quarta-feira, setembro 03, 2008

O ovo


Ontem terminou uma exposição na Gulbenkian de obras de arte moderna e contemporânea, da extensa colecção do Deutsche Bank.
Fui na interessante visita guiada por obras dos últimos 80 anos, sabendo de antemão uma particular, ausente, que me tinha chamado a atenção.
Um ovo.
Um ovo, de galinha, com a casca polida.
O dito, verdadeiro e em devida altura fresco, com o passar do tempo apodreceu e após ser exposto explodiu, deixando vestígios por todo o lado, um cheiro nauseabundo e problemas com o seguro.
Fiquei a saber que o que o banco alemão comprou não foi um ovo polido, mas um certificado que descreve o dito ovo, podendo este ser substituido por qualquer outro ovo polido que coincida com a descrição da autora, com o seu conceito.
É um ovo, escultural chamemos-lhe assim, que a dado momento resolveu fazer uma performance, contaminando artisticamente os presentes e por pouco, as obras que o rodeavam.
Podiamos ficar a tarde toda a falar de inspiração artística, de criação espontânea, de influências no mundo da arte, discutir se veio primeiro o ovo polido ou a galinha depenada, dava pano para mangas.

Serve pelo menos para um bom título para um livro: A explosão do ovo conceptual.

1 comentário:

polegar disse...

lol

e "a galinhagem do intelecto" ;)