O menino rebelde
Isto vai parecer pedante, mas Jack Kerouac, uma das maiores referências da literatura americana moderna, comparado a Hemingway, que influenciou uma geração inteira nos anos 60 com o seu livro On The Road, acaba por ser pouco mais que um menino rebelde.
Ao ler as aventuras e desventuras de Mr. Kerouac percebo que toda aquela estrada, aquela aventura, a boleia, o apanhar comboios de mercadorias com vagabundos, o contar os tostões sem saber o dia de amanhã, trabalhar na terra, na busca da liberdade absoluta é pouco mais que... uma fraude. Em 150 páginas já por três vezes mandou pedir dinheiro à tia, regressando a Nova Iorque para a sua cama e casa confortável.
É óptimo viver utopias, mas liberdade sem preço, escolhas sem consequências de pouco valem. Assim é fácil, é pouco mais que uma fantasia adolescente.
A magia lentamente desvanece-se...
2 comentários:
A rebeldia tem muitas formas. Tal como a independência. Já imaginaste que ao senhor Kerouac, se calhar, também se lhe avariou a máquina de lavar roupa, e como a tia não tinha dinheiro suficiente, ele tinha de lavar as cuecas na banheira? E assim podia ter nascido a "Tide Generation"...
pois também tive a mesma impressão com esse livro... ao segundo telegrama de pedido de socorro à tia, ao segundo pontapé no rabo porque se embebedou ou drogou, à quinquagésima descrição de paisagens e pessoas que são para ele só adereços de usar e deitar fora que tanto quer como já não interessam, à terceira conversa parva (para quem não está com ele a curtir a trip), a história começa a deixar de ser entusiasmante para me ocorrer de vez um "ó pá, vai trabalhar a ver se cresces"...
estes "biteniques" mimalhas e egocêntricos com a mania do "eu é que sou dandy, eu é que sei aproveitar a vida", pá...
mas é toda uma geração... todo um género. entretém... se calhar estava com as expectativas demasiado altas...
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