The Brave One
É verdade que raramente vi Jodie Foster a fazer um mau papel. Muitas vezes vi bons filmes de Neil Jordan. Se juntarmos o realizador de Entrevista com o Vampiro e Jogo de Lágrimas, com a actriz de Os Acusados e O Silêncio dos Inocentes, o filme promete.
Uma mulher que faz um programa de rádio sobre a "vida" em NY, está noiva e apaixonada. Num passeio por Central Park com o namorado é brutalmente atacada por um gang. Ela fica em coma, ele morre. A partir desse dia vive em medo. Quando compra uma arma vê-se no papel de justiceira.
Como seria de esperar de um filme de Jordan, este não é um filme de acção, não é Charles Bronson de saias a matar “mauzões” rua fora. Esta é uma história sobre uma mulher que vive uma cidade, sente-lhe o pulso, respira-a e que, de repente, vê a sua vida ser-lhe roubada, virada do avesso, vê a sua cidade virar-se contra ela e mostrar-lhe um rosto que lhe era desconhecido, mostrar-lhe o que é viver com medo, saudade e dor. É dessa dor que emerge uma nova pessoa, mais fechada, mais dura, uma pessoa nova dentro do corpo da antiga. A amargura e confusão, o conflito entre as duas, as noções de bem e mal, certo e errado, amor e vingança, são o cerne deste filme.
Se Neil Jordan filma admiravelmente, se constrói um filme que se questiona a si próprio e nos obriga a questionar a nós mesmos, um filme intenso, pulsante, isso tem uma pedra basilar, Jodie Foster. A actriz tem aqui um papel incrível, pequena, indefesa, sente-se em cada gesto, cada olhar, a emoção vibrante, o nervo, o terror e o arrependimento. Foster abre o livro e explora cada faceta do personagem, cada camada, com uma contenção notável.
A Estranha em Mim é um dos grandes filmes em cartaz actualmente e não deve ser perdido por quem gosta realmente de cinema.
1 comentário:
fiquei cheia de vontade de ir ver o filme!
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