segunda-feira, janeiro 26, 2009

Die Welle

Será possível, numa sociedade globalizada, numa Europa moderna e supostamente esclarecida, a emergência de um regime ditatorial?
Um professor alemão, liberal de esquerda, jovem e com uma excelente relação com os alunos, resolve fazer um projecto. Numa aula sobre autocracia decide começar um regime ditatorial numa turma que insiste ser impossível acontecer hoje em dia, impossível acontecer com eles.
São pequenos passos, um pouco de ordem na sala, cada um a falar à vez, organizados. Em seguida criar um líder, dar aos alunos um sentimento de pertença, por o bem comum acima do bem individual, criar-lhes um inimigo a combater, dar-lhes uma farda, um lema, um nome, um símbolo. Pequenos passos, a maioria inofensivos, a maioria com os quais qualquer pessoa concorda. A motivação aumenta, o sentido de pertença também e com ele a entre-ajuda. Começam a ter um novo sentido para a vida, a criar um novo orgulho em si próprios. Até que começa. Devagar primeiro. Alguém que não quer usar a roupa igual e é olhado de lado. Alguém que não faz a saudação e é proibido de entrar num espaço público. A Onda cresce, o temor também.
Filme alemão a olhar sobre os perigos de se esquecer o passado, a facilidade com que tudo pode voltar.
Tenebroso a espaços, inteligente, A Onda sofre apenas com o tempo que dura. O projecto escolar só vai de segunda a sexta, demasiado rápido para tanta mudança, demasiado curto para que se sinta o perigo na pele.
Mas a mensagem fica lá. Começa sempre assim, pequeno, um passo aqui, um sussurro ali, até que nos vemos submergidos por algo assustador e ao mesmo tempo tão confortante, tão certo, tão quente, tão sedutor...

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