quarta-feira, maio 23, 2007

Zodiac

Nos anos 70 um assassino que se auto-intitulava Zodiac, cometeu 4 homicídios e disse ser responsável por muitos mais. Numa época em que os serial-killer abundavam, tornados quase moda pelos media (vide Ted Bundy, Charles Mason, Dave Berkowitz aka Son of Sam), o que o Zodiac teve de especial foi a manipulação que fez dessa comunicação social, com séries de diversas cartas e códigos enviados a jornais, e o facto de nunca ter sido apanhado.

David Fincher realiza este filme baseado num livro escrito por um cartoonista que investigou o caso. Zodiac não é um filme sobre um homicida, é um filme sobre a obsessão em torno desse homicida. Este é um dos três temas centrais que atravessão a obra de Fincher, obsessão, familia, e a ameaça que se esconde nas sombras, pronta para nos apanhar. Desde Alien3, passando por Se7en, O Jogo, Clube de Combate e Sala de Pânico, todas as fitas crescem em torno destes pilares. Zodiac não escapa à linha do realizador, que para além de mais é um habilidoso story-teller, perito na arte de criar tensão, na utilização do que não se vê, da sombra, do som, numa atmosfera de medo, mesmo quando a ameaça não é evidente. O Mal, no entanto, aqui vai além de uma ameça externa, o Mal consome quem com ele se cruza, destruindo vidas, familias, até a própria sanidade. A obsessão de que falava é algo que destroi os personagens por dentro. Uma vez mais é um regresso a uma temática recorrente em Fincher, a ameaça que vem de nós mesmos foi amplamente explorada em Alien3, Se7en, O Jogo e, expoente máximo, Clube de Combate.

Zodiac não é o melhor filme de Fincher, mas é mais um passo na confirmação de um autor, que ainda não voltou a atingir os niveis de Se7en, mas que se afirma cada vez mais como alguém a ser seguido com muita atenção.

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