de uma capacidade de concertação e arbitrio entre as diversas instituições. Desmascarou algumas das demagogias do Sr. Silva e expôs para qualquer um vêr as fraquezas do seu magro raciocínio.
No entanto Soares em alguns momentos perdeu a noção dos limites, da elegância, chegando a um ponto do quase insulto, com um paternalismo despropositado, a que o Sr. Silva não soube reagir, tolhido nos movimentos como um aluno perante um professor.
Acabaram os debates, pausa para Natal, veremos o que sucede em 2006...

terça-feira, dezembro 20, 2005

Porcelana


Ontem lá estive a conhecer a terceira familia no jantar da Joana a quem demos um anjo e um demonio para lhe guardar os queijos e sopas. Que sucesso fizeram aqueles home-made e muito orgulho tive em fazer bolinhas e dar ideias, porque a minha destreza manual não dá para muito mais.
Quando a meio da noite vi uma montagem (bem interessante por sinal) o meu olhar prendeu-se numa boneca de porcelana. Fiquei parado e deu-me aquela vontade de escrever, como uma ânsia que me percorre os dedos. Papel não havia, mas improvisado um talão só para resgistar no verso do café e da Super-Bock as linhas gerais da história que se formava na minha cabeça (com banda sonora, ângulos de câmara e tudo como sempre).
Frenético, numa letra que nem eu mesmo consigo decifrar assentei o que me vinha e as dúvidas que me assolavam – quem é a menina, o que lhe aconteceu, que passado tem para contar??? – para no fim ma bater com força. Isto parece o The Portrait of Dorian Gray revisitado. Merda, que de Oscar Wilde não tenho nada...
Desisto, ideia para o lixo... Ou talvez não... similar mas inverso na forma, é contudo distinto no seu conteúdo. A história é outra, a vida é outra e a transferência é inclusivé a inversa, a beleza para as obras e não o contrário... As referências estão lá, são mais que óbvias, mas não são mais que referências. Tenho que desenvolver este argumento para vêr como sai.
O meu problema é sempre o mesmo, muitas ideias e pouca concretização, a começar pela nossa monga-lésbica-desléxica-atrasada-infantil- incestuosa moça não é Martinha? (que não lê quase este blog, mas seja...)Preciso que me amarrem e me obriguem a escrever. Preciso conhecer melhor as técnicas... Preciso até de um curso de escrita criativa, ou escrita de argumentos para principiantes... Módulo I – para se ser um bom escritor é preciso ESCREVER! E eu que não aprendo...

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Kong!


Estreou na passada quinta feira o tão aguardado re-remake King Kong de Peter Jackson. Com um custo de produção de 207 milhões de dólares, um valor desmesurado mesmo pensando ao mais alto nivel da indústria (O Senhor dos Aneis - A Irmandadade do Anel custou 93 milhões, Guerra das Estrelas Episódio III 113 milhões e o último Harry Potter custou 150 milhões).
O filme é desiquilibrado, toda a primeira hora passada em Nova Iorque nos anos 30 é muito boa, visualmente poderosa, os pormenores são fantásticos e a construção dramática coesa. O problema aparece quando Kong rapta a sua bela (Naomi Watts) e desaparece na selva. Assiste-se a uma orgia de efeitos especiais e sequências de acção (dinossauros, insectos gigantes e outros seres que tais), desfilam ininterruptamente justificando as três horas de filme e o custo. No entanto dramáticamente são redundantes e alongam o filme de uma forma desnecessária.
Seja como for, a abordagem à relação entre Kong e a sua amada é inovadora, o animal tem pela primeira vez verdadeiras emoções humanas, expressões, sentimentos. Peter Jackson tinha um excelente filme de duas horas e transformou-o num filme razoável de três.
Merece, mesmo assim, um visionamento numa sala que potencie o espectáculo...


Ontem conheci a segunda metade da minha familia...

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Aos dois meses...


Há uma menina com menos de dois meses que foi abusada e violentada pelos próprios pais. Uma menina que já tinha ido parar diversas vezes ao hospital antes e que não foi retirada aos progenitores. Com menos de dois meses.
Aos dois meses as crianças estão a aprender a usar o pescoço e os ombros, começam pela primeira vez a salivar e a meter as mãos na boca, já tentam agarrar objectos e começam a sentar-se. A curiosidade é imensa, gostam de cores fortes, gostam de rostos, de sorrisos, de ouvir vozes... Aos dois meses estão a aprender a ser gente, a aprender a comunciar com o mundo que os rodeiam. Depende dos bébés, mas aos dois meses uma criança pode ter 50, 60 cm de tamanho, pesar 4 ou 5 kg... Aos dois meses... Aos dois meses eu tremia de medo ao pegar ao colo os meus sobrinhos... Aos dois meses a Matilde sorria, o Francisco dormia como um rei, o Lourenço era irrequieto, o Martim ainda não tinha cara de menino crescido, a Madalena já era grande e a Maria era linda...
Aos dois meses uma criança é um ser frágil, terno, mínimo, comovente, para quem se olha embevecido...
Aos dois meses não é humano tocar numa criança, aos dois meses não é animal tocar numa criança, que protegem os seus com uma ferocidade de morte. Não há ser sob o céu que toque num bébé aos dois meses...
E eu quando tiver filhos vou-lhes contar histórias de fadas e ogres, de principes e cavaleiros, de bruxas e monstros. Quando me perguntarem com olhos inquisidores e ávidos se os monstros existem mesmo, eu vou ter que responder que sim... que há criaturas neste mundo que não são Homens nem bichos... que há monstros que correm a Terra, mas descansá-los, mentindo, e dizer que eles estão longe...

Aos dois meses... para estes nem a Morte... só o castigo eterno dos deuses de antigamente...

Presidenciais: Round 7 - Louçã vs Sousa

Yawn, suspiro... na verdade... who cares?

Eu já decidi mesmo portanto...

quinta-feira, dezembro 15, 2005


Aos 16 vivia num mundo de certezas, de branco e preto, certo e errado. De convicções inabaláveis, de ideias e valores absolutos. Sabia dizer com exactidão as coisas que eu seria ou não seria capaz de fazer. Com o passar dos anos perdi o absoluto que me guiava, aprendi a relativizar situações, sentimentos, vivências e actos. A não extremar posições e a ponderar a minha capacidade de realizar o acto mais vil. Aprendi a não fazer promessas, a não jurar pelo futuro, a saber apenas o que sentia no momento, no dia e na hora, fossem quais fossem os planos no éter idealizados.
Hoje, uma década depois, recuperei a capacidade de afirmar categóricamente emoções, vontades, sentimentos, projectos. Reaprendi as certezas totais, porque, pela primeira vez na minha vida, elas se apresentaram perante mim, imensas, sublimes, magnânimes. Pela primeira vez eu vi aquilo em que tive em tempos fé e cheguei a julgar não existir na sua versão mais pura, mais completa, mais elementar, como se vislumbrasse directamente os olhos do eterno.

E caminho firme na poeira de que se fazem os sonhos...

Presidenciais: Round 6 - Soares vs Alegre

Why do I even kid myself? Não vi, só li, só vi resumos...

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Grandes respostas


Às vezes há tipos bestialmente irritantes, ou situações constrangedoras. Quantas vezes não me lembrei de respostas DEPOIS das coisas acontecerem, com aquela sensação do "Porra, eu devia era ter dito isto!!".
Aqui ficam duas de que gostei particularmente:

Dana Carvey, actor e comediante enquanto entrava para um evento e parava para as habituais fotografias foi intrepelado por um repórter do programa do Howard Stone que para o provocar atira contundente: "Costumas ver pornografia gay?" - resposta imediata - "Devo ver porque a tua cara não me é estranha!"

Winston Churchill numa festa de beneficiência foi abordado por uma senhora que lhe diz - "Se eu fosse sua mulher punha-lhe veneno no café!" - O Churchil num tom muito british responde - "E se eu fosse seu marido bebia-o!"

E embrulha!


DIA 14 DE DEZEMBRO!!! - HOJE DEVIA HAVER JANTAR DE BLOGGERS!!!!

Presidenciais: Round 5 - Silva vs Sousa

Pronto, este só apanhei pelo canto do olho e pedaços muito curtos. Voltei a ver só resumos e ouvir comentários. Mas sobre esses não escrevo. Dizia eu que ia ver os debates todos, que me ia informar... Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa...

terça-feira, dezembro 13, 2005

Presidenciais: Round 4 - Louçã vs Alegre


Quarto debate televisivo, desta vez pude assistir. É verdade que não prometia ser dos mais interessantes, Alegre e Louçã não são própriamentes inimigos, mas enfim, como tenho falhado alguns lá prestei atenção a este.
O debate foi relativamente calmo, Louçã estava compreensivelmente mais comedido do que contra Silva, mas ainda num tom bastante afirmativo, mesmo que por vezes inconsequente, como nas referências a Alberto João. Mas não renega o seu passado e mantem-se coerente com os seus princípios, mostrando que tem uma ideia clara do que quer para o País.
Alegre esteve na mesma. Sem ideias, sem chama, sem vontade. Foi evasivo, indeciso e teve pelo menos dois momentos que resumem de uma forma clara a sua prestação. A primeira vez, quando interrogado sobre a possivel demissão de Alberto João do Governo Regional da Madeira, respondeu que se ainda não foi feito é porque ele poderia voltar a candidatar-se e portanto ser inutil tomar essa medida. Acrescentou que achava que no caso de demissão a pessoa não deveria poder voltar a candidatar-se pelo menos durante um periodo de tempo. Louçã interveio, discordando por causa das óbvias implicações na limitação da liberdade democrática que tal medida impunha. Vendo-se confrontado, Alegre diz que não disse o que disse (!) e que estava apenas a salientar que OUTRAS PESSOAS (!!) tinham debatido o assunto...
Numa segunda ocasião, questionado sobre o Procurador Geral, e sem saber que posição tomar responde “eu não me quero substituir ao Presidente da Républica”(!!!) Ai não quer? Pois eu pensava que queria. Cheguei até a supôr (estupidez a minha) que o homem se candidatava à Presidência da Republica e por isso estava naquele debate! Parece que não... Engano meu...Enfim... Foi apesar de morno, um debate esclarecedor acerca das bases fundamentais, da fibra de que é feito cada um dos candidatos

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Slava


Slava está triste. Slava procura a morte e encontra-a. Slava vive no mais elementar de cada um de nós, na alegria, na ternura, no carinho, na dor. É um universo de sonho, imaginado por um palhaço russo, que ama, que sente, que transforma novos e velhos em crianças.
Slava Snow Show está de volta ao CCB. É o terceiro ano que cá vem e é o terceiro ano que o vejo. É um espectáculo de surpresa, de delicia, de interacção com quem assiste. É feito de pequenas nuances, de subtilezas, provando que não é preciso uma careta para rir, não é preciso uma história para nos prender, não é preciso o exagero para nos comovermos com os detalhes do dia a dia, com a alegria de uma criança que não consegue pular dentro de tempo, e persegue bolhas de sabão com uma rede de borboletas. Slava é o que mais de primordial existe, Slava é uma experiência no mundo frio e sonhado dos anjos...

De 6 de Dezembro de 2005 a 18 de Dezembro de 2005
Centro Cultural de Belém - Grande Auditório
início espectáculo: todos os dias às 21h, sábados e domingos também às 16h.
Folga: 2ª feira

Presidenciais: Round 3 - Silva vs Louçã

Uma vez mais não pude ver ao vivo. Mas li, ouvi comentários e vi resumos...
"Politico pequeno!", e como vi só resumo... nada mais a dizer...

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Ai cruzes credo canhoto!!!


Mês de Dezembro está a ser para mim mês de espectáculos. Hoje vai ser O Bando e no Domingo Slava. Como estou a passar uns dias na minha casinha na Baixa, ao fazer a mala lembrei-me de ir buscar os bilhetes que tinha deixado cuidadosamente numa prateleira bem à vista no meu quarto em casa dos meus pais. Espanto máximo – desapareceram! Dois bilhetes bem caros, de plateia, com lugares escolhidos a dedo – sumiço! Pânico, horror, tragédia! Os bilhetes foram deitados ao lixo! Ai cruzes credo! Mas porque é que me mexem nos papeis?!?! Sim, estavam dentro de papel de embrulho, sim para quem não soubesse parecia papel vazio, mas NÃO MEXAM NAS COISA!!!! Ufffff.....
Calma, tudo se resolve... Vamos ligar para a Fnac do Chiado onde comprei os bilhetes... 15 minutos de espera... A música repete igual de 20 em 20 segundos e o Manchester tinha acabado de meter um golo... Neura... Ao fim de um quarto de hora a chamada cai! AAAAAAAARRRRRRRRGGGGGGGGHHHHHHHHHH!!!!!!!!! Ok, ok, calma, respira fundo, tenta de novo... Mais 15 minutos... e cai outra vez! AAAAAAAAAAAAARRRRRRRRGHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!! Pronto! Nem tudo está perdido. É ligar para as pessoas que conheces na Fnac. Chamada feita, tudo explicado, manda-se um mail com os dados todos e volta-se a ligar na sexta. Escreve mail, não escreve mail, perdi os dois golos do Benfica, mas ainda vi as repetições (SLB, SLB, SLB, SLB!!!)
Seja como for o melhor é ligar ao patrão da frente de casa do CCB (vantagens de se ter lá trabalhado) porque sei os lugares de cor e se não resolver o assunto ao menos entro e vejo o show. Tudo tratado, não há crise.
Aí lembrei-me... estou a resolver isto à moda tuguesa, com contactos e conhecimentos porque da forma normal tava dificil... tipico...
Hoje voltei a ligar ao camarada da Fnac. Tentei a via normal, para me passarem a chamada (abomino estas coisas dos favores de amigos). 15 minutos à espera... Cai a chamada! )=()(//()%%#!#$”$%”#$”&%&”(&/)
Ligo para o telemovel – desligado! $#”/&%”/#()#)=?#&#%/. Ligo mais tarde, atende e diz que não pode fazer nada... é o sistema... neste caso o informático. Bom... ok... obrigado na mesma. Safo-me pelo lado dos frente de casa. Seja como for, e por descargo de consciência ligo para a bilheteira do CCB só para ver se resolvia alguma coisa. Toca, espero 5 minutos, atendem amavelmente. Explico a situação – “Só um momento por favor.” – passado um minuto volta e diz-me para no dia do espectáculo me dirigir à bilheteira que serei acompanhado ao meu lugar!Assunto tratado rápida e cordialmente! Por uma vez fico surpreendido positivamente com um serviço prestado! Como dizia o outro, e esta hein?

Presidenciais Round 2: Soares vs Sousa

É pena mas não pude ver este... Na Baixa não tenho televisão...

quarta-feira, dezembro 07, 2005

DOGME 95


O movimento Dogma foi criado em Copenhaga por um grupo de realizadores dinamarqueses corria o ano de 1995. Era um movimento que reclamava um cinema "real", sem artificialismos, uma nova abordagem à Sétima Arte. O movimento regia-se por um conjunto de normas espartanas a que davam o nome sugestivo de Voto de Castidade, assinado por dois dos mais importantes fundadores do movimento, os realizadores Thomas Vinterberg e Lars Von Trier.
Do ponto de vista cinematográfico foram criadas obras interessantes, como o Mifune, Italiano Para Principiantes, ou principalmente Os Idiotas e A Festa (dos dois fundadores referidos).
A grande questão é que o Dogma é mais um golpe de marketing - eficaz, que projectou o até então desconhecido cinema dinamarquês para os grandes palcos mundiais - do que uma verdadeira revolução artística.
Para começar as regras auto-impostas do Voto de Castidade nunca foram cumpridas pelos próprios fundadores. Vinterberg é disso exemplo ao assumir ter quebrado algumas directivas durante a rodagem do Festen (A Festa).
O manifesto defende um ponto de vista que o próprio Von Trier (motor principal do Dogma) não defende nas suas obras. Exemplos disso são os brilhantes Europa, Dancer in The Dark, Breaking The Waves ou mesmo Dogville, obras que utilizam todos os recursos disponiveis no cinema, afastando-se o mais possivel da imagem "what you see is what you get" que o movimento quer preconizar.
O Voto de Castidade contradiz-se a si próprio ao impôr regras de teor estético e artístico e recusando aos autores a tomada de posições estéticas e... artísticas...
Por último a ideia de mostrar a "verdade", a "realidade", negando inclusivé a assinatura do projecto por parte do realizador é, em si só, absurda. A Arte, principalmente o Cinema, não é a realidade. É um trabalho moroso, de conjunto, pensado, ensaiado, escrito, repetido, falso por natureza. Mesmo o cinema documental não é a verdade, mas quanto muito a visão de um autor da verdade, ou a visão que ele conseguiu transmitir.

Hoje em dia existem dezenas de filmes DOGMA, dos mais variados paises, de pessoas que "certificam" os seus filmes, sem terem ligação nenhuma ao projecto incial.

DOGMA é uma marca, desmascarou-se e assumiu aquilo que sempre foi.

2
Gracias

terça-feira, dezembro 06, 2005

Presidenciais: Round 1 - Silva vs Alegre


Ontem começaram os debates televisivo. O confronto inicial foi Sr. Silva e o poeta Alegre. Duas visões do mundo antagónicas, duas posições inversas, um homem de esquerda e um financeiro conservador de direita. Esperava-se uma acessa troca de ideias dado o percurso politico de cada um e o desnivel que as sondagens representam.
O debate começou, num tom cordial, morno, triste. O betão, a educação, pouco mais... O Sr. Silva só tinha uma ideia, não criar ondas, não dizer nada, como aliás tem sido seu apanágio durante toda a pré-campanha. É normal, quem tem 57% das intenções de voto não espera crescer, sabe que só pode piorar e portanto quer manter o status-quo. Do outro lado espera-se portanto uma reacção em força, de modo a abanar o barco, criar ondas, obrigar o debate, fazer baixar a guarda a quem tem tudo em princípio controlado.
E o que é que se viu? Nada. Nem uma ideia, nem uma posição de força, um confronto, nada. O poeta passou indiferente por uma hora de televisão, por um debate que mais parecia uma entrevista conjunta, uma conversa amena com os jornalistas. Apenas por duas vezes Alegre interpelou Silva. A primeira sobre a sua suposta independência, mas de uma forma ténue, fraca, quase febril, ao que o Sr. Silva respondeu “O sr deputado tambem gostaria de ter o apoio de um partido”. O ataque era certo, mas foi tão mal feito que o poeta Alegre passou por pateta alegre e invejoso ainda por cima. Da segunda interpelação saiu apenas que concordava com aquilo que o Sr. Silva tinha acabado de dizer... Alegre concordava... e por aí se ficou...
Mas que espanto... Alegre manso? Sem fibra, sem ideias, sem sem garra, sem nada... Mas porquê? Qual é a lógica? Simples, o pateta alegre só tem um propósito, não é derrotar a direita, não é ser presidente (ele que voltou a afirmar que dormia descansado se o Sr. Silva fosse eleito), o propósito do homem é passar à segunda volta, o propósito é tão só vencer Soares, entrar numa guerrilha pessoal. Se ele (palavras suas) quando foi contactado pelo PS não tinha grande ânimo para o cargo, qual será o seu ânimo agora? Despeito de rapaz ofendido! O problema é que o País não pode sofrer pelos amúos de um homem. Se Alegre é mole, frouxo, sem garra, sem espirito, que se chegue para o lado e deixe outros mais capazes tomar conta. Se não quer derrotar a direita então está a ajudá-la. Se assim é mais vale que fique calado.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Fuerza Bruta


Sexta feira, 23 horas, entrava para a Toyota Box para ver um espectáculo multi-disciplinar made in Argentina, de dois dos criadores do De La Guarda e que sairam da companhia para avançar com um projecto próprio. Sempre me atraiu a ideia de desertores artisticos, fico com a sensação de alguém que se quer expressar criativamente e precisa romper para poder concretizar os seus projectos. Avancei confiante.
Fuerza Bruta é um espectáculo vibrante e muitas vezes surpreendente. Visualmente poderoso, envolve o público em cada acção, cada momento, tornando-o parte integrante do show. É uma obra de momentos e contrastes, inovadora e inteligente, capaz de nos transmitir as mais variadas emoções, colocando-nos em situações inesperadas, mesmo que a repetição de alguns números se torne, a espaços, redundante.
A ver...

De 8 de Novembro de 2005 a 18 de Dezembro de 2005
ToyotaBox - Docas Alcântara
Início espectáculo: 3ª a 5ª feira e Domingo às 22H00 / 6ª feira às 23H00 / Sábado às 20H00 e às 23H00
www.ticketline.pt


Pequena nota – preparem-se para estar de pé durante hora e meia e para se mexerem... q.b...

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Ivan, o Terrivel

Ontem passei a tarde com Ivan, o Terrivel. Passei a tarde com o menino que faz o pino no sofá e é irrequieto como uma libelinha. Ele que cinco minutos depois de entrar, com o suave embalar, o quentinho e a música, adormeceu no banco de trás do carro.
Ivan tem 3 anos mas parece ter 5, é grande, vivo e encontrou finalmente um lar. Tem uma familia com menos que umas mas mais, muito mais do que muitas. Ivan, o Terrivel, que dormia profundamente e mal abriu os olhos gritou feliz “Nemo”! Que escolheu e escolheu, que de olhos abertos fez força para que o principe virasse monstro e fez amizade com um ogre, um burro e um gato. Ontem passei a tarde com um menino que dos pesadelos está a aprender a sonhar e que se delicia com torradas de dedos gorduchos de manteiga. No caminho de volta, no trânsito da noite, ia repetindo perguntas como um jogo, ouvindo respostas como uma melodia e brincando como quem canta.Ontem conheci o Ivan, Ivan o Terrivel, menino rapaz que ganhou um futuro e persegue agora um mundo que nasce da sua imaginação.