Piratas das Caraíbas: O Cofre do Homem Morto
Se há uma coisa que me irrita particularmente é agarrarem em algo que é bom e destruirem-no. O Piratas das Caraibas: A Maldição do Pérola Negra, primeiro filme desta trilogia que tem já estreia marcada para o seu capítulo final no Verão de 2007, era um filme condenado à desgraça. Baseado numa atracção antiga dos parques temáticos Disney e com Johnny Depp ao leme (ele que, apesar de adorado pelos fãs não conseguia ter um êxito sem a parceria de Tim Burton), eperava-se um flop com um actor de culto vendido aos grandes estúdios. O resultado no entanto foi surpreendente. Realizado por Gore Verbinski, que ainda não tinha apresentado nenhum título memorável e produzido por Jerry Bruckheimer (o mesmo de O Rochedo, Pearl Harbor, Armageddon ou Gone In 60 Seconds), o primeiro Piratas apresentava um humor peculiar, aventura q.b. sem o exagero histérico típico da casa Bruckheimer, uma história envolvente com um enredo por vezes surpreendente, bons efeitos especiais e um Capitão Jack Sparrow, anti-heroi sublimente interpretado por Depp, num limiar entre o gay e o drogado, o falsário e o vilão, mas por quem não conseguíamos deixar de torcer, que lhe valeu uma nomeação para o Óscar (improvável aliás num filme deste cariz).
A segunda parte desta (já) trilogia Piratas das Caraíbas: O Cofre do Homem Morto, está a ser um sucesso comercial colossal, batendo até hoje recordes sucessivos do box-office americano (melhor dia de sempre, melhor fim-de-semana de abertura, filme mais rápido a chegar aos 100 milhões de dólares, aos 200 e aos 300), tendo já ultrapassado o primeiro Harry Potter nos EUA e galopando para uma posição verdadeiramente memorável na lista dos mais rentáveis de todos os tempos.
No entanto o filme é não merece um décimo da atenção que tem usufruido. Transformou-se numa comédia caótica, passando os limites do absurdo, perdeu o nervo, a inventividade e a capacidade de surpreender. Depp é uma caricatura de si mesmo, correndo frenético de um lado para o outro sem se perceber muito bem o que ali está a fazer. O filme centra agora em Orlando Bloom, um William Turner que até encontra o pai e se firma cada vez mais como heroi clássico. O enredo é feito de um tanto faz irritante, onde tudo pode acontecer sem nenhum nexo aparente. Por vezes há pequenos lampejos daquilo que me deliciou no primeiro filme, a cena de abertura ou o personagem de Davy Jones, um Bill Nighy irreconhecivel, mas não chegam para resgatar a película do naufrágio. Este resultado para mim é inesperado visto que se mantem a equipa do primeiro filme, mesmo produtor, mesmo realizador, mesmo elenco, mesmos argumentistas (responsáveis por filmes como Shrek) e até o mesmo estúdio. Pior ainda é o hábito irritante que se criou nos últimos anos, o de fazer dois filmes de seguida e acabar um deles a meio. Desde O Senhor dos Aneis já Matrix adoptou esta estratégia, mas não nos esqueçamos que o primeiro era inevitável, Senhor dos Aneis é uma trilogia ecrita em livro há 50 anos.Em suma, uma pequena desilusão para os fãs, que não manchará o êxito deste filme pipoca.
2 comentários:
como não tenho tido possibilidade de ir ao cinema, sempre fico com as tuas críticas e trailers... gosto :)
quanto ao filme, é incrível para mim imaginar um Depp desorientado sem a intenção de estar desorientado. tenho pena. mas normalmente é assim com as sequelas.
...ainda não me converti a esta saga... (precisava de pedir a tua ajuda numa coisita pro blog... nan andas no msn?)
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