sexta-feira, agosto 08, 2008

Diz-me Como A Chuva


Há muito tempo que não via a Cucha Carvalheiro em palco. Não podia deixar perder esta oportunidade, na última semana de representação de Diz-me Como a Chuva, em cena até domingo.
Baseado em diversos textos de Tenesse Williams, Diz-me Como a Chuva é uma produção da Escola de Mulheres levada a palco na Comuna, casa que Cucha conhece bem.
Foi um misto de sentimentos.
Ver Cucha Carvalheiro de novo a representar não trouxe desilusão, plástica, inteligente, se bem que por vezes irregular, foi um prazer reencontrar esta actriz.
Como peça no entanto, Diz-me Como a Chuva esteve muito abaixo das espectativas.
Os textos de Tenesse Williams são geniais, mas a junção aparentemente aleatória de vários pedaços transforma a peça numa manta de retalhos incoerente, um jogo de atenção que é de longe mais estimulante para as actrizes do que para o espectador.
A encenação de Marta Lapa tem pormenores interessantes, mas peca por excesso noutros momentos, tornando o que deve ser subtil em movimentação óbvia.
A cenografia é impressiva, tal como o texto final uma manta de retalhos do universo de Williams, estéticamente bem conseguida, se bem que, uma vez mais, demasiado dispersa e com pontos de foco desconexos e desnecessários.

Tudo isto seriam pormenores numa experiência agradável, não fosse a performance de Isabel Medina. Uma prestação absolutamente desastrada, forçada, histérica, para esquecer. Nos momentos em que fez de Blanche DuBois a comparação com Vivien Leigh no filme de Elia Kazan torna-se inevitável, e aí o descalabro toma proporções abissais.

Um acto falhado na Comuna, apenas para fãs, ou quem queira ouvir palavras de Williams.


Diz-me Como a Chuva
textos de: Tenesse Williams
Encenação Marta Lapa
Interpretação: Cucha Carvalheiro e Isabel Medina
Quarta a Sábado - 21h45, domingo - 17h
Até 9 de agosto
Preço: 12,5€ (existem diversos descontos, perguntar na bilheteira)
Comuna Teatro de Pesquisa
Praça de Espanha
1070-024 Lisboa
Bilheteira: 931 619 217

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