terça-feira, setembro 02, 2008

Wall-E

Se o cinema é a arte de realizar filmes, a capacidade de contar uma história pelas imagens, Wall-E é a prova que, mesmo numa altura em que o ruído reina, em que criar emoção passa muitas vezes pelo excesso barroco de efeitos especiais, pela montagem epilética em que cada plano não pode durar mais de um segundo, em que o som é descarregado aos gritos sobre o espectador sonâmbulo, mesmo hoje, as bases do cinema não mudaram.

Wall-E é a história do último robot à face da Terra, que 700 anos após o abandono dos Homens, continua o seu trabalho solitário, tendo uma barata como única amiga. Só que em 700 anos Wall-E começa a ganhar uma consciência...

O último filme da Disney Pixar, que desde Toy Story nos tem trazido título após título de grandes fitas (À Procura de Nemo, Ratatouille, Os Incríveis ou Monstros e Companhia), é provavelmento o filme mais terno do ano.

Sem palavras, ou quase, Wall-E leva-nos, passo a passo, a apaixonar por este pequeno robot (?), este embrião de E.T., personagem humano e emocional, destinado a encontrar amor, preso num mundo solitário de descoberta.

Fascinante, sedutor, cómico, Wall-E entra directo no panteão dos grandes personagens do cinema.

No pináculo da tecnologia, o filme é tecnicamente perfeito, a história desenrola-se como se de um filme mudo se tratasse, passo a passo, sem o recurso ao diálogo, muitas vezes fenómeno intrusivo e facilitista do cinema, cujo expoente máximo é o uso abusivo do narrador. Wall-E mostra-nos este novo mundo, apresenta-nos os seus personagens e os seus sonhos, não se limita a falar sobre eles.

Uma vez mais sem faixa etária definida, é indúbitavelmente para miudos e graúdos, perde-se também na definição específica de género.

Mais importante que tudo é que Wall-E é uma experiência apaixonante desde o primeiro segundo.

1 comentário:

polegar disse...

é delicioso...

e a curta da Pixar, não esquecer! ;)