quinta-feira, março 30, 2006

As pequenas coisas...

Grandes tormentas nascem de pequenas coisas, ontem creio ter ajudado a que o nosso membro do grupo não nos abandone. Muito tempo de conversa a partir pedra, com todas as justificações possiveis para sair, mas que sempre me pareciam isso mesmo, justificações. Falámos algum tempo, sempre às voltas, numa troca de argumentos, até que finalmente chegámos a um ponto. Era um pormenor poder-se-ia pensar, mas é incrivel como as pequenas coisas podem ter um efeito devastador na vida das pessoas. Agora é aprender a ligar com este aspecto da nossa vivência de forma a podermos continuar com o trabalho sem ter que preencher a lacuna que aqui seria criada. Ainda não sei se ela fica, mas creio haver boas hipoteses para tal.
Uma lição na importância das pequenas coisas...

É que nem vale a pena!

É daqueles dias, nem vale a pena tentar, nada sai minimante certo, seja a inscrição no open day do Holmes Place em que me obrigam a doar dinheiro para uma instituição quer eu queira quer não, no momento em que não tenho mais de 30 cêntimos na carteira, à simples gravação de um CD que me queimou 3 cds virgens sem conseguir gravar um único, hoje é daqueles dias em que tudo se parece alinhar para correr mal. Espero que não continue assim porque vou fazer uma pequena cirurgia e por este andar ainda me cortam metade da perna para tirar uma pontinha de pele! Que irritação!!!!

quarta-feira, março 29, 2006

Conflito

Ontem a aula do workshop foi muito diferente. Como uma das pessoas faltou pela segunda vez consecutiva e vai ter uma aula de recuperação na quinta-feira o Thiago não quis avançar com as aulas normais para ela não ficar para trás. Falou-se então das ideias para a peça, que tinham sido lançadas ao de leve na última aula. Enquanto que no sábado as ideias surgiram orgânicamente através dos exercicios, desta vez tinham sido pensadas e imaginadas por nós em casa, ou na altura através do diálogo que se gerou.
Uma das coisas que o Thiago sempre evitou foi o Verbo, a palavra como forma de comunicação principal, pois esta encontra-se demasiado agarrada ao intelecto, ao racional, ao Ego e afastando-se do tipo de trabalho que ali se procura desenvolver. A Palavra como tal é fonte de conflito e discórdia e, caso não se saiba lidar com isso, pode ser disruptiva. Outra coisa para a qual sempre fomos alertados foi para as relações de amizade. A amizade é optima fora dali, ali estamos a trabalhar e como tal temos que estar abertos e receptivos a ideias, sugestões, hipoteses, não nos podemos prender à nossa propria opinião, temos que saber aceitar a crítica e as contrariedades que surgem.
As técnicas que estamos a aprender e treinar ao longo de dois meses - respiração, focalização, concentração, posição corporal - usadas para atingir um estado que permita a representação, a criação de imagens e sensações, têm que ser seguidas SEMPRE e em todas as circunstâncias, são inclusivé tecnicas que devem ser usadas durante a vida, que nos permitem sentir, interagir, relaxar, ouvir, entender.
Ontem nada disso foi feito, como a aula não foi baseada em exercicios entrámos para lá como se entrassemos para um café, a conversa que se seguiu foi intensa, transformou-se em discussão até que um dos elementos do grupo se levantou e bateu com a porta desistindo do workshop.
A culpa é de cada um de nós individualmente, cada um de nós não usou NADA do que esteve a aprender durante estes dois meses, como se nos juntassemos pela primeira vez, e por muito que se possa dizer se foi A ou B que falou mais, gritou mais ou interrompeu mais, a verdade é que houve a falta de capacidade de lidar com o grupo e a culpa disso é de nós próprios e não exterior a nós.
A saida desta pessoa foi a saida de alguem com uma contribuição muito positiva para toda a gente, que me disse um dia que só fazia falta quem lá estava. Pois ela está lá e neste momento faz-nos falta. Resta saber se o trabalho que ali estamos a desenvolver é aquilo que ela procura e se está disposta a lidar com as dificuldades e problemas que daí advêm, sabendo que a partir daqui o desistir é deixar todos os outros com problemas, porque a partir daqui o trabalho de uns depende do grupo inteiro. Ontem falhámos todos, ontem não soubemos usar aquilo que nos foi ensinado e o resultado foi o pior possivel. Saiu um dos elementos mais criativos que lá está e cuja contribuição até à saida foi inestimável.
Sei que na vida a única coisa sem retorno é a Morte. Sei que o retorno envolve problemas complexos de lidar com a auto-estima e conflitos interiores. Mas não se diz que os artistas são temperamentais? Este grupo precisa desta artista...

terça-feira, março 28, 2006

History of Violence

David Cronenberg estabeleceu-se ao longo das últimas duas décadas como um dos cineastas de maior destaque da actualidade, com filmes brilhantes, controversos, nem sempre directos e muitas vezes dificeis de ver até pelo seu visual gore bastante vincado. É um realizador com um fio condutor, uma temática central que marca toda a sua carreira, não é um realizador de filmes de medo, de filmes fantásticos ou alucinações animalescas, é antes um director sempre em luta com a questão do monstro em nós, o outro dentro de cada um, o seu lado negro, escondido, a sua outra face. De A Ninhada a M Butterfly, de A Mosca a Spider, Cronenberg luta com a resolução das questões secretas que vivem escondidas no que de mais profundo temos.
A History of Violence é mais uma adição soberba a esta dissertação de décadas. Filme clássico em todo o seu esplendor, é uma obra acabada como raramente se encontra, não existe uma cena a mais ou em falta, não existe um angulo de câmara que não tenha sido pensado. Se à primeira vista pode parecer apenas um thriller sobre a identidade de um homem, pai de familia, que de repente se vê misturado com mafiosos após matar dois assassinos em auto-defesa, um olhar mais cuidado revela um filme com um argumento intricado e muito bem escrito, uma tensão e um sentido de humor que se acompanham, um elenco soberbo e uma beleza plástica por vezes incomum. Cronenberg, sem nunca se repetir, aprofunda aqui um pouco mais a sua busca, dando-nos multiplas chaves de leitura sobre cada um dos elementos daquela familia.
Um dos grandes filmes do ano...

segunda-feira, março 27, 2006

Criação!


Contra todas as expectativas começou neste sábado a criação da nossa peça do workshop que ainda não está sequer a meio. E o que é incrivel é que todo o processo é absolutamente orgânico, parte de nós, das nossas aulas, ideias, do nosso corpo, das nossas partituras e exercicios. Foi uma aula da partituras mistas, do desenvolvimento de um imaginário fisico mais complexo, da construção sobre as bases já lançadas. Foi tambem uma aula da interacção com os outros, do movimento e sensação do corpo, da interacção com o texto de cada um, e o quadro geral que esses textos individuais apresentam como colectivo. E de repente uma imagem, das nossas palavras, dos nossos movimentos surge uma imagem que serve de base para a construção de um texto, de uma peça. Foi como se explodisse um imaginário na cabeça de cada um de nós, as ideias fluiam, história, som, visual, encenação em palco. Teatro de sombras, temáticas complexas, relações humanas, foi o pináculo destes meses de trabalho. A semente está lançada. Vamos ver se temos a capacidade para a fazer germinar forte...

O Navio de Sal

São apenas quatro datas que este cativante espectáculo vai actuar, é pouco mais que um sopro de poesia, de música, de som e imagem, uma pequena experiência vivenciada por entre espuma do mar e as nuvens dos sonhos.

No D. Maria está no próximo fim-de-semana um espectáculo da autoria de Paulo Filipe Monteiro, actor, encenador, argumentista e professor de cinema, que aborda a temática do mar com poemas dos expoentes máximos da literatura maioritariamente nacional, acompanhado sempre pela partitura de Laurent Filipe e a projecção de imagens (videos de Nuno Rebelo) que ajudam a suportar visualmente um espectáculo onde a luz assume um papel primordial.
Uma abordagem multidisciplinar onde Paulo Filipe e Carla Galvão nos dão uma prestação vibrante, intensa, divertida e até por vezes comovente. A não perder...


O Navio de Sal
26 Março 19:00 / 31 Março 00:00 / 1 Abril 00:00 / 2 Abril 18:30
Pesquisa literária, guião e encenação: Paulo Filipe
Música Original e direcção musical: Laurent Filipe
video: Nuno Rebelo
Apoio ao moviemento: Amélia Bentes
Com: Carla Galvão e Paulo Filipe (texto) / Laurent Filipe e Rui Luis Pereira (Música)
Salão Nobre
Teatro Nacional D. Maria II
Informações: 213250827
Reservas: 213250835 / reservas@teatro-dmaria.pt / www.ticketline.pt / Lojas Fnac e Lojas Abreu

sexta-feira, março 24, 2006

Good Night And Good Luck


Foi um dos filmes mais nomeados dos Oscares deste ano (6 nomeações) mas logrou levar para casa uma única estatueta. Injusto, sem dúvida injusto, num dos filmes mais charmosos e bem construidos do ano.
Nos anos 50 os Estados Unidos viviam um clima de terror, numa caça às bruxas sem precedentes desde Salem, com uma perseguição a um Comunismo que simbolizava uma ameaça externa personificada em Estaline. O senador MacCarthy foi o rosto principal deste clima de histeria que destruiu a vida de milhares de americanos, pondo em causa as liberdades e direitos fundamentais de cada um.
Poucas foram as vozes que se levantaram para denunciar o estado das coisas, com medo de serem automáticamente rotulados de comunistas e serem eles próprios alvo de investigação. Edward R. Murrow, personalidade de destaque da CBS foi um dos poucos que ousou enfrentar o sistema na defesa dos seus principios, e Good Night And Good Luck é a adaptação cinematográfica desta luta.
George Clooney abraçou este projecto pessoalmente, escrevendo, actuando e realizando um filme a preto-e-branco, tenso, bem escrito, de um charme visual invulgar e com uma reconstrução de época absolutamente brilhante, dos cenários, passando pelo guarda-roupa, até ao mais pequeno objecto de design.
David Strathairn assina uma performance arrasadora como Murrow, de uma contenção plena de emotividade, secundado por um elenco que em nada lhe fica atrás, de Clooney a Robert Downey Jr, de Patricia Clarkson a Frank Langella.
Com este projecto George Clooney mostra-se como uma força criativa a ter em conta, muito alem do que o titulo de homem mais sexy do ano em 1997 deixaria suspeitar.

Hooverphonic


Tendo lançado o seu primeiro album em 1997, os Hooverphonic firmaram-se como uma das bandas mais interessantes do panorama musical belga, apesar de terem uma sonoridade muito anglo-saxonica - a começar logo na língua em que cantam.
Este Mad About You é o single do seu terceiro album Magnificent Tree, que me chamou a atenção pela sua secção de cordas e me fez comprar o CD (que no competo geral deixa algo a desejar). No entanto aqui fica esta canção, em que me viciei há uns anos atrás, e que é particularmente apropriada nesta fase da minha vida...

quinta-feira, março 23, 2006

Será?

É gozo,
é escárnio,
enganas-te é brincadeira,
não, não, não passa de zombaria,
é uma crítica,
nada... é ironia,
mais parece sarcasmo,
é apenas um comentário mordaz,
uma pequena troça,
uma chamada ao riso,
uma mofa,
ou chacota,
não passará de um gracejo,
é um motejo,
ou um dito zombeteiro,
uma critica vá,
será uma censura?
Não, é só uma apreciação,
uma avaliação,
exprime uma opinião,
uma pequena consideração,
algo como um juízo,
um parecer...

Nada de grave portanto?
Não!
Um tipo aguenta uma piada... uma chalaça... um dizer espirituoso vá...

Há coisas que não se conseguem explicar, que não adianta tentar explicar, nem argumentar nem convencer, porque as dúvidas só se respondem com sentimentos, com as certezas das sensações, com o conhecimento impossivel de transmitir. Nesta impossibilidade resta então o tempo, para os outros apenas o tempo. É natural que assim seja, se é esse mesmo tempo que cria as dúvidas inicialmente, torna-se lógico que seja o tempo a dissipá-las.
Mas há coisas que são verdade e incontornáveis, há coisas que são por demais evidentes, e se o tempo, esse eterno aliado e adversário, é diferente de pessoa para pessoa, não faz sentido esperar pelo tempo dos outros.

quarta-feira, março 22, 2006

Coisa Ruim

Foi o último filme português a chegar às salas, num género invulgar para a cinematografia nacional (um filme não direi de terror, mas de medo), apoiado por uma campanha de marketing invulgarmente bem montada para a média lusa. Coisa Ruim, filme da dupla de jovens realizadores Tiago Guedes e Frederico Serra, surpreende. Surpreende pelo género, exceptuando a curta I'll See You In My Dreams, não me lembro um filme português que explore a temática do terror, suspense, e mesmo aí de uma forma muito estilizada, realizado por Miguel Angél Vivas, espanhol. Surpreendepela impecável fotografia, um filme que utiliza muito bem o jogo de sombras, as cores e imagens que estas produzem. É um filme com um elenco competente que suporta toda a fita, de onde destaco Manuela Couto com uma performance impecável. Surpreende pelo profissionalismo, de toda a produção, da campanha montada, da construção do argumento até ao pormenor da página no imdb. Surpreende pela capacidade revelada pelos realizadores de... realizar. Sem dúvida sabem (ao contrário de muitos realizadores nacionais) Guedes e Serra sabem filmar, sabem utilizar a câmara para criar tensão, para narrar a história, sabem enquadrar, utilizar o espaço, o primeiro plano, toda a profundidade da imagem, jogam com o que é obvio e intuido, com o que se vê e o que se esconde. É cada vez mais raro encontrar em Portugal quem o saiba fazer, quem não se limite a enquadrar de uma forma bonita e filmar, estático , com um olhar parado, morto, desinteressante.
Não é um filme brilhante, não fica para a História do Cinema como um marco, não inova nem revoluciona nada, mas é um filme interessante, sólido, que entretém, profissional. E era desta estirpe que devia ser feita a base da cinematografia nacional, para permitir depois os desvios, os nichos, a margem.
Sem duvida a ver...

terça-feira, março 21, 2006

Hoje é dia o Dia Mundial da Poesia e o inicio da Primavera. Fica aqui registado (mais o primeiro que o segundo)

Lembra-te

Lembra-te
que todos os momentos
que nos coroaram
todas as estradas
radiosas que abrimos
irão achando sem fim
seu ansioso lugar
seu botão de florir
o horizonte
e que dessa procura
extenuante e precisa
não teremos sinal
senão o de saber
que irá por onde fomos
um para o outro
vividos


Mário Cesariny

Todos os que caem

Já tinham passado dois meses e estava quase a sair de cena, por isso não podia passar deste fim de semana até eu ver o Todos Os Que Caem, de Samuel Beckett. Esta é uma peça radiofónica, nem Becket enquanto vivo nem agora a sua familia alguma vez permitiram a sua adaptação a palco. Para o fazer, a Comuna encontrou um dispositivo cénico brilhante, onde estamos perante algo que cruza uma emissão de rádio clássica, à moda antiga, e uma peça de teatro actual. A cenografia é aliás algo que marca determinantemente toda a experiência do espectáculo, maravilhando-nos com os efeitos sonoros que são produzidos em palco, como se fosse rádio - duas tábuas que batem para simular um chicote, sacos plástico para a chuva são apenas alguns exemplos - numa parafernália de ruidos que acompanham toda a acção. O palco simples, quase nu, com gravilha no chão e uma escada em fundo, permite a transformação de espaços e lugares, numa fusão temporal fluída, sem quebras ou interrupções dramáticas. O texto é... bem é Beckett, os fãs não sairão desiludidos deste universo estranho e extremo, de personagens vincadas e situações não resolvidas.
Maria do Céu Guerra encabeça o elenco com uma interpretação quase solitária (os personagens que aparecem entram e saem de cena muito rapidamente, à exepção de Carlos Paulo, numa apresentação plástica soberba) que varia do brilhante ao forçado, mas que nunca nos deixa indiferente.
Só está em cena até dia 1 de Abril e não deve ser esquecida por toda a gente que goste de teatro.


Samuel Beckett, autoria;
João Mota, encenação;
Maria do Céu Guerra, Carlos Paulo, João Tempera, Miguel Sermão, Ana Lúcia Palminha, Álvaro Correia, Hugo Franco, Alexandre Lopes, Sara Cipriano e Victor Soares, interpretação
2006/01/20 até 2006/04/01Qui a Sáb: 21h30

Preço dos bilhetes: 10,00 € (normal), 7,50 € (jovens e terceira idade), 5€ às quintas

Comuna Teatro de Pesquisa
Endereço: Praça de Espanha1070-024 Lisboa
Telefone: 217 221 770/6
Fax: 217 221 771

segunda-feira, março 20, 2006

Texto!

Finalmente texto! Aula de sábado em substituição da de terça próxima e finalmente trabalhamos a palavra! Começámos com um exercicio num circulo em que tinhamos que dizer a frase "Porque me sinto assim tão sozinho?", mas cada pessoa dizia uma palavra apenas, respirando e focando, sempre à procura da imagem que tal palavra nos transmitia. Foi aliás esta frase que serviu de fio condutor a toda a aula, não só para a busca de uma emotividade mas tambem para começarmos a aprender a respirar o texto, entender os seus tempos, pausas e espaços, por forma a não ser monocórdico e monótono. Em seguida repetição de gestos, iniciados pelo Thiago mas resolvidos por nós, e é incrivel como o mesmo gesto pode invocar sensações e um imaginário tão diverso dentro do grupo, nem um só se podia dizer igual, nem um só similar. Por fim a palavra, cada um de nós trouxe um texto e agora era a altura de o ler, de pé, em frente de toda a gente. A minha escolha foi "Noites Brancas" de Dostoievsky... Lentamente levantei-me, enfrentei o meu publico, olhei para o livro que tão bem conhecia, inspirei, foquei, coloquei o corpo em posição, e li... Como fluíu! Como me senti solto, livre, mas ao mesmo tempo completamente embrenhado no triste abandono daquele homem. Por instantes lia de cor, as os olhos lacrimejavam e toldavam-me a visão... Foi apenas um minuto... quando acabei sentei-me em silêncio, olhei de relance para o Thiago e nem pude acreditar... o rasto de uma lágrima escorria-lhe dos olhos... Por um momento senti que se pudesse fazer isto o resto da minha vida seria completamente feliz...

sexta-feira, março 17, 2006

Com alguma pressa para almoçar, tinha acabado de estacionar o carro, quando uma velhota se dirige a mim e diz :

"Olá como está? Sou a avó da Ana Rita"
"Ah... então e como está ela?"
"Já se casou, faz agora um ano..."
"Mas que bem..."
"Então e o senhor? Ainda não se casou?"
"Pois ainda não..."
"Mas tem que se casar, não vai querer chegar à minha idade sozinho..."
"pois é pois é..."
"Então boa tarde..."
"Boa tarde... e beijinhos à Ana Rita..."

O meu único problema é... mas quem raio é a Ana Rita de que a senhora estava a falar???

Paris


Ferro e fogo outra vez, mais de 150 detidos durante a noite, confrontos graves com a policia, violência e distúrbios. Desta vez não são marginais nem imigrantes, são jovens, universitários, franceses, são a futura elite do pais. A contestação é sobre uma lei que permite o despedimento de jovens até aos 26 anos de idade, desde que não estejam a trabalhar há mais de dois anos, sem justa-causa. A justificação do governo francês gira em torno da enorme taxa de desempregados jovens que assola o país (25%), concluindo que isto facilita a contratação de pessoas com menos de 26 anos - pergunto eu, mas contratados para que postos de trabalho? Talvez em deterimento de pessoas mais velhas e mais caras... pensei que o desemprego se combatia com a criação de emprego, mas se calhar não...
Mas o problema central não é esse, confrontos desta violência, tão perto dos motins nocturnos que assolaram França há poucos meses têm necessáriamente que levar a uma séria reflexão sobre as causas. O que faz com que a juventude de um dos paises mais desenvolvidos do mundo se revolte desta forma, independentemente de etnia ou estrato social?

Mesa

Hoje é dia de mudar de música, todas as sextas religiosamente o faço. Mas esta semana foi tão estranha que me esqueci, ontem não fiz o upload de nenhuma e hoje apresenta-se um problema. Felizmente fui precavido e no mesmo cemitério onde jazem as músicas todas que por aqui passaram encontro Mesa & Rui Reininho com Luz Vaga... Não gosto nem nunca gostei do Reininho nem dos GNR, e foi Sergio Godinho o primeiro nome para fazer esta versão com os Mesa. Infelizmente não se concretizou... Aqui fica a música que foi possivel com a dupla que se formou... Sinceramente acho que Mónica Ferraz faria melhor em cantar sozinha...

quinta-feira, março 16, 2006


De repente é como se alguem gritasse "PARTIDA" e a vida corre a um ritmo vertiginoso, tão depressa que nos ultrapassa e ao mesmo tempo tão devagar que demora a chegar. E tudo aquilo que ontem era sonho hoje torna-se subitamente em realidade, com uma necessidade constante de nos beliscarmos para termos a certeza de que não estamos enganados, a conduzir sozinhos pela estrada errada em direcção a um muro de betão. E na verdade não estamos, estamos finalmente no caminho certo que encontrámos no meio da noite quando já nem sequer o procurávamos. A estrada é longa, a brisa é fresca, a noite é escura mas a Lua ilumina o espaço à nossa volta, preenchendo tudo de um tom prateado que reflecte nas águas e nas copas das árvores. E lá vamos nós, confiantes, fazendo do percurso a aventura e o destino até desaparecermos por completo na bruma que nos envolve...

Terapia do Amor


Ok eu confesso, existem actores pelos quais tenho alguma adoração e que me levam a ver tudo o que façam, mesmo contra o meu bom senso. Meryl Streep é um desses casos. Como tal, e contra todos os sinais que o meu corpo me enviava fui ver Terapia do Amor. Se pensar apenas na dita Streep, valeu a pena, não deixou os seus créditos por mãos alheias e conseguiu mais uma performance digna de registo, acompanhada verdade seja dita, pela maioria do elenco. E o filme até tem uma permissa interessante (uma psicóloga descobre que o novo namorado de uma sua paciente é o próprio filho), que leva a situações cómicas divertidas. O problema aqui é que, como na maioria das comédias românticas, tudo se torna previsivel e descamba para a mesma sucessão de gags e situações que já se viram milhões de vezes, destruindo completamente o inicio até algo original do argumento - isto apesar de uma tentativa in extremis de mudar o tom ao disco mesmo no fim. Nada se ganha a não ser duas ou três gargalhadas, e nada se perde a não ser tempo e dinheiro.

quarta-feira, março 15, 2006

Pausa


Como se tudo se conjugasse em fases similares, a minha vida atravessa uma fase de passagem, de transformação e, curiosamente, as minhas aulas de teatro chegaram elas próprias a um ponto de transição. Como em todos os momentos deste género é necessário fazer uma pausa e recapitular, pensar em tudo o que passou de forma a avançar seguro para os desafios que se avizinham. Ontem foi assim, apenas um exercicio em três horas de conversa, onde se fez uma antevisão do resto do curso, das mudanças que se vão operar e da postura e nível de empenhamento que nos vai ser exigido de forma a conseguirmos realmente aproveitar o trabalho deste meio ano. Respirar, focalizar, procurar uma imagem, sentir, construir as partituras corporais que nos permitem representar, e a partir de agora uma nova atitude em todos os momentos da aula, entrega, juizo crítico, humildade, capacidade de dar e receber, de criticar e ser criticado, fugir à tentação de ceder naquele espaço à simples "amizade" e à vontade de ser boa pessoa (amizade sem dúvida, mas honesta e principalmente fora daquele espaço, para que as empatias não inibam os juizos de valor e correcções necessárias). Sentir, sempre sentir, a busca incessante da emoção, da "verdade" do actor. Para terminar um pequeno exercicio, de máscara, mas após a interiorização de tudo o que foi dito transformou-se numa viagem emocional profunda, houve raiva, houve medo, houve choro, e todos, sem exepção, precisámos de alguns momentos para conseguir voltar ao plano normal, para regressar aquela sala, aquele espaço e tempo.

terça-feira, março 14, 2006

Em território alheio

Jack Johnson nunca foi uma referência para mim, mas o seu misto de pop, funk e reggae, parte desta nova vaga de música de surf, até é melodioso e ouve-se sem desagrado num serão calmo. Ontem arranjaram-me bilhetes para o concerto no Pavilhão Atlântico. Pouco depois das 20 chegamos, sem pressas, até porque ia haver uma primeira parte que não nos interessava particularmente. A primeira coisa em que reparei foi que, de repente, passei uma barreira invisivel para um mundo onde toda a gente (ou quase) estava na faixa etária dos 12 aos 15, senti-me a invadir território alheio. O fumo era imenso e as bebidas corriam ao litro de cerveja de cada vez. Imaginei-me de novo com 12 anos e assustei-me com a diferença, com essa idade eu era mesmo um puto e não me passava pela cabeça andanças similares (porra estou a ficar com conversa de velho e ainda nem cheguei aos 30!). As miudas passeavam-se normalmente com decotes até ao joelho e os rapazes aos magotes, com as t-shirts, os cabelos e as sweats todas iguais, repetindo a mesma fórmula até à exaustão. Senti-me como o Richard Attenborough no estudo de alguma qualquer civilização perdida, cuja cidade e hábitos foram miraculaosamente descobertos.
Quanto ao concerto em si, a acústica do pavilhão é péssima, Jack Johnson é um pouco estático, sem saber puxar muito pelo público e a inexistência de ecrãs de video dificultou bastante a visão do homem em palco. Ontem relembrei-me das vantagens numa multidão destas de ser alto... e de se usar desodorizante...

segunda-feira, março 13, 2006

Olhos nos olhos


Estava um sábado invulgarmente quente e azul para a norma dos últimos tempos. Estava marcada uma aula de compensação do workshop de teatro, para colmatar o facto de termos começado apenas a dia 9 de Fevereiro. Aula iminentemente diferente da norma, dada na Praça de Alegria por uma professora conhecida do Thiago, onde o próprio se integrou como aluno. Foram cinco horas consecutivas, sem pausas nem intervalos, das 14h30 às 19h30, sem duvida extenuantes. Mas todos aqueles ali presentes, sem um único actor profissional ou aspirante a tal entre nós, tinham uma vontade de aprender e interiorizar o mais possivel. A aula foi sem dúvida diferente, expressão dramática e não teatro. Exercicios de aquecimento, descontração, relaxamento, confiança, voz, entreajuda, liderança, dicção, cooperação... até aqui tudo bem. São formas alternativas e necessárias de encarar a formação de actor - apesar de me ver incapaz de aguentar este tipo de exercicios durante meses a fio. No entanto a postura da formadora não foi necessariamente a melhor, contraditória dizia por um lado que as experiências são nossas e individuais, por outro fazia discuros de uma pseudo-moralidade "todos diferentes todos iguais" no fim de diversos exercícios. Enquanto criticava quando se perguntava pormenores sobre a execução de um exercício dizendo "não se prendam a regras", corrigia durante a execução do mesmo interrompendo as pessoas de uma forma desnecessária. Enquanto se mostrava liberal e aberta, era incapaz de aceitar a mínima crítica que lhe fosse dirigida.
Foi uma experiência que em parte me fez lembrar o atelier falhado do Pedro Wilson, interessante mas insuficiente, diverti-me mas aprendi pouco e não evolui nada.

sexta-feira, março 10, 2006

The Woodsman

Um dos filmes controversos de 2004, que passou despercebido à maioria do publico português, e que se encontra agora em DVD.
Estreia na realização de Nicole Kassel, é um dos dois grandes filmes independentes que Kevin Bacon e Kyra Sedgwick protagonizaram nesse ano (o outro foi o inspirado Loverboy).
Bacon é um homem em liberdade condicional que tenta refazer a sua vida. Recatado, quase anti-social, oculta um passado que ainda o atormenta.
Filme de uma contenção e profundidade raras, toca os aspectos mais sensiveis da complexidade humana. Pecado, culpa e redenção entrecuzam-se numa história que conta com o talento dos seus actores para lhe dar corpo.
Sem dúvida um filme a procurar no videoclube local.

Beyond Skin


Em 2001 eu andava em busca, de um novo rumo, novo ritmo, novo som. Descobri Nitin Sawhney, inglês de origem indiana, DJ, músico, produtor, compositor, autor, com uma obra pluri-cultural, multi-facetada, que mistura musica clássica, flamenco, musica indiana, brasileira, ritmos africanos, hip-hop, jazz numa salada russa improvável e inovadora que me deixou apaixonado. Era o seu quarto album. Com o passar do tempo comprei mais três, que me deixaram sempre surpreendido e empolgado. Aqui fica Homelands...

quinta-feira, março 09, 2006

Conversa ainda sobre a relatividade do tempo


A questão é que as pessoas muitas vezes se precipitam para relações e compromissos cedo demais, sem terem consciência do que estão a fazer. Namoras há meia dúzia de meses e pensas que conheces a outra pessoa, que tudo vai correr bem, mas objectivamente seis meses não é nada, não conheces a fundo o teu parceiro.
Objectivamente? E objectivamente quanto tempo é suficiente para que se possa afirmar que se conhece o outro?
Uma vida...
Mas então que se conhece o bastante para não se considerar uma precipitação?
Um ano.
E objectivamente porquê um ano? Porque não dois?
Pode ser, mais de um ano, pelo menos um ano...
E porque não seis meses, ou cinco, ou oito?
Porque não, seis meses é pouco!
Objectivamente falando?
Sim.
Com base em quê?
É assim, um ano é que é o mínimo.
Objectivamente?
Objectivamente!
Isso é a tua opinião, não é um facto; ainda não me justificaste porquê um ano.
Porque assim passas por todas as estações. (risos)
Então, objectivamente, é uma questão meteoreológica! (risos)
A sério, não acreditas em mim?
Com base em quê?
Nas pessoas que conheço!
E se eu te disser que das pessoas que conheço e que se casaram, a taxa de divórcio é maior naquelas que tiveram namoros grandes do que naquelas que tiveram namoros curtos?
É porque tu conheces pessoas estranhas! (risos)
E se eu te disser que não há norma, não há maximo e minimo, mas sim pessoas diferentes com relações diferentes e que o tempo necessário varia de relação para relação, podem ser seis meses, um ano, dois, uma década?
Mas em média... é um ano! (risos)

quarta-feira, março 08, 2006

Dois meses

O que são dois meses? 60 dias? 1440 horas? 86400 segundos?
Há dois meses já não era Natal, há dois meses já nem 2006 era novidade, há dois meses já se sabia que o Cavaco ia ser Presidente, há dois meses trabalhava no mesmo sitio a ganhar o mesmo dinheiro, com os mesmos amigos e já tinha começado o meu primeiro atelier de teatro. Há dois meses eu sentia da mesma maneira.
Dois meses são 0,6% da vida que já vivi e não mais de 0,2% da vida que ainda espero ter pela frente.
Dois meses não é nada...

Dia da Mulher

Hoje é o dia da mulher, ponto de partida para se dizer as maiores piroseiras e baboseiras sobre as mulheres em geral e sobre nenhuma em particular. Fica aqui o marco até que não se sinta a necessidade de dar um dia exclusivo, até que todos os dias o sejam... (ui, ui, piroso lugar comum...)

Sugestão

Abriu ontem na galeria Arte Contempo uma exposição multidisciplinar de quatro jovens artistas portugueses Carlos Correia, Pedro Barateiro, Sílvia Moreira e Ana Bezelga (as duas últimas com projectos em video).
Com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, é uma hipótese de conhecer alguns trabalhos recentes destes criadores nacionais.


Arte>Contempo
Rua dos Navegantes, 46-A (à Estrela)
1200-732 Lisboa
7 de Março a 15 de abril de 2006
5ª feira a Sábado das 14h30 às 19h30

terça-feira, março 07, 2006

Imagens

Foi o fecho de um ciclo, o intensificar de processoas até que se tornam practicamente automáticos, foi o sublinhar do imaginário que tem que estar subjacente a cada passo que damos, a cada exercicio que fazemos, cada gesto, cada comando deve evocar uma imagem, uma sensação, um quadro, uma situação. É esse o objectivo final desta fase, a criação de um universo sensorial que nos vai permitir gravar no corpo as emoções, essas partituras que mais tarde temos que utilizar para desenvolver personagens que tenham vida, expressividade, que seja verdadeiramente credivel.
Ontem fomos privados de alguns sentidos, primeiro da visão, no jogo a pares em que um tapava os olhos a outro, guiando-o pela sala numa suave interacção de protecção e confiança. Em seguida juntamo-nos a três, o do meio confiava de olhos e ouvidos tapados, circulando num imaginário só seu de mundos perdidos e novos. Passei por mais experiências do que imaginei possivel em tão curto espaço de tempo, de padre a carrasco, de uma dança de sedução a um passeio no espaço. No final, gestos criados por cada um de nós, tornados num encadeamento sucessivo de movimento e emoções. Ontem foi um passo mais, outro dificil, para cada gesto uma imagem, uma emoção, e esse passo levou-me numa viagem que abriu, de mansinho, mais um patamar para atingir...

Uma mão cheia


... de vida, de sonhos, de planos, de dias, de ti...

segunda-feira, março 06, 2006

Sem surpresas...até à surpresa final.

Foi na madrugada de ontem para hoje que foi feita a 78ª entrega dos Prémios da Academia de Artes e Ciências: os Óscares. Novo apresentador Jon Stewart, conhecido pelo seu trabalho no Daily Show, prometia comédia crítica e acutilante, desde o primeiro momento que não desiludiu. Com uma entrada onde brincava com a sua escolha para apresentar estes prémios e continuando ao longo da cerimónia a gozar consigo próprio, com a Academia e inclusivé com os temas mais sérios que iam aparecendo. Foi sem dúvida uma melhoria sobre a desgraça que Chris Rock fez o ano passado. De resto a cerimónia estava morna, as músicas não entusiasmavam, as montagens referentes a este ou aquele tema pareciam algo aleatórias e forçadas, quase como se existissem apenas para queimar tempo(Jon Stewart a dada altura vira-se para a câmara e diz "já não temos clips, acabaram-se os clips,por favor, se têm clips em casa enviem-nos, seja sobre que tema for, não importa se é em beta!). Os prémios eram os esperados, os vencedores antecipados subiam a palco para recebê-los como se soubessem de antemão que eram os vencedores e aquilo se tratasse apenas de uma formalidade. Eis senão quando chega o prémio de Melhor Filme. Eu estava confesso, sonolento e já meio cambaleante portanto quando anunciaram Crash como o vencedor demorei alguns segundos a processar a informação. Foi a grande surpresa da noite e a consagração de Paul Haggis, que já tinha levado o Oscar por melhor Argumento Original este ano após ter sido graciado com uma nomeação o ano passado por Million Dollar Baby.
A escolha surpreende, mas o buzz em Hollywood indicava que esta era uma forte possibilidade, até para a Academia se demarcar um pouco dos outros prémios. Pessoalmente acho imerecido, dos 5 candidatos ao Oscar vi 3 e este é o pior do trio, começa bem, o tema é interessante, mas segue uma linha de diversas histórias onde todos são o que não parecem tornado-se portanto algo repetitivo e com esforço colossal de ligar todos os personagens no fim,de uma forma por vezes demasiado rebuscada.

PS - Em comentários ao meu post anterior pediram-me para dizer quais os filmes que eu gostava que ganhassem.Como não vi todos os nomeados esse é um exercicio que ainda não estou em condições de fazer... Para lista completa de vencedores ir aqui.

sexta-feira, março 03, 2006

Por um triz


Eram 16h30, desliguei o computador, levantei-me e preparei-me para sair mais cedo. Patrão fora, dois colegas de férias e um outro que tinha acabado de ir embora. Estava bem disposto. Toca o telefone: "Miguel, prepara-te porque hoje vai ser até tarde!" - era o meu chefe que estava a caminho do escritório. Liguei ao Paulo para ele voltar para trás.
É sexta, são quase 21h30 e eu ainda aqui estou, com a cabeça em água e prestes a rebentar... Bom fim-de-semana a todos...

Oscar Night

Domingo é dia dos Oscares, cerimónia de vista em todo o mundo onde a indústria cinematográfica americana premeia aqueles que dentro de si considera os melhores. Bem sei que os prémios não querem dizer nada e que a Academia tem uma longa história de enganos - basta dizer que no ano de Taxi Driver foi Rocky o eleito com o Oscar de Melhor Filme ou que Alfred Hitchcock nunca foi premiado - e se olharmos então para a última década a lista de disparates não acaba Shakespeare In Love como filme do ano, Julia Roberts com o Oscar por Erin Brockovich, Ron Howard como Melhor Realizador num ano que contava com por exemplo Ridley Scott, Robert Altman e David Lynch na lista de nomeados, o ostracismo de Tim Burton e por aí fora.
No entanto, e se esquecermos o ano passado com a apresentação do desastroso Chris Rock, os Oscares são sempre grandes espectaculos, normalmente com surpresas técnicas, estéticas e cómicas q.b., e representam o sentir da maior indústria de entertenimento do mundo num dado momento. Ao olharmos para o exemplo de Rocky podemos fazer uma análise cultural dos EUA nos anos 70 e como a história deste heroi improvável (que perde o combate caso não se lembrem) tocou num nervo emocional americano.
Este Domingo lá estarei, madrugada dentro a acompanhar o desenrolar dos acontecimentos num ano onde tudo parece já estar garantido.
Aqui fica a minha lista de favoritos à vitória (e não dos que eu gostava que ganhassem):
Melhor Filme - Brokeback Mountain
Melhor Realizador - Ang Lee: Brokeback Mountain
Melhor Actor Principal - Philip Seymour Hoffman - Capote
Melhor Actriz Principal - Reese Whitherspoon - Walk The Line
Melhor Argumento Original - Paul Haggis /Robert Moresco - Crash
Melhor Argumento Adaptado - Larry McMurtry / Diana Ossana - Brokeback Mountain
Melhor Actor Secundário - aqui tenho dúvidas entre George Clooney em Syriana ou Paul Giamatti em Cinderella Man
Melhor Actriz Secundária - Rachel Weisz - The Constant Gardener

The Gift

Já passou quase meia década desde que ouvi pela primeira vez The Gift, o som triste e melancólico de uma voz única. Este How The End... Always End é uma música de uma beleza simples, sofrida, que desde sempre me tocou. Aqui fica...

quinta-feira, março 02, 2006

Syriana

A caça aos filmes em falta continua e a vitima desta vez foi Syriana, nomeado para dois Oscares, Melhor Actor Secundário e Melhor Argumento Original.
Para começar este não é um filme que viva das grandes interpretações dos seus actores, ninguem compromete, mas ninguem é realmente brilhante, a nomeação a Clooney parece ser mais devido à alteração fisica por que passou (engordou bastante para o papel, parecendo um homem banal e longe da imagem de sex symbol), do que propriamente a uma performance de destaque. Não conhecia o realizador, mas parecia-me ser um misto de Tony Scott, Michael Mann e Steven Soderbergh. Curiosamente Soderbergh é produtor executivo desta fita e Stephen Gaghan (o realizador) é o argumentista de Traffic. O enredo gira em torno de uma conspiração internacional que envolve grandes petrolíferas, o Estado americano e lutas de poder no Médio Oriente. As conclusões finais não são novas, os EUA influenciam, mentem, subornam, intimidam e matam para defender os seus interesses económicos. O formato tambem não, quatro personagens e quatro histórias aparentemente diferentes interligam-se. A forma fria e distante com que nos são dadas as situações afastaram-me de sentir algo, ou sequer me preocupar por aqueles personagens, fazendo com que passe em branco por todo o filme. Percebo quem goste mas, pessoalmente, não me disse nada...

P.S. - As imagens estão de volta!! :)

quarta-feira, março 01, 2006

Pessoal

Terça feira de carnaval. Aula de workshop de teatro, mais cedo por causa do aniversário do meu pai. 17h30 iniciava a aula, massagem aos pés, um momento de pausa, de tratar de nós, de cuidar de uma parte do corpo muitas vezes esquecida, o motivo? Antes da aula começar falava-se de meias. Assim o Thiago fazia-nos perceber que nem tudo está pré-programado, que se deve estar atento e reagir conforme o mundo se nos apresenta.
Há duas aulas falou-se de amor, relações humanas, casamento, ontem tivemos que levar um objecto que representasse para nós aquilo que foi dito nessa aula, mostrá-lo, falar sobre ele e reflectir de uma forma diferente (dar-lhe um nome, gostos, sexo, idade, como se de uma pessoa se tratasse). Foi dificil a exposição pessoal desta forma, foi dificil mostrar algo de intimo, único, de verdadeiramente importante. Rodou toda a gente e os sentimentos eram diversos, do amor, à tristeza, à perda, saudade ou ternura. Foi inspirador ver as pessoas abrirem-se e exporem-se de uma forma tão autêntica, tão genuina. A seguir tivemos que representar livremente o objecto em causa, no meu caso não representei o objecto em si, mas o sentimento por detrás do mesmo. Não foi fácil, nada fácil, abrir esta caixa de Pandora e deixar fluir sem censuras algo profundamente emocional. Demorei a aula quase toda para recuperar, para voltar à normalidade. Não estava preparado, não estava à espera desta reacção, foi dificil, foi muito dificil. O resto do tempo passou entre conversa e discussão sobre sentimentos, sobre a veracidade dos mesmos, sobre auto-conhecimento, sobre descoberta, quebrar barreiras e tabus na busca da interioridade, do bem-estar, do prazer. Estamos quase no fim desta fase. Mais duas aulas e damos outro passo em frente. O futuro promete...