quinta-feira, janeiro 29, 2009

Vicky Cristina Barcelona

Woody Allen tem vindo numa espiral descendente. Com a honrosa excepção de Match Point há 4 anos atrás, não vejo um grande filme do realizador desde As Faces de Harry em 1997. Vicky Cristina Barcelona foi tão bem recebido - levando inclusivé o Globo de Ouro de Melhor Filme - que me enchi de esperança num retorno em grande de Woody Allen.
Duas amigas americanas, Vicky e Cristina, vão passar o Verão a Barcelona. Na viagem encontram um sensual pintor com o qual acabam por se envolver. Cristina junta-se a ele, até que, para complicar ainda mais as coisas, aparece Maria Elena, a ex-mulher lunática.
A história não é brilhante, mas os triângulos amorosos destas 4 personagens podiam ser interessantes, principalmente pelas diferenças marcadas entre elas. O casting foi perfeito, Javier Bardem transborda sensualidade, Scarlett Johansson convence como uma debutante sexy, Rebecca Hall faz um contraponto forte e Penélope Cruz ilumina o ecrã com a sua força bruta, a sua emoção à flor da pele.
No entanto o filme falha.
Começa pela escolha de um narrador que não se cala durante toda a acção, declamando monocórdicamente aquilo que já se está a ver no ecrã. É redundante, profundamente irritante e não faz mais do que tirar a atenção da história que se desenrola à nossa frente.
Em segundo lugar, a escrita de Woody Allen tornou-se do mais piroso e carregado de clichés que imaginar se pode! Barcelona é vista como um postal animado, um passeio turístico onde abundam os lugares-comuns a um nível perturbante, não só nos locais, como na forma infantil com que se refere a todo o meio artístico. Não existem lugares, pessoas, relações, mas sim caricaturas das mesmas. Consigo ver o próprio Woody Allen de Annie Hall ou Manhattan a gozar perfidamente com este monte de chavões.
Allen quer ainda fazer um filme sensual e provocante, mas não tem a coragem de ir até onde é preciso. Cai então no ridículo. Um exemplo é querer despir Scarlett Johansson para depois lhe tapar o corpo com lençóis e fazê-la cobrir-se com os próprios lençóis quando se senta na cama com o amante. Este tipo de situações está espalhada pelo filme. Se não se quer jogar com a sensualidade e a sexualidade não se joga.

Valha-nos Penélope Cruz, quando ela aparece é uma lufada de ar fresco. Para além de um portento de mulher é mesmo uma grande actriz.

2 comentários:

Varandas disse...

Eu acho é que querias ver os dotes da scarlett e ficaste irritado quando ela puxou o lençol para cima...

MPR disse...

Camarada, já me conheces bem o suficiente para saber que sim, aprecio os dotes da scarlett e da penelope. E conheces bem o suficiente para saber que isso nada tem a ver com a apreciação que faço do filme...