The Darjeeling Limited
Wes Anderson está de volta, e todos os que ficaram de boca aberta com The Royal Tenenbaums ou deliraram com The Life Aquatic of Steve Zizou, têm em The Darjeeling Limited a oportunidade de reencontrar um dos mais originais e estimulantes cineastas recentes.
Há algo que poucos realizadores conseguem, criar uma marca diferenciada, algo que, com apenas alguns momentos de visionamente nos permita dizer quem está por detrás da câmara. Wes Anderson é uma dessas raridades.
Com um sentido de humor súbtil, Anderson cria um universo absurdo, onde as regras são apenas ligeiramente, apenas um pouco, diferentes, o suficiente para causar estranheza e depois, por incrivel que pareça, empatia e emoção. Quem são os personagens andersianos? Seres trágicos, tocados pela desgraça que carregam em si uma aura, como se nada que os envolva realmente os afectasse, mas que na realidade sentem a sua tristeza e a dos outros profundamente. É nesse olhar trágico que reside a base da comédia brilhante de todos os seus filmes. Em The Darjeeling Limited seguimos a história de três irmãos, numa viagem espiritual de comboio (que dá o nome ao filme) pela India. Familia. Anderson sempre teve a familia com um papel central e fulcral em toda a sua obra e aqui não foge à regra. Sempre familias disfuncionais, mas que no fundo se amam e se compreendem, no meio da rejeição. Os seus actores acabam por ser a sua familia, daí existir um grupo que sempre o seguiu, acompanhou e compreendeu o seu sentido de humor único. A figur paternal central foi, até agora, Bill Murray, que tem uma passagem de testemunho deliciosa e tocante, logo no início da "longa-metragem", onde é ultrapassado por Adrien Brody na corrida para apanhar o comboio.
Brilhante na utilização da câmara, na construção dos planos, na utilização impar da música, da imagem, dos deliciosos travelings, do cenário incrível (genial como sempre, já Steve Zissou era primoroso nesse campo), The Darjeeling Limited é um filme de antologia de Wes Anderson. A não perder por todos os fãs... com uma ressalva, normalmente quem não ama odeia...
2 comentários:
"oh, champs elysées..."
tenho esse filme na mira... a ver quando tenho uma folga...
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