segunda-feira, junho 30, 2008

Meco


Um calor aconchegante, mar rebelde e invariávelmente gélido, a praia extensa ao nosso lado, grupos isolados de pessoas à distância.
Conversa, boa, caracois, cerveja, ameijoas e pica-pau. O tempo lânguido, férias sem o ser, descanso.

Foi um belo Domingo, o primeiro com verdadeiro sabor a Verão.

sexta-feira, junho 27, 2008

El Orfanato

O cinema espanhol tem passado no género do terror e do fantástico. O Orfanato chegou às salas em Portugal com o selo de Guillermo Del Toro (produtor executivo) e com o peso de diversos prémios, entre os quais Melhor Actriz e Melhor Realizador no Fantasporto.

Antes de avançar mais queria apenas sublinhar uma coisa: o filme é genial.

A história não traz nada de novo, um casal com um filho compra um antigo orfanato, onde a mulher esteve em criança, para lá viver e o transformar numa casa de apoio para crianças deficientes. É claro que a casa, e todo o local, escondem um segredo que volta para atormentar os novos donos.
Até aqui nada de novo, apenas a enésima revisita ao tema casa assombrada.
O que faz deste filme de Juan Antonio Bayona se separe dos restantes é um profundo conhecimento das regras dos filmes de terror e talento a transbordar em todas as áreas da produção do filme.

Em primeiro lugar, Bayona sabe que não é o gore que assusta, mas sim o desconhecido, o que se sussurra nas sombras. Nunca se refugia nos truques fáceis do susto, optando por construir uma tensão paciente, a par e passo, que se insinua até que estejamos completamente imersos nela.
Em segundo lugar percebeu que um filme de terror não se pode nem deve limitar a meter medo, sob pena de afastar o espectador para uma distância segura, imune à emoção. O Orfanato é, antes de mais, uma história de amor, de uma familia, e acima de tudo de uma mãe capaz de fazer tudo pelo seu filho. Essa é a história que seguimos, é por ela que tudo se torna ainda mais agonizante, até ao final emocional.
Em terceiro lugar usou actores, poucos mas bons, todos eles, intensos, talentosos, capazes de transmitir emoções apenas com o olhar, a voz, a expressão física, e isso faz toda a diferença.
Em quarto lugar fez um trabalho sobre o som magistral, a tensão muitas vezes é dada por um pequeno ruído no escuro. Aprendeu com os mestres que esse é um ponto fulcral de qualquer filme, principalmente de um filme de terror, já Carpenter dizia que Halloween sem a banda sonora, não metia medo nenhum.
Por último contou com uma equipa fabulosa, a fotografia é soberba, a cenografia é na mouche, a casa, o farol, a praia, a gruta, são practicamente outro personagem.

O Orfanato é daqueles filmes onde tudo corre bem, um grande, grande título... e cuidado... mete mesmo medo...

quinta-feira, junho 26, 2008

The Incredible Hulk

Depois da versão mal recebida do monstro verde realizada por Ang Lee, a Marvel Studios, que começou a tomar conta da produção dos filmes baseados nos seus personagens, agarrou em Louis Leterrier, realizador de Danny The Dog e The Transporter 2, e pô-lo ao leme, co-adjuvado pela vedeta Edward Norton (que substitui Eric Bana como Bruce Banner) e relançou o franchise, como se o primeiro filme de 2003 pura e simplesmente não existisse.
O resultado? Um pouco menos de duas horas de entertenimento no-brains, mas eficaz para os fãs do género, simples, bem-filmado, relativamente emocionante e rápidamente esquecível.
A ideia base é inteligente, a Marvel faz nos filmes aquilo que faz nas BD's, agrupa os herois, cruza histórias, e mantém-se fiel às origens.
O Incrível Hulk é visualmente forte, tem um conjunto de actores que cumpre o seu objectivo, encabeçado por Edward Norton, com Liv Tyler, William Hurt e Tim Roth, e, tal como em Homem de Ferro, toca em outros filmes que estão a ser produzidos e no próprio Iron Man, cruzando públicos e aproveitando o sucesso de uns para tentar catapultar outros.


É banda desenhada...

quarta-feira, junho 25, 2008

The Happening

M. Night Shyamalan firmou-se desde O Sexto Sentido como autor de filmes, não diria de terror, mas pelo menos do reino do fantástico. Realizador, argumentista e produtor, é das raras pessoas que pode reclamar realmente um filme como seu.

O Sexto Sentido era um thriller intenso com uma reviravolta inesperada no fim. Desde então que Shyamalan se viu refém dessa fórmula, filmes extraordináriamente bem construídos, tensos, com twist. O problema é que, a partir desse filme original, que já tinha alguns problemas de argumento, a pressão de surpreender tornou os filmes cada vez mais absurdos, culminando no rídiculo fim de Sinais ou no absolutamente imbecil A Vila.
Com A Senhora da Água tentou fugir à sua própria regra, sem introduzir uma reviravolta própriamente dita, mas tentando surpreender ao longo do filme. O resultado final foi morno.

Retonorna agora com O Acontecimento, o seu filme mais violento, onde uma estranha "doença" ataca as pessoas, tornando-as seres confusos e que, após pouco tempo, se suicidam das formas mais bizarras. Sem se saber o motivo desde acontecimento mortal, o filme segue um casal que tenta fugir a um fim anunciado.
O Acontecimento é, no fundo, um filme de zombies. A matriz é igual à dos clássicos de Romero: o cenário apocalíptico, o "virús" desconhecido que ataca as pessoas transformando-as (sendo que neste caso elas matam-se a si próprias em vez de matar o vizinho), o pânico, até à estrutura de filme-catástrofe, acompanhando um grupo de pessoas pelo meio da confusão.
Shyamalan não deixou de saber filmar, a primeira meia-hora é muito boa, com as diferentes mortes a serem apresentadas de forma surpreendente, marcante até. O problema é que, após a ideia inicial, nada mais acontece, o enredo é banal, a tensão inexistente, e os actores dão das perfomances mais fracas da sua carreira (o que aconteceu a Mark Whalberg?).
O Acontecimento não tem o twist imbecil no fim, mas ao mesmo tempo perdeu o fulgor e o interesse que os outros filmes apresentam. Em vez de termos os últimos 30 minutos sem nexo, temos uns míseros primeiros 30 minutos com ideias.
Ainda não foi desta que Shyamalan acertou...

terça-feira, junho 24, 2008

Food Glorious Food

Food, Glorious Food é um número do musical Oliver, onde as crianças famintas do orfanato sonham com comida. É a canção escolhida para esta semana.

Para mim, há-de sempre ser um dos momentos mais hilariantes do Ice Age 2. Em baixo estão ambas as versões para se poder comparar. Enjoy...




segunda-feira, junho 23, 2008

Saga - Ópera Extravagante




O Bando é daqueles grupos que consegue quase sempre surpreender, há mais de vinte anos que os sigo, seja de passeio por um jardim de noite, num comboio em viagem por Lisboa, a trepar o Convento do Beato, ou a enregelar em Palmela.
As últimas duas produções deixaram algo a desejar, com Saga- Ópera Extravagante, O Bando regressa ao seu melhor estílo, exibindo um músculo criativo que não se via desde O Ensaio Sobre A Cegueira.
Saga conta a vida de Joana, filha de um armador que quer ser marinheira. Ao perder os irmãos e barcos numa tempestade o pai de Joana proíbe-a de sair para o mar, mas ela foge de casa em busca do sonho, causando a ira do pai.
A primeira vez que vi esta história, baseada num conto de Sophia de Mello Breyner Andersen, foi num outro espectáculo memorável d'O Bando intitulado Em Fuga. Nele um conjunto de nove histórias aconteciam em outras tantas tendas, mas cada um de nós só conseguia ver três de cada vez. Um actor em contacto directo com o público, num espaço pequeno, practicamente sem cenário. Joana foi a minha história favorita, capaz de, algo dificil em teatro, me levar às lágrimas.
Saga - Ópera Extravagante é uma co-produção O Bando com a Banda da Armada da Marinha. Agarra em dois contos de Sophia de Mello Breyner Andresen e faz deles um texto uno, entregue então a Jorge Salgueiro para compor a música. Com o toque de génio da encenação de João Brites o resultado final é algo de único.
Uma ópera que mistura cantores líricos, com cantores de música popular, com actores, com o vocalista dos Moonspell, banda de heavy metal nacional, numa mescla que resulta numa sonoridade perfeita, numa composição diferente, em que que as vozes se complementam e fundem.
A composição de Salgueiro, tal como já tinha sido para O Ensaio Sobre a Cegueira, é fabulosa, surpreendente até, captando o âmago da emoção de cada cena, cada personagem, sem nunca cair no facilitismo.
Como em todos os espectáculos d'O Bando, no entanto, é o conjunto que faz a diferença, cada elemento, actores (sempre exemplares, num tom nada naturalista, mas perfeito para a encenação), músicos, até à inacreditável máquina de cena, é apenas uma parte de um todo que se mostra, uma vez mais, imenso.

Saga - Ópera Extravagante, é o encontro único de um conjunto de talentos, que se unem para nos trazer das obras mais imaginativas, tocantes, e absolutamente belas que estão em cena em Lisboa, e das melhores que nos últimos anos passaram por cá.
Imperdível a todos os que gostem de teatro, ópera, música, seja quem for que queira ter uma experiência sensorial numa quente (?) noite de verão... mas pelo sim pelo não... levem acasalho, é ao ar livre!




Saga - Ópera Extravagante

Texto: Sophia de Mello Breyner Andresen

Composição Musical: Jorge Salgueiro

Dramaturgia e Encenação: João Brites

Espaço Cénico: João Brites e Rui Francisco

Interpretação: Ana Brandão, Cristina Ribeiro, Fernando Ribeiro, Filipa Lopes, Francisco Fanhais, Inês Madeira, João Sebastião, Pedro Ramos, Rossano Ghira, Rui Sidónio, Sandra Rosado, Sara Belo

Maestro: Carlos da Silva Ribeiro e Délio Gonçalves

Orquestra: Banda da Armada Portuguesa

Figurinos: Vera Castro


Até 15 Julho 08
Quinta a Domingo 21h30


Museu da Marinha

Telefone: 21612444 (bilheteira CCB) / www.ticketline.pt
Preço: 12€ / 15€

sexta-feira, junho 20, 2008

E vai regressar a depressão nacional


Um jornal gratuíto traz hoje como título:

Acabou o sonho europeu!

Fiquei na dúvida se estavam a falar da Selecção Nacional ou do Tratado de Lisboa...

quinta-feira, junho 19, 2008

Obviamente demito-o!

Há muito tempo que não ia à Barraca, não havia um motivo específico, apenas não tinha calhado.

Por causa de uma pessoa conhecida, fomos ver Obviamente Demito-o, peça sobre o General Humberto Delgado, candidato às eleições presidenciais de 1958 e que proferiu esta célebre frase quando lhe perguntaram o que faria a Salazar caso fosse eleito.
A peça de Helder Costa é um revivalismo não cronológico, pouco narrativo e mal conseguido.
Se 1974 é algo relativamente recente, já 1958 foi há meio século. Fazer hoje uma peça que sopra ao de leve momentos desconexos sem nunca os contextualizar histórica ou narrativamente, não creio que faça sentido. Dá uma ambiência, torna-se basicamente numa série de piscadelas de olho a quem viveu aqueles dias, gente que hoje tem mais de 50, 60 anos. Mesmo para esses, momentos houve que roçaram algum ridículo um pouco constrangedor.
A peça falha em diversos pontos, inclusivé no guarda-roupa, falha como alerta, falha como memória, falha até como entertenimento, num texto desconexo.

Salvam-se os actores.
Performances sólidas na maioria dos casos, com um Sérgio Moura Afonso a compor um Salazar delicioso, acompanhado por um elenco relativamente coeso.
A base que tinham para trabalhar é que era, quanto muito, fraca.


Obviamente Demito-o!

Texto Encenação e Cenografia: Helder Costa

Interpretação:

João D’Ávila - Humberto Delgado
Maria do Céu Guerra - Sra. Maria, Cerejeira
Sérgio Moura Afonso - Salazar
Mariana Abrunheiro - Arajaryr , Odete, Maria de Jesus
Rita Fernandes - Lina, Madalena, Palmira, Christine Garnier, M. Eugénia, Florista
Susana Costa - Mariana, Geninha, Susini, jovem estudante
Adérito Lopes - Padre confessor, Correia de Oliveira, Silva Pais, Skorzeny
Luís Thomar - Agrário, António Sérgio, Rosa Casaco, Rogério Paulo
Rui Sá - Júlio, Agrário, Arlindo Vicente, Dr. Gusmão, Bisogno, Armando Caldas, Pai, Pide
Sérgio Moras - Agrário, Kubitschek, Franco, Barbieri, Abel, Castro e Sousa
Populares, estudantes, manifestantes, “homens sem rosto”

Figurinos: Maria do Céu Guerra

Até 29 Junho 08
Quinta a Sábado 21h30, Domingo 16h

Cine-Teatro A Barraca
Largo de Santos. 2
Telefone: 213965360 / 213965275

quarta-feira, junho 18, 2008

Pelo joelho

Há um jardim de infância colado à minha casa. Nestes últimos dias os piquenos crianços têm saído bastante, causando um mar de pequenas cabeças e vozes excitadas em direcção ao jardim do principe real. Hoje saí, com uma coluna de míudos de mão dada a caminho da carrinha, dezenas de chapéus ao nivel do meu joelho, abrandei o passo para não atropelar ninguém. Algures na subida, uma das professoras vira-se para trás e diz: mexe as pernas Catarina!

A rapariga, atiçada pelo aviso, lá acelerou, sem grande vontade.
Passei por eles, virei para o jardim, com os sons das conversas à distância, até que uma voz de uma pirralha se eleva sobre o murmúrio: anda porra! puxa, puxa
A pobre da Catarina deve ter abrandado outra vez.

Sorri, fiquei com saudades. Queria que hoje fosse também dia de passeio...

terça-feira, junho 17, 2008

A minha casa tem olhos e cantos e vibra,
não é para se estar só.
Nos seus recantos ela vive, brinca e agita
os nossos temores, na hora da bruma na madrugada.

Música da Semana

Não fazia ideia, mas a Patricia Vasconcelos canta, até já lançou um cd, e de vezs em quando dá concertos por aí. Foi o caso ontem, no Xafarix em Santos.
Num ambiente animado cantou uma série de clássicos deste tipo de coisas, de Gershwin a Bossa Nova, tendo partido para intervalo com Why Don't You Do Right?, o clássico de Jessica Rabbit, a sensual mulher de Roger Rabbit.
Ontem foi esta a última música que ouvi, não acabei a actuação, que as noites de segunda-feira não convidam a longas horas, mas tive pena, estava a ser uma noite simpática.
Hoje, não podia não colocar a original Jessica a cantar pela voz de Kathleen Turner. A música da semana está no entanto em video. A cena é deliciosa, a entrada mais envolvente de qualquer cartoon em toda a História da Humanidade.
Enjoy...

segunda-feira, junho 16, 2008

Emotional Arithmetic

É um pequeno filme canadiano, com um realizador desconhecido, cuja carreira foi feita na televisão. É portanto uma surpresa esta Aritmética Emocional.

O tema parece esquecido no tempo, uma mulher que tendo em criança estado num campo de concentração, vive obcecada por aquilo que lhe aconteceu, mas é uma revisita interessante. Não há aqui um grande enredo, não há revelações estrondosas, nem explosões histéricas de lágrimas, há o rescaldo de quarenta anos de vida volvidos, dos dias dolorosos, das imagens e, acima de tudo, da terrivel memória perene, que se recusa a esmorecer.
É sempre bom ver um pequeno filme bem escrito, emocional mas nunca óbvio, e com uma fotografia intensa, carregada, de paisagens quase idilicas.
Quanto a actores está esta Aritmética Emocional muito bem servida, são quatro os monstros, actores com A maiúsculo que dão representações soberbas, sóbrias, serenas, mas carregadas de vida, passado, História.

Uma pequena surpresa que merece um olhar mais atento.

quinta-feira, junho 12, 2008

A festa continua


A selecção nacional de futebol de Portugal venceu a da Turquia. Quatro dias depois venceu a da República Checa.

Entretanto, houve um pequeno show no intervalo.

Greve dos camionistas em protesto com o preço dos combustiveis. Três dias de emoção concentrada, entre segunda e quarta-feira, com dramas humanos, mortes, ameaça de ruptura nas bombas de gasolina, um mini-pânico, prateleiras vazias no supermercado.
A ANTRAM, que foi contra o protesto, chegou a acordo com o Governo, um punhado de medidas avulsas. Os camionistas resolveram parar com a greve porque esiste "vontade clara e inequívoca demonstrada pelo Governo na resolução deste problema".

O país quase parou. O governo quase tremeu. O piquete quase funcionou. Quase pareceu que, por um momento, Portugal ia elevar-se acima do futebol e fado.

Hoje mesmo, a Galp voltou a subir o preço dos combustíveis.

A Galp obteve em 2004, 650 milhões de euros de lucros, em 2005, 863 milhões de euros, em 2006, 968 milhões de euros e, em 2007, 1011 milhões. Progressão que continuou no 1º Trimestre do ano com um crescimento de 32,8% face ao 1º Trimestre de 2007. Por seu turno, a REPSOL e a BP obtiveram, em termos de resultados líquidos, aumentos de 36,5%, e a BP de 63,4% face ao mesmo trimestre de 2007.

Mas que interessa? A Selecção venceu, deve voltar a vencer em breve e, como diz uma senhora vestida de verde e vermelho dos pés à cabeça, "Portugal não é um país assim tão pequeno..."

A festa, essa, continua...

quarta-feira, junho 11, 2008

Irina Palm

Co-produção europeia, realizador alemão, passado em Inglaterra, Irina Palm é daqueles filmes que funciona sem deslumbrar.

Ao saber que o neto precisa de viajar até à Australia para ter uma operação que lhe vai salvar a vida, uma mulher na casa dos sessenta emprega-se numa casa de strip, onde numa cabine, masturba homens através de um buraco na parede.
A situação tem tanto de dramático como de ridículo, e Garbaski soube encontrar o húmor e o lado humano por detrás de um sub-mundo da prostituição que normalmente é retratato de uma forma mais dura. É nos pormenores que Irina Palm cativa, no rosto de Marianne Faithful, na música, no dono do bar, nas primeiras reacções de Maggie quando se vê confrontada com aquilo que tem que fazer. São as perguntas das amigas, o trajecto para o trabalho, é o passo-a-passo que faz com que acompanhemos esta mulher num caminho tortuoso.

O problema principal é a extrema leveza com que acaba por tratar toda a situação, o potencial dramático que, se bem explorado, apenas iria reforçar o potencial cómico e humano, acaba por ser menorizado. Nada de realmente forte acontece, as coisas estranham-se mas depois são rapidamente assimiladas, tudo enfim, corre sobre rodas com demasiada facilidade.

Não deixa de ser um filme terno, inteligente, bem-disposto, e uma forma simpática de passar duas horas num fim de semana.

terça-feira, junho 10, 2008

Música da Semana

Feriado, dia de Camões, ou segundo o lapso do PR, dia da raça (é sempre elucidativo saber estas coisas).

Bom... a Raça canta em português. Aqui, a Raça canta em português com sotaque brasileiro.
Para esta semana, depois de os ter conhecido com os Clã, Patu Fu com Depois.

segunda-feira, junho 09, 2008

RiR


Mais um ano em que visito o ROck In Rio, com a sorte de conseguir convites. Começo a achar que se perder estas borlas que já duram desde a primeira edição, rápidamente perco o hábito de lá ir. 

Noite de encerramento um pouco esquizofrénica, o melhor que lá vi foi Clã, no palco pequenino, com duas ou três mil pessoas, num ambiente mais intimista, mais aconchegante, com a Manuela vibrante, a saltar durante uma hora, e a dar-me a conhecer uma banda brasileira que me deixou com vontade de ouvir mais, Pato Fu.
No palco Mundo tocavam Muse, enquanto nós jantávamos, rodeados de socialites que estavam ali para tudo, menos ouvir música.
No final, um regresso à adolescência com Offspring, gente a mais, encontrões a mais, mas um regresso ao passado é sempre um regresso ao passado. Faz-me lembrar os meus 15 anos, e as festas em casa do André, onde conheci Offspring, Rage Against the Machine e, mais importante que todos, The Smashing Pumpkins.
Foi uma noite de sexta, já sem a pica de outras edições...

sexta-feira, junho 06, 2008

Lembranças Godot

Ora aqui está o único registo video que conheço do Godot Nos Infernos que esteve em cena em Janeiro / Fevereiro no Franco-Portugais. Foi uma peça com altos e baixos, muitas imperfeições, mas com a sua quota parte de méritos. O meu trabalho foi irregular, no geral creio que não comprometi mas estive longe de ter uma performance sólida. No video pareço rígido, tenso, apesar de, nesta cena final, não o estar.

Traz-me tantas memórias...


quinta-feira, junho 05, 2008

O autismo

Logo de manhã vejo que vai ser debatida a moção de censura do CDS ao governo. Não acompanho a par e passo a vida da assembleia da república, mas sei que não é a primeira moção apresentada. Com a moção chumbada à partida, resta saber o porquê da apresentação da mesma, sendo que não é propriamente novidade. Não consigo deixar de pensar que, sejam lá quais foram as contas políticas, as armas que se afiam para a esgrima de hoje, as pancadinhas nas costas e as conspirações de corredor, na verdade a moção de censura é um assunto que só faz sentido no gabinete, no autismo que se apoderou da classe política, que desde há muito vive num mundo só seu.

O CDS não gosta do Governo, o Governo não gosta do CDS. Pronto já sabemos. O mesmo se pode aplicar aos outros partidos da oposição. Assunto arrumado. Não haverá outros temas para discutir? Não terá o país problemas concretos, específicos, urgentes, com influência directa na vida das pessoas? Não será através da discussão desses problemas, da marcação da agenda política, das diferentes soluções apresentadas, que realmente se encontram as divergências entre os partidos e as suas ideologias (ainda as têm?) particulares?

Parece que não.


Como diria Quino, assim vai o mundo Mafalda...

quarta-feira, junho 04, 2008

Indiana Jones and The Kingdom of The Crystal Skull

Indiana Jones é daqueles nomes que, mais que um filme ou um personagem, é já um icone, um simbolo cultural, uma marca de créditos confirmados. Ninguém desconhece a silhueta com o chapéu, o chicote, e a famosa música de John Williams. Os resultados no box-office deste filme de uma série que começou há mais de um quarto de século, estão a ser impressionantes, arrastando miúdos e graúdos para as salas em quantidades colossais.

Eu não podia deixar de ir ver o último Indiana Jones, desse lá por onde desse. Mas as expectativas sairam um pouco goradas.

O filme segue pelas mesmas linhas gerais dos anteriores, é inclusivé recuperada a personagem de Marion de Os Salteadores da Arca Perdida, e o armazém onde, no fim desse filme, a arca é depositada. Os vilões agora já não são nazis, o tempo passou e os russos tomaram o seu lugar, mas na verdade é um pouco indiferente. São personagens de papel, para Indy descartar conforma avança selva adentro.
Está lá tudo, a acção, a irreverência, as piadas leves, as cidades perdidas, os mapas, a selva, os bons e os maus, mas parece tudo montado sem grande vontade, uma revisita feita de pedaços que se coordenam em piloto automático. Na verdade, se olharmos para a história com atenção, há mais ligações ao recente National Treasure com Nicolas Cage, do que aos Indiana Jones originais.
Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal é uma caça ao tesouro, onde os personagens andam daqui para ali, pista após pista, sem se perceber muito bem porquê, com uma teoria da conspiração velha como as pedras, personagens redundantes e acções inconsequentes.

O tempo passa sim, os efeitos especiais são bons, Jones continua charmoso, mas o melhor mesmo é ir para casa, baixar a luz, levantar o som, e pôr no DVD qualquer dos três filmes originais.

terça-feira, junho 03, 2008

Música da Semana

Continua a onda de bandas sonoras aqui no Sopros, depois de Out of Africa e de Indiana Jones, regressa o John Williams com um dos seus trabalhos mais marcantes, o tema do filme Super-Homem.
Agora digam lá se não dá um arrepio na espinha...

segunda-feira, junho 02, 2008

No Left...

Uma e meia da manhã de um dia que tinha começado às sete, de uma casa para a outra para buscar roupa, directo para o trabalho, daí para a pós-graduação e três horas depois, sem tempo para respirar, muito menos para jantar, já atrasado até ao Left para o espectáculo. Isto na sexta-feira de uma semana particularmente dura.

Uma e meia da manhã e o corpo já pedia descanso, a solução era simples, não parar nunca. Agarrado ao telemovel, em excesso desde o arranque, a meter conversa, a provocar, a língua bifurcada cheia de veneno a provocar o riso de quem ouve, em contraste com o personagem de palco - pequeno, triste, velho - foram 3 horas intensas sem desarmar.
Já depois das duas da manhã o corpo doía, a cama chamava, os aplausos e os parabéns eram um bálsamo.

A performance no Left correu bem.

É impressionante como o teatro me faz falta...