sexta-feira, agosto 25, 2006

E Plutão?


(Plutão e Charon)

A primeira definição de planeta que alguma vez existiu foi a de “estrelas” que se mexiam de constelação para constelação. Copérnico mostrou que os planetas e a Terra orbitavam em torno do Sol, começou-se a supor que os planetas fossem “Terras” e o telescópio de Galileu provou que na verdade os planetas eram esféricos. Em 1801 foi descoberto Ceres, um “planeta” redondo, que por causa do seu tamanha demasiado pequeno passou a ser definido por asteróide. Em 1930 foi descoberto Plutão, a sua estimativa de tamanho foi exagerada e foi declarado planeta. Na verdade é minúsculo, cabem 3,5 “plutões” dentro da nossa Lua. A discussão seguiu-se: deveria ser ou não considerado um planeta? Até que há pouco tempo se descobriu um objecto chamado 2003 UB313, bastante maior que Plutão. A questão levantou-se, seria um planeta? E outros objectos apenas infinitesimalmente menores que Plutão?

O que é um planeta?

A União Astronómica Internacional pronunciou-se este mês sobre a questão. A primeira proposta de definição que arranjaram foi um corpo que tivesse gravidade suficiente para se transformar numa esfera, que tenha mais que 800 km de largo e que orbite uma estrela em vez de outro planeta. Foi feita uma excepção para os sistemas binários de planetas (dois planetas que orbitassem em torno um o outro).
Esta definição fazia com que Plutão fosse um planeta, mas transformava o sistema solar num sistema com 12 planetas e não 9, e levantava dúvidas sobre mais uns quantos objectos.
Alguns problemas surgiram. E se um objecto tiver 799 km de diâmetro? Existem diversos objectos quase esféricos, mas não totalmente, aliás alguns dos planetas gigantes são bastante mais largos no seu equador. Quão esféricos teriam de ser? Um objecto de gelo por exemplo é mais facilmente redondo que outro de rocha, independentemente da sua órbita ou massa. Seria esta definição justa? Existem na verdade uma dúzia de objectos que quase têm esta definição. Que fazer?

(Os quase planetas)

Existem ainda diversas luas que têm massa maior que Plutão, actividade geológica (que Plutão não possui) e até atmosfera. A única questão é que orbitam planetas, se orbitassem uma estrela não haveria dúvida. O problema aqui levanta-se sobre o que é isso de orbitar outro planeta e quando é que se considera um sistema binário. Na verdade a Lua não orbita apenas à volta da Terra, a Terra também se movimenta, balanceia com o passar da Lua. Isto acontece sempre até as estrelas sentem a influência gravitacional dos planetas. Dois objectos movem-se sempre em torno de um centro de massa conjunto (em inglês barycenter, não sei a definição portuguesa). Se esse centro de massa for exterior a qualquer dos dois objectos então consideram-se ambos planetas num sistema binário. Entre a Terra e a Lua o barycenter está debaixo da crosta terrestre, portanto a Lua é uma lua (gira em torno da Terra). Mas se a Lua se afastasse da Terra o barycenter afastava-se também. Logo, após certa distância ficaria entre os dois planetas. Logo a Lua seria considerado um planeta num sistema binário com a Terra apenas porque estava mais longe. Seria justo?
As questões são mais que muitas e os especialistas debateram-nas longamente. A que conclusão chegaram? O que é um planeta então?
Um planeta é um objecto que:

Orbite uma estrela
Tem que ser grande o suficiente para que a sua gravidade lhe confira uma forma esférica.
Não pode ter massa suficiente para ter fusão nuclear no seu núcleo (senão é uma estrela).
Tem que ser de longe o maior corpo na sua órbita.

Assim Plutão não é um planeta. Com a sua órbita radicalmente diferente dos 8 planetas, cruza a órbita de Neptuno e é este o maior corpo (de longe). Todos os objectos (como Plutão) que quase se ajustam a este definição são considerados planetas anões.

(Órbita de Plutão)

A discussão fica encerrada, pelo menos por enquanto, excepto se pensarmos em questões de senso-comum e astrológicas. Um corpo celeste é um corpo celeste e não muda, seja qual for o nome que lhe demos.

2 comentários:

laura disse...

e depois há aqueles planetas que permanecem desconhecidos para bem da humanidade. o planeta em que vivo, por exemplo, lol

polegar disse...

é de ficar a ver estrelas lol