quinta-feira, junho 19, 2008

Obviamente demito-o!

Há muito tempo que não ia à Barraca, não havia um motivo específico, apenas não tinha calhado.

Por causa de uma pessoa conhecida, fomos ver Obviamente Demito-o, peça sobre o General Humberto Delgado, candidato às eleições presidenciais de 1958 e que proferiu esta célebre frase quando lhe perguntaram o que faria a Salazar caso fosse eleito.
A peça de Helder Costa é um revivalismo não cronológico, pouco narrativo e mal conseguido.
Se 1974 é algo relativamente recente, já 1958 foi há meio século. Fazer hoje uma peça que sopra ao de leve momentos desconexos sem nunca os contextualizar histórica ou narrativamente, não creio que faça sentido. Dá uma ambiência, torna-se basicamente numa série de piscadelas de olho a quem viveu aqueles dias, gente que hoje tem mais de 50, 60 anos. Mesmo para esses, momentos houve que roçaram algum ridículo um pouco constrangedor.
A peça falha em diversos pontos, inclusivé no guarda-roupa, falha como alerta, falha como memória, falha até como entertenimento, num texto desconexo.

Salvam-se os actores.
Performances sólidas na maioria dos casos, com um Sérgio Moura Afonso a compor um Salazar delicioso, acompanhado por um elenco relativamente coeso.
A base que tinham para trabalhar é que era, quanto muito, fraca.


Obviamente Demito-o!

Texto Encenação e Cenografia: Helder Costa

Interpretação:

João D’Ávila - Humberto Delgado
Maria do Céu Guerra - Sra. Maria, Cerejeira
Sérgio Moura Afonso - Salazar
Mariana Abrunheiro - Arajaryr , Odete, Maria de Jesus
Rita Fernandes - Lina, Madalena, Palmira, Christine Garnier, M. Eugénia, Florista
Susana Costa - Mariana, Geninha, Susini, jovem estudante
Adérito Lopes - Padre confessor, Correia de Oliveira, Silva Pais, Skorzeny
Luís Thomar - Agrário, António Sérgio, Rosa Casaco, Rogério Paulo
Rui Sá - Júlio, Agrário, Arlindo Vicente, Dr. Gusmão, Bisogno, Armando Caldas, Pai, Pide
Sérgio Moras - Agrário, Kubitschek, Franco, Barbieri, Abel, Castro e Sousa
Populares, estudantes, manifestantes, “homens sem rosto”

Figurinos: Maria do Céu Guerra

Até 29 Junho 08
Quinta a Sábado 21h30, Domingo 16h

Cine-Teatro A Barraca
Largo de Santos. 2
Telefone: 213965360 / 213965275

2 comentários:

mir disse...

A minha ânsia neste momento é por Setembro, altura em que vai estrear a versão bíblica em alguns minutos, como agora têm o Shakespeare em 97, pela Companhia de Teatro do Chiado. Os textos são de uma inteligência e humor impressionantes, adicionando-lhes uma representação impecável com recurso ao mínimo dos adereços. Muito bom!

Astor disse...

cheguei tarde!