quarta-feira, janeiro 21, 2009

Changeling

Há pessoas que quando envelhecem se transformam, apuram, atingem o seu estado máximo.
Clint Eastwood é um desses casos. O seu talento como realizador cresce a cada ano, a cada filme que faz. O seu charme pessoal também.
A Troca é o último filme de Eastwood a chegar às salas portuguesas. Conta a história verídica de uma mulher, nos anos 20 em L.A., cujo filho desaparece. Meses mais tarde a polícia entrega-lhe uma criança, mas a mãe afirma que aquele não é o seu filho. Entra então numa luta desesperada contra uma corporação corrupta que controla a cidade.
Perfeição e contenção são as duas palavras que me vêm à cabeça quando penso em A Troca. Misto de melodrama com filme político, constrói-se passo a passo, fugindo do facilitismo dramático, com uma perícia, uma mestria notável. Eastwood guia-nos num labirinto por vezes inacreditável de eventos, cria-nos dor, tristeza, esperança, angústia, constrói as suas situações e personagens num misto de coragem e força, conseguindo até levar-nos a um pleno de ambiguidade moral e humana.
Tudo é construído no tom e no ponto exacto, da representação (magnifica performance de Angelina Jolie) aos cenários, figurinos, ao fabuloso trabalho de luz, à reconstrução de época (perícia técnica e artística a escorrer pelas paredes), acabando na suave banda sonora da responsabilidade do próprio Eastwood.
É daqueles filmes que nos faz reencontrar com o cinema como arte, como indústria, como entretenimento. É daqueles filmes que faz com que todas as horas em frente ao ecrã prateado valham a pena.
Imperdível.

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