sexta-feira, junho 27, 2008

El Orfanato

O cinema espanhol tem passado no género do terror e do fantástico. O Orfanato chegou às salas em Portugal com o selo de Guillermo Del Toro (produtor executivo) e com o peso de diversos prémios, entre os quais Melhor Actriz e Melhor Realizador no Fantasporto.

Antes de avançar mais queria apenas sublinhar uma coisa: o filme é genial.

A história não traz nada de novo, um casal com um filho compra um antigo orfanato, onde a mulher esteve em criança, para lá viver e o transformar numa casa de apoio para crianças deficientes. É claro que a casa, e todo o local, escondem um segredo que volta para atormentar os novos donos.
Até aqui nada de novo, apenas a enésima revisita ao tema casa assombrada.
O que faz deste filme de Juan Antonio Bayona se separe dos restantes é um profundo conhecimento das regras dos filmes de terror e talento a transbordar em todas as áreas da produção do filme.

Em primeiro lugar, Bayona sabe que não é o gore que assusta, mas sim o desconhecido, o que se sussurra nas sombras. Nunca se refugia nos truques fáceis do susto, optando por construir uma tensão paciente, a par e passo, que se insinua até que estejamos completamente imersos nela.
Em segundo lugar percebeu que um filme de terror não se pode nem deve limitar a meter medo, sob pena de afastar o espectador para uma distância segura, imune à emoção. O Orfanato é, antes de mais, uma história de amor, de uma familia, e acima de tudo de uma mãe capaz de fazer tudo pelo seu filho. Essa é a história que seguimos, é por ela que tudo se torna ainda mais agonizante, até ao final emocional.
Em terceiro lugar usou actores, poucos mas bons, todos eles, intensos, talentosos, capazes de transmitir emoções apenas com o olhar, a voz, a expressão física, e isso faz toda a diferença.
Em quarto lugar fez um trabalho sobre o som magistral, a tensão muitas vezes é dada por um pequeno ruído no escuro. Aprendeu com os mestres que esse é um ponto fulcral de qualquer filme, principalmente de um filme de terror, já Carpenter dizia que Halloween sem a banda sonora, não metia medo nenhum.
Por último contou com uma equipa fabulosa, a fotografia é soberba, a cenografia é na mouche, a casa, o farol, a praia, a gruta, são practicamente outro personagem.

O Orfanato é daqueles filmes onde tudo corre bem, um grande, grande título... e cuidado... mete mesmo medo...

1 comentário:

sara cacao disse...

O filme é brilhante e a Belen Rueda, como sempre, também!