quarta-feira, janeiro 09, 2008

Palco


Ontem foi o primeiro ensaio no Franco-Portugais, ensaio técnico, luzes, som, marcações. Uma pequena surpresa com os horários, em vez de meia-noite, tivemos que sair de lá às 22h, o que fez com que o ensaio fosse muito apressado, literalmente a correr. Mas fez-se.

Palco.

Pela primeira vez ontem pisei o palco onde tudo vai acontecer. Estavam lá os adereços, o cenário despojado, os bancos, a árvore, a mesa, a espátula, as luzes, o pano, a plateia, o negro...

Por um momento deitei-me no chão sozinho. Tinha uma luz directamente por cima de mim. Deitei-me, fechei os olhos e fiquei a ouvir os sons, os passos na distância, outros actores a falar nos camarins, o silêncio...

Deve ser por ser novato nestas andanças, mas o palco, seja ele qual for, aquele onde a acção se vai desenrolar, fascina-me. Tenho dito que ando nervoso por causa de peça. Não é verdade. Não estou nervoso, estou ansioso, impaciente, feliz, como se uma descarga eléctrica me trespassasse o corpo todos os dias. Acordo com um sorriso, adormeço carregado de energia, tenho dificuldade em estar quieto. A peça, o texto, este Inferno do meu Garcin envolve-me, preenche-me, toma conta do espaço.

Nervoso? Não... estou fora de mim...


Deve ser por ser novato...

4 comentários:

ttf disse...

Não tem que ver com a experiência, muita ou pouca. Não é por seres novato...é por se respeitar a seriedade e magia do lugar em causa.

Trata-se, segundo creio, do tão famigerado "amor à arte".

bolas de sabão disse...

:) ora, ora, até os monstros sagrados sentem esse friozinho na barriga, faz parte da magia da coisa **

polegar disse...

são os fantasmas...
e ainda bem q te deitaste lá um bocadinho. eu faço sempre isso. é uma paz e uma plenitude irrepetíveis, inconcebíveis noutro sítio.

Fernando Vasconcelos disse...

Está feita a recomendação. Vale o que vale, e irei repeti-la pelo menos mais uma vez ou duas. Tentarei concerteza ir ver que deve valer a pena.
Sei que em teatro não se deseja aquilo mas é nisso que estou a pensar.