Dúvida
O meu regresso a uma sala de teatro era há já muito tempo devido. Das várias peças em cena escolhi Dúvida, de John Patrick Shanley, dramaturgo americano, que com esta peça ganhou um Tony Award e o Prémio Pullitzer. E o texto é realmente soberbo.
Um padre é acusado pela madre superiora de um colégio católico de abusar sexualmente de um rapaz de 12 anos, que é seu aluno.
A peça constroi-se num novelo complexo de acusações e suspeições, um confronto entre dois personagens densos, muito bem delineados, sendo o público conduzido ora para um lado, ora para o outro, na busca da verdade, mas sabendo que, provavelmente, a certeza é algo que nunca vislumbrará. Culpa e inocência chocam, mas mais do que isso, é a colisão de duas formas antagónicas de olhar o mundo, numa altura (logo após a morte de JFK) em que a América duvida de tudo, inclusivé de si própria.
Dúvida é então uma peça genial? Não. Longe disso. O problema não está no texto, nem na cenografia (apesar da fonte ser um toque de gosto duvidoso). O problema está na equipa de quatro actores. Se Isabel Abreu é insipiente e Lucília Raimundo mal aparece, de Diogo Infante e Eunice Muñoz esperava-se muito mais.
Infante devia ter ido mais vezes à missa, ouvir como fala um padre. Não convence nos sermões que profere e mantém um registo neutro no resto do tempo. É capaz de muito mais e melhor - quem o viu a fazer Becket no Trindade...
Eunice Muñoz é, sem dúvida, uma das figuras máximas do nosso teatro. Mas a idade pesa, esquece-se do texto, enrola, e usa a sua vasta experiência para colmatar as falhas, bem como a falta de emoção genuína. É versátil nas artimanhas, mas não convence, e é já a segunda vez em muito pouco tempo que a vejo a passear por uma peça, confiando que o seu talento inato chega para vender o papel. Não chega. Está a quilómetros de uma Mãe Coragem e os Seus Filhos que me apaixonou quando era ainda uma criança.
Um padre é acusado pela madre superiora de um colégio católico de abusar sexualmente de um rapaz de 12 anos, que é seu aluno.
A peça constroi-se num novelo complexo de acusações e suspeições, um confronto entre dois personagens densos, muito bem delineados, sendo o público conduzido ora para um lado, ora para o outro, na busca da verdade, mas sabendo que, provavelmente, a certeza é algo que nunca vislumbrará. Culpa e inocência chocam, mas mais do que isso, é a colisão de duas formas antagónicas de olhar o mundo, numa altura (logo após a morte de JFK) em que a América duvida de tudo, inclusivé de si própria.
Dúvida é então uma peça genial? Não. Longe disso. O problema não está no texto, nem na cenografia (apesar da fonte ser um toque de gosto duvidoso). O problema está na equipa de quatro actores. Se Isabel Abreu é insipiente e Lucília Raimundo mal aparece, de Diogo Infante e Eunice Muñoz esperava-se muito mais.
Infante devia ter ido mais vezes à missa, ouvir como fala um padre. Não convence nos sermões que profere e mantém um registo neutro no resto do tempo. É capaz de muito mais e melhor - quem o viu a fazer Becket no Trindade...
Eunice Muñoz é, sem dúvida, uma das figuras máximas do nosso teatro. Mas a idade pesa, esquece-se do texto, enrola, e usa a sua vasta experiência para colmatar as falhas, bem como a falta de emoção genuína. É versátil nas artimanhas, mas não convence, e é já a segunda vez em muito pouco tempo que a vejo a passear por uma peça, confiando que o seu talento inato chega para vender o papel. Não chega. Está a quilómetros de uma Mãe Coragem e os Seus Filhos que me apaixonou quando era ainda uma criança.
A reacção do público foi elucidativa. Mal a peça acabou levantou-se num coro de aplausos que durou um minuto. Ainda as luzes da sala não estavam totalmente acessas, mal os actores sairam de palco, pararam de aplaudir. Como se fossem obrigados a uma ovação em pé porque "a Eunice é uma senhora e a peça é muito boa, já tinha lido", mas depois de cumprida a obrigação, não se sentissem motivados para realmente acolher quem estava em palco.
É pena...
É pena...
Dúvida
Encenação Ana Luísa Guimarães
Tradução: Felipa Mourato, Ana Luísa Guimarães
Interpretação: Eunice Muñoz, Diogo Infante, Isabel Abreu e Lucília Raimundo
Interpretação: Eunice Muñoz, Diogo Infante, Isabel Abreu e Lucília Raimundo
Até 10 de Maio de 2007
21h30
21h30
Preço: 15€ (existem diversos descontos, perguntar na bilheteira)
Teatro Maria Matos
Avenida Frei Miguel Contreiras, 52
Avenida Frei Miguel Contreiras, 52
1700-213 Lisboa
Telefone: 218 438 801
Fax: 218 438 809
www.teatromariamatos.egeac.pt
Telefone: 218 438 801
Fax: 218 438 809
www.teatromariamatos.egeac.pt
1 comentário:
Eu gstei da crítica honesta.
Enviar um comentário