quarta-feira, março 04, 2009

The Reader

Há uma história de amor, há feridas de um passado e uma vergonha que atravessa uma vida e a molda, tolda e guia.
O Leitor é o último filme de Stephen Daldry, o mesmo realizador de As Horas e Billy Elliot. Baseado no romance de Bernhard Schlink, foi um dos candidatos ao Oscar de Melhor Filme este ano e dos 5 nomeados é talvez o filme mais complexo e interessante.
Daldry gosta da reconstituições de época, de histórias humanas que atravessam fronteiras, de pessoas presas a um segredo que as consome e lhes define o destino.
O Leitor segue este percurso sinuoso e pessoal, emocional e desconcertante, perseguindo os seus personagens com um sentimento de angústia, de culpa. Nesta viagem conta com um grupo de actores perfeito, de Ralph Fiennes ao jovem David Koss, de Bruno Ganz a Kate Winslet, num desempenho memorável que lhe valeu o merecido e há muito devido Oscar, mas na categoria errada (deveria ter sido de Melhor Actriz Secundária).
Uma pequena sugestão, não leiam críticas, nem resumos de argumento, não vejam sequer o trailer que aqui posto. Vão para o cinema a saber apenas que o filme começa com a história de amor entre um adolescente e uma mulher de meia idade na Alemanha dos anos 50. Quanto ao resto deixem-se surpreender.

9 comentários:

Varandas disse...

Oh pá... mas que grande, grande filme...

Stephen Daldry RULES!!!

Abraço.

Anónimo disse...

Olá MPR.

só estava à espera da Kate Winslet para finalmente (se/me) justificar o meu primeiro comentário no teu blog.
Obviamente que fiz logo o que pediste:desobedeci-te e tive de voltar a ver o trailer....em repeat mode.Depois de ver o filme, optei por me deixar surpreender, again...pelo trailer.
Há já algum tempo que andava a reparar discretamente na Kate, acho que aconteceu por volta daquele filme em que contracena com o Jim Carrey(outro que adoro).Nunca disse nada a ninguém, sobre a Kate, porque precisava de entender se era apenas um fenómeno da minha cabeça.Vi o Leitor, veio o óscar e confirmei.
Mas por muito que concorde quase sempre contigo(um verdadeiro tédio)
não estou a conseguir compreender porque é que sugeres outra categoria.Por um lado, percebo que a presença constante no filme é a do adolescente e narrador mas não acho que seja o suficiente para mudar a categoria à oscarizada e, atenção, que nunca secundarizei a importância do papel secundário.
Admito que esteja a ver mal e que ainda possa estar a sofrer o efeito do deslumbramento com a Kate Winslet...nO Leitor.Na tarde em que vi o filme senti-a, à Kate, o principal do meu dia.Mas pode ser uma cegueira entusiástica por aquela mulher que ainda não passou.
No teu post senti uma grande necessidade de que justificasses a "categoria errada".Perceber, objectivamente,a categoria para entender se o "principal" é apenas a minha ilusão óptica.É melhor proteger-me dizendo que esta sensação de "principal kate" não se deve apenas à sua estonteante beleza rude mas também porque sinto que todo o "desconcertante sinuoso e emocional" é quase sempre lançado pela personagem dela.Pareceu-me que a acção parte dela e que o adolescente reage-lhe assumindo então um papel importantissimo.Continuo a admitir que posso ter os olhos embaciados.
Claro que este teria sido o meu filme do ano se, depois, eu não tivesse ido ver o "Revolutionary Road"....e juro que não foi por causa da kate winslet...embora não vá jurar pela minha mãe.
Aconteceu-me uma coisa estranhissima: deixei o Road para último e, de repente, esqueci-me de todos os filmes que vi até hoje...mas, lá está, tenho esperança que isto me passe.
!abraço MPR!

Catarina

MPR disse...

Olá Catarina.
A diferença é que o personagem principal, o protagonista de uma história, seja um filme, livro ou outra qualquer, é aquele sobre quem recai a acção. No fundo se perguntares "esta é a história de quem?" tens o teu protagonista. Esta é a história do rapaz e da sua relação com a Kate Winslet. Tudo é visto pelos olhos dele. Como tal, os outros papeis são de apoio. Secundários. Ela ganhou diversos prémios como actriz secundária aliás por este filme.

MPR disse...

Já agora... que Catarina és tu?

Anónimo disse...

Sou a catarina do Quino e do "Para ler o Pato Donald", remember?

Quanto à categoria, acho que também podes ter razão...aliás acho que pode acontecer termos os dois razão, não sei.
Primeiro porque acho que pode haver dois protagonistas num só filme e depois porque se voltares a tua pergunta para ti:"esta é a história de quem?" também consegues responder que é a história da Hanna,é a história de uma mulher que nos chega através daquele rapaz...não sinto isso(o olhar dele) como suficiente para lhe retirar a "principalidade".
Podíamos discorrer sobre os esquemas da academia para premiar e consagrar quem bem lhes apetece:a categoria secundária foi para a penélope mas há urgência de premiar de maneira inequívoca e consagrada a Winslet e por isso há um desvio para principal.Nem sequer sei do que estou a falar mas uma coisa deste género.
O que começo a achar é que, da mesma maneira que, às vezes, a classificação drama/comédia é subjectiva, também os leading roles o podem ser.É que, palavadonra, que consigo responder à tua pergunta das duas maneiras:é sobre o adolescente.É sobre a Hanna.Tu tens razão(e o globo de ouro também) mas eu não sinto que a tenha perdido, a razão, percebes-me? É-me muito difícil aceitar o papel dela apenas como um apoio ao dele.
Agora, até te digo que acho o papel da winslet no revolutionary muito mais complicado de interpretar...e que ela o faz de uma forma brilhante.Enquanto a Hanna é uma mulher rude que quase se deixa "suavizar" por novos horizontes...a rudeza, a rispidez e a dureza podem ter representações óbvias...a winslet do road...é um processo de frustração calada, mesmo que por vezes rebente.É dor disfarçada...nem sei bem como te explique isto, talvez saibas fazê-lo melhor do que eu.É um papel menos linear e ela faz aquela cena na perfeição.Para mim o óscar é para a winslet no leading role...lá está, num dos leading roles(o que é que fazemos ao di caprio? é protagonista.)do revolutionary.
Mas pronto, estava a ver se discordava de ti para sair do marasmo de achar a mesma coisa(tenho lido outros posts aqui) e ainda não consegui fazê-lo por completo.
No entanto suspeito que esta é daquelas coisas que quanto mais certeza tiveres sobre o erro da categoria, menos dúvidas terei de que foi a categoria acertada.
Mesmo assim, resta ainda uma hipótese de incerteza quanto ao que estou a dizer e como deves ter ouvido:"A Dúvida" é sempre mais forte que a certeza...tu conseguiste lançar-me algumas dúvidas sobre o que eu ía jurar que era de uma principalidade atroz.Thank´s. Faz-me muito bem à saúde ser contrariada com eficácia e em muito menos tempo e texto do que eu.

Catarina

MPR disse...

Catarina, claro que me lembro de ti! Não sabia que vinhas aqui ao Sopros, fico feliz que o faças.
No caso do Revolutionary concordo contigo, é um papel muito mais complexo e subtil e se calhar até mais merecedor de Oscar.
Nesse filme há dois protagonistas, como em tantos outros, olha o Thelma & Louise por exemplo. Não é a história de um rapaz que conhece uma rapariga, é a história de duas pessoas que se conhecem. Não tem que haver só um protagonista, aliás não há limite ao número de protagonistas numa história. Dramaticamente seguimos no Revolutionary Road o ponto de vista de ambos, a vida de um e de outro. No caso do Reader seguimos sempre a vida do rapaz, que se cruza com a vida da mulher. Desde o início que é a vida dele, a doença dele, a família dele, a escola dele, os amigos dele e a mulher por quem ele se apaixonou. A dada altura ela até desaparece e continuamos a segui-lo a ele, para a universidade e no reencontro. Daí falar em protagonista. O nome secundário tira peso ao personagem e ao papel, mas é uma questão de semântica, ela é brilhante e fundamental em toda a história, aliás sem ela não existiria história.
Quanto a discussões, adoro discutir e partilhar pontos de vista. Uma noite bem passada pode ser com um copo de vinho e alguém inteligente que discorde de mim!

Anónimo disse...

Tábem...tábem...concordo, pior, sinto-me a concordar (isto doeu tanto MPR)mas, só para acabar, porque é que imaginas que a academia a colocou principal? agora tenho curiosidade...mesmo que não tenhas a certeza, tens alguma ideia?
Ah é verdade, o "Pecados Íntimos" saíu agora com um jornal e consegui comprar o DVD sem ter de gramar o jornal que, às vezes, me irrita um bocadinho.E estou numa excitação para que chegue, hoje, um momento de sossego para o rever, não é no cinema mas agora vai ter de ser assim. Picture this MPR: Kate Winslet e Jennifer Connely...as duas mulheres da minha vida...pelo menos nos últimos tempos.A Jennifer, tenho de confessar-te que é um caso que já começa a assumir contornos graves porque quanto pior fôr o filme em que ela entre, mais depressa estou eu a comprar o bilhete.Ah e também me acontece uma coisa gravissima com a Jennifer:quando alguém(uma pessoa qualquer) começa a elogiá-la, faço uma cena de ciúmes possessivos e amuo.Espero que a detestes MPR porque a minha cena com a jennifer tem qualquer coisa de tara.Com a Kate já sou um bocadinho mais "saudável"...guardo a cena só para mim.(acho melhor deixar o aviso *kidding* não vá isto parecer assustador)
Ah esqueci-me do principal:acho que "O Pecados Íntimos" é um daqueles que também está para "além do bojador".
Pronto MPR, vou beber um copo de água porque estou de tal maneira abalada por não ter tido razão que sou capaz de lhe juntar um bocadinho de açucar.
!bom sábado MPR!

Catarina

MPR disse...

Catarina, creio que a Academia conta o a percentagem de tempo no ecrã para decidir em que categoria insere o papel, mas não tenho a certeza, posso estar a dizer um enorme disparate.
Quanto ao Pecados Íntimos concordo, é um grande filme e, uma vez mais, um grande papel.
Da Jennifer vou abster-me para não provocar cenas de ciumes... ;)
Já a Kate é uma das minhas actrizes favoritas a vários níveis, praticamente deste a primeira vez que a vi no ecrã.

Bom fds.

Anónimo disse...

...desde a primeira vez que a viste no ecrã? és então um apreciador perspicaz da beleza feminina.Nem todos os homens se podem gabar de tal coisa e por isso desejo-te, desde já, um resto de bom dia da Mulher ;)
Quanto à Jennifer, estou quase, quase curada.Percebo que ainda vou ter de atravessar por um período de abstinência e que vai doer um bocadinho e que vou andar a ver, um pouco por todo o lado, a cara dela e, raios os partam, aos olhos dela também mas sei que, um dia, esta Jennifer me vai ser indiferente e que nesse dia terei uma sensação inédita de liberdade que me permitirá amar a kate winslet com todas as minhas forças.nessa altura, eu e tu teremos um pequenino problema:o de amarmos a mesma mulher só que, aí, eu já terei amadurecido e dir-te-ei simplesmente, és um homem de muito bom gosto MPR.
Qual de nós irá a kate escolher? Espero bem que seja o Sam Mendes, porque apesar de estarem sempre a chatear o homem e a dizer que se tornou num gajo convencional, é impossível, MPR, que aquele tipo não seja, de facto, especial de corrida...nem que seja pelas "cenas" que escolhe realizar.
Suspeito que, por muitos anos que eu viva, não esquecerei(rev.road) o último plano do velhote no cadeirão a desligar o aparelho para ficar surdo...é aí que o arrepio se torna mais forte e é, sobretudo este último arrepio, que (me)nos deixa spechless durante as várias horas que se seguem.
Quanto aos critérios da academia, não sei se estás a dizer um disparate e ainda nem sequer consigo perceber se a academia tem razão ou não em cronometrar participações mas, para já, fico ainda mais convencida do erro da categoria.
ainda é preciso o aviso do *kidding* para a cena da jennifer?é melhor, é melhor porque fica sempre muito mal assumirmos taras;)
boa noite MPR

Catarina