John Rambo
Confesso, quado soube, há coisa de um ano, que Sylvester Stallone ia tentar relançar a carreira com um sexto Rocky e um quarto Rambo, só me faltou deitar no chão a rir. Convenhamos, um homem de 60 anos aos murros com campeões do mundo de boxe ou a rebentar com tanques belindados usando apenas arco e flecha é, no mínimo, patético.
Rocky Balboa veio e surpreendeu-me. Um filme terno sobre um homem em fim de vida que perdeu tudo o que lhe é querido e precisa mostrar que ainda não está acabado. Torna-se convincente pela incrível forma física de Stallone e pelo argumento bem desenhado.
Chega agora John Rambo. E não é que surpreende também?
A história é do mais linear que pode haver, Rambo vive ainda na Tailândia desiludido com o mundo, até que é abordado por um grupo de médicos religiosos que quer ir de barco até à Birmânia, onde existe das mais longas e brutais guerras civis da história. Pretendem aliviar o sofrimento das vitimas daquele genocídio. Ele concorda (relutantemente), e a coisa corre mal. Os médicos são raptados e Rambo junta-se a um grupo de mercenários para os libertar.
A questão aqui é que a violência ganha, por fim, corpo, uma fisicalidade impressionante, o terror espelhado na cara das pessoas é real, a tortura, o massacre, a sexualidade existe pela primeira vez nesta série de filmes. Rambo volta a ser um homem e, enfim, a máquina de guerra que sempre se apregoou. Mas desta vez a sério. Não rebenta tanques, não destroi sozinho exércitos, não é um personagem de papel a rebentar com bonecos de plástico. É uma pessoa, e as suas acções são horriveis e têm consequências, em si próprio, e nos outros. É um regresso a casa. Como se este personagem precisasse desta explosão para finalmente se encontrar e acabar a viagem que começou à mais de vinte anos em A Fúria do Heroi.
Exagero? Talvez, para quem cresceu com estes filmes talvez não seja. Mas vale a pena tirar as dúvidas...
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