terça-feira, julho 04, 2006

No meu prédio


São pedras, são madeiras, são cinco andares de uma existência que começou em 1777 (na altura seriam só três), ano de construção e que dura até hoje, com a varanda ao comprido, o quarto de vestir, as tábuas corridas de madeira, as portadas, o pé direito alto, a luz todo o dia, a pedra do forno na cozinha.
O primeiro andar no entanto é um caso à parte. Com uma entrada própria, ocupa todo o edificio, que tem normalmente duas casas por piso. Salão imenso, salas forradas a madeira, foi comprado por um arquitecto, jovem, que planeia fazer ali o seu atelier e residência.
Foi através dele que descobri, e mais tarde confirmei, que naquele prédio, naquela casa, naquele primeiro andar, trabalhou durante alguns anos Fernando Pessoa.

São 230 anos de vida de um prédio... com muita história... E são pormenores destes que acrescentam ao gozo de viver na Baixa...

7 comentários:

laura disse...

Pois diz que onde eu moro era um antigo bairro operário, onde moravam os operários das fábricas de Alcântara. Diz que tb é comum o pessoal que se atira da ponte cair ali no quintal que se vê da minha cozinha... E eu que costumava ficar ali a olhar para a ponte e para os limoeiros, a ver o pôr do sol... :))

polegar disse...

gosto de prédios com história, de chão de madeira corrida, de zonas antigas, cheias da luz de Lisboa. um dia também terei histórias como as tuas para contar. agora as prioridades são outras...

por enquanto, moro numa zona a que chamam o bairro dos actores, por causa dos nomes das ruas. tem um pequeno parque infantil que se enche de joelhos com betadine e saias coloridas, conselhos das avós à sombra. ali também há zona de jogatana para os velhotes, com café e esplanada. tem uma mercearia que está aberta todos os dias [feriados e domingos e tudo] até às 9 ou 10 da noite. e um moinho com uma vista impressionante da noite no subúrbio espalhado pelos montes. não é imponente nem histórico, mas é o meu cantinho :)

polegar disse...

e conta lá... que poema assim de repente, achas que pode ter escrito ali...? ;)

MPR disse...

Creio que O Livro do Desassossego foi escrito na altura em que ele ali trabalhou, agora se ele o escreveu lá não sei.

deep disse...

Como correspondente comercial, certo?
Isso é giro!...

Lcego disse...

É um previlégio! Na minha passagem por Lisboa morei numa casa da bica, sempre lhe associei o fado vim a saber depois que uma fadista famosa da década de 40/50 tinha morado lá. É arrepiante sentirmos histórias nas paredes.

pinky disse...

cooool! vivemos ambos em prédios antigos imbuídos de espirito literário.
no meu caso antónio tabucci, exactamente na minha casa.
Adoro casas com história e atmosfera!