Sweeney Todd, O Terrível Barbeiro de Fleet Street
A primeira referência a um barbeira assassino que serve de base desta história vem do século XV, numa balada medieval francesa. Foi no entanto em 1846 que Sweeney Todd aparece como personagem num livro de Thomas Peckett, publicado sobre a forma de folhetim semanal, o seu título The String of Pearls. Existem diversas versões, filmes, livros e inclusivé bailados, mas a verão que nos chega hoje tem a sua origem em 1968, quando Christopher Bond, um jovem actor britânico faz a sua versão que estreia no Victoria Theatre de Stoke-on-Trent. Em 1979 Stephen Sondheim adapta esta versão a um musical intitulado Sweeney Todd, O Terrível Barbeiro de Fleet Street.
Dez anos depois de ter sido adaptado a palco em Portugal, volta numa co-produção Teatro Aberto - Teatro Nacional D.Maria II a ser apresentado em Portugal e em português.
É um espectáculo imenso. Nos meios, na produção, no resultado global final.
A adaptação para português está muito bem conseguida, torneando com habilidade as óbvias dificuldades de uma tradução em canto, com rima.
A encenação de João Lourenço é inteligente e eficaz, fazendo com que um espectáculo de quase três horas pareça ter hora e meia, sabe manter o ritmo, criar os pontos cómicos e ao mesmo tempo dar-nos a tensão necessária.
O cenário de Jochen Finke é fabuloso, o quarto/loja de empadas/barbearia/casa/talho central é de um engenho fantástico. Tudo mexe, tudo move, surpreende, enche o olho, mas não é vão nem gratuíto, suporta o trabalho dos actores e do encenador em vez de o ofuscar.
Se falamos de actores há que destacar Mário Redondo, impecável escolha para Sweeney Todd, sempre tenso, preciso no nervo, e para Ana Ester Neves, uma Senhora Lovett hilariante. Do restante elenco poucos merecem destaque, José Corvelo é um fraco Juiz Turpin, Marco Alves dos Santos demasiado canastrão como Anthony Hope e Carla Simões deixa a desejar como Johanna, salva-se Sílvia Filipe, sólida no papel de mendiga. Mas como quase toda a peça é carregada pelos dois personagens principais, o elenco menos consistente não prejudica demasiado o espectáculo.
Sweeney Todd, O Terrível Barbeiro de Fleet Street é um grande espectáculo, um belo musical em qualquer parte do mundo, está em cena até ao fim do ano e merece uma visita muito atenta. A mim fez-me pensar nas peças todas que estão em cena e que quero ir ver, reconciliou-me com o teatro.
Sweeney Todd, O Terrível Barbeiro de Fleet Street
Teatro Aberto/Teatro Nacional D.Maria II
Até 31 de Dezembro
Quarta a Sábado 21h30, Domingo 16h
De: Stephen Sondheim
Versão: João Lourenço, Vera San Payo de Lemos, José Fanha
Dramaturgia: Vera San Payo de Lemos
Encenação: João Lourenço
Direcção Musical: João Paulo Santos
Cenário: Renée Hendrix
Coreografia: Carlos Prado
Maestros: João Paulo Santos, Fernando Fontes
Com: Mário Redondo, Ana Ester Neves, Carlos Guilherme, José Corvelo, Carla Simões, Sílvia Filipe, Henrique Feist, Tiago Sepúlveda, Carlos Pisco, Sara Cipriano, Vanda Elias
Sala Azul
Teatro Aberto
Praça de Espanha
Informações: 213880089
20€ (diversos descontos)
1 comentário:
Gostei muito da peça. É pena ter terminado, não aproveitando a publicidade gratuita do filme do Tim Burton para levar mais pessoas a vê-la.
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