segunda-feira, outubro 27, 2008

Come Together e Four Reasons


Regresso ao Teatro Camões algum tempo depois da última visita, demasiado até. Desta vez sessão dupla, com algo para me aguçar o apetite, o regresso de Rui Horta, depois de me ter fascinado com a dupla que fez com João Paulo Santos em Contigo, que vi no CCB. Tenho sempre pena do pouco tempo que estas interpretações estão em palco, neste caso foram 5 dias, a acabar no domingo passado.

A primeira peça , Four Reasons, é o último trabalho de Edward Clug, e foi um um sopro de ar fresco. Trabalho brilhante sobre o espaço, a forma, a direcção, a manipulação cénica com processos simples, mas que transformam por completo o nosso olhar, brincando com verticalidade, forma, cor, corpo e percepção. Four Reasons, com música soberba tocada ao vivo, é um grande bailado.

Eis que chega o intervalo e, entusiasmado, avanço para Rui Horta... Desilusão extrema, balde de água fria a todos os niveis. Podia dizer que era um trabalho cerebral, inteligente, e que normalmente me deixo levar mais pela sensação neste tipo de coisas... a verdade é que não senti que o fosse sequer, não inteligente, talvez esperto, ou melhor, chico-esperto, constantemente a piscar o olho, a fazer gracinhas, a procurar ser diferente e espalhando-se ao comprido. Longe da contenção de Contigo, longe da sua simplicidade profundamente tocante, Come Together é espalhafatoso, excessivo, e prova, uma vez mais, que em termos de conjunto, quando a CNB tenta fazer trabalhos de sincronia, fica sempre aquém.

Mas Four Reasons já valeu a viagem...

1 comentário:

intruso disse...

Sim, pena o reduzido número de dias em palco.

Achei o Four Reasons fantástico (coreografia, concepção plástica/cenográfica, música... bailarinos...)