quinta-feira, setembro 18, 2008

Berlim

Há cidades que têm imagens gravadas na minha cabeça, os arranha-céus de Nova Iorque, as praças de Florença, os canais de Veneza, o bairro gótico de Barcelona, os bares e cabarets de Berlim.
O problema é que os locais sombrios carregados de fumo, a vida boémia dos anos 30 da capital alemã, são apenas fragmentos de um imaginário colectivo que hoje já não existe, pelo menos da mesma maneira.
Berlim é das cidades europeias que mais sofreu nos últimos anos, passou pelo massacre da Segunda Grande Guerra, pela ocupação de quatro potências estrangeiras, pela divisão entre o Comunismo e o Capitalismo, o muro, a reconstrução, a reunificação e o apagar das cicatrizes nos últimos 20 anos.
Hoje é uma cidade moderna, viva, pulsante, mas não a achei apaixonante, é demasiado recente. Se a tecnologia e a arquitectura dos últimos 10 anos dá um ar da sua graça e cria maravilhas como o Sony Center, a verdade é que as influências dos anos 80 estão em todo o lado, dando a muitas zonas da cidade um ar de Telheiras antiga.
É no fundo uma cidade boa para visitar, mas pareceu-me ser muito mais apelativa para viver.
Com uma qualidade de vida impressionante, seja pelos preços iguais ou até inferiores aos de Portugal, seja pelos transportes públicos que funcionam na perfeição, pelos diversos espaços verdes, ou pelas ciclo-vias que acompanham todas as estradas. Metro, comboio e autocarros complementam-se, se bem que entre o U-Bahn e o S-Bahn (metro e comboio) nos colocamos em qualquer lado. De madrugada autocarros passam de um quarto em quarto de hora, certos ao minuto.
Uma semana não chega para passar a pente fino tudo o que há para ver, para encontrar os seus diferentes espaços, da ilha dos museus ao palácio, do centro histórico ao enorme jardim, o Tiergarten com a estátua que Wim Wenders celebrizou em as Asas do Desejo.
A memória nazi não foi apagada, nem os berlinenses a querem apagar, diversas estátuas e obras de arte fazem com que ninguem se esqueça do horror ali produzido. Nesse aspecto o museu judaico é um ponto de passagem obrigatório, com experiências sensoriais únicas.

Em constante mudança, em constante evolução, adaptando-se, crescendo, ganhando força. Atenta às artes e aos movimentos alternativos, culta, urbana, pensada para quem lá vive, Berlim é uma capital atenta aos seus cidadãos, é facil apetecer ficar por lá...

2 comentários:

Astor disse...

Vai a Munique e sente a verdadeira Alemanhã. Melhor.. a verdadeira Baviera!

Eles conservaram as fachadas originais de muitos edificios.. ou seja.. um mimo.

E depois... entras naquelas cervejarias do tempo dos afonsinhos.. ui.

MPR disse...

Hei-de ir mais vezes à Alemanha. E ouvi dizer muito bem da Baviera...