segunda-feira, maio 05, 2008

George A. Romero's Diary of The Dead

Romero deu os seus primeiros passos no cinema com uma obra que se transformaria rápidamente num cult classic, A Noite dos Mortos Vivos. Este filme não só inauguraria uma carreira, e daria o mote para uma série épica de filmes de zombies, que se transformaram na imagem de marca de Romero, fazendo esquecer por completo que não só de mortos-vivos se fez a filmografia deste homem.
O que difere Romero de muitos outros realizadores de filmes de terror é que, por detrás da carne putrefacta e dos membros desfeitos, se esconde, timidamente primeiro, mais vigorosamente depois, uma intensa crítica social.
Cinco filmes, com um sexto previsto para o ano, sem nenhuma ordem cronológica específica, mudando, evoluíndo, adaptando-se a uma realidade em constante evolução.
No seu último filme, O Diário dos Mortos, Romero leva a sua saga dos mortos a um terreno que Blair Witch Project popularizou, apesar de aqui se ver mais a mão de Redacted do que dessa mal fadada caça às bruxas. O tema já não é tanto a praga zombie, nem sequer os sustos que aqui já escasseiam, mas sim o uso da imagem, um olhar sobre a tal democratização que as câmaras digitais, os telemoveis capazes de gravar filmes, o youtube, os blogs e toda a internet supostamente trouxeram ao mundo. O perigo não jaz apenas no "outro" jaz em cada um de nós.
O problema é que, ao contrário de A Terra dos Mortos, aqui Romero preocupa-se tanto com passar a sua mensagem, a sua crítica, que se esquece do aspecto mais importante, está ali a fazer um filme, que conta uma história, que tem que estabelecer uma ligação com o espectador. Aqui não o faz. Há momentos interessantes, mas a maior parte do tempo passa sem que nada se sinta, nem medo, nem revolta, nem dor.
Talvez por isso A Terra dos Mortos tenha feito em 2005 mais de 46 milhões de dólares e este Diário dos Mortos nem consiga chegar aos 3.

Sem comentários: