quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Milk

Gus Van Sant é um realizador que tem pautado a sua carreira nos últimos anos com um misto entre o experimental contemplativo (Gerry, Elephant, Last Days, Paranoid Park) e o cinema mais clássico (Good Will Hunting ou Finding Forrester). Os primeiros têm sido bastante mais interessantes que os segundos, num percurso carregado de altos e baixos.
Milk é neste aspecto um filme mais clássico. Curiosamente é também o seu melhor filme desde há muito tempo.
Harvey Milk foi o primeiro homem assumidamente homossexual a ser eleito para um cargo público nos EUA. A sua eleição, mais do que o seu cargo, foi um marco na luta pela igualdade do movimento gay.
Milk é um filme político, tem uma agenda, a defesa da causa gay. Não há que o esconder, mas dizer isso sobre o filme será como dizer que A Lista de Schindler é um filme que defende a causa judia.
Milk repousa nos ombros do seu elenco, Emile Hirsch, Josh Brolin, James Franco, Diego Luna, suportam o colosso que é Sean Penn. Se não fosse por mais nada, ver Penn já merecia duas horas de cinema. Quem se lembra dele em Mystic River ou 21 Gramas e o encontra aqui, transfigurado, figura trágica por uma morte anunciada mas de uma candura, uma alegria contagiantes, carregado de amor e vida, só pode vir às lágrimas.
Gus Van Sant aproveita este poço de talento e guia um filme que é o retrato de uma vida tão simples e tão cheia que transborda.
Tocante, irreverente, Milk é uma homenagem a um homem, a um movimento, a uma busca por uma humanidade muitas vezes negada, roubada, nesse ponto é um abrir de olhos.
Não é um filme perfeito, longe disso, nem o tenciona ser. Mas é uma obra de amor, e isso nota-se.

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