quarta-feira, julho 04, 2007

Lady Chatterley

Baseada no conto de D.H. Lawrence, esta é a mais recente adaptação cinematográfica da obra literária, foram pelo menos seis.
Após a Primeira Guerra Mundial, no countryside britânico, Lady Chatetterley encontra-se presa no seu próprio mundo. O seu marido, preso a uma cadeira de rodas, apenas aumenta a sensação de isolamento. À beira da ruptura, ela encontra conforto e acima de tudo liberdade, nos braços do couteiro da propriedade.
Lady Chatterley é um filme de inúmeros méritos, para além de uma fotografia sóbria a pontuar a paisagem verdejante, acenta principalmente nos ombros dos seus dois actores principais (Marina Hands e Jean-Louis Coullo'ch) que têm uma actuação contida, serena, mas eficaz. É um filme de construção lenta, mas necessária para que o desabrochar pessoal e sexual daquela mulher seja pláusivel. Acompanhamos passo a passo o desenrolar da relação, sem que nada pareça forçado ou imposto. Aliás o filme é de um recato marcante, para a temática abordada. As cenas de sexo são várias, mas filmadas com pudor, quase com a timidez que o próprio personagem sente. Em vez da sensualidade, fica a descoberta do corpo, de si mesmo, a relação com a nudez, os pequenos medos, prazeres e pormenores dos dois amantes.

Se há um sítio onde o filme peca é no facto de não ter um tom minimamente britânico. Não é pelo facto óbvio de ser falado em francês, mas as pessoas, a forma de filmar, os actores, tudo é demasiado francófono, se bem que, convenhamos, é apenas um pormenor. Após quase três horas muito bem conseguidas, o final parece apressado e pouco convincente, sendo o último diálogo desfasado (no caso do couteiro) de tudo o que foi mostrado anteriormente.

Mesmo assim, é um filme que merece uma atenção especial.

1 comentário:

laura disse...

como te disse, gostei do diálogo final, das entrelinhas, da simplicidade. Quanto ao resto, concordo com a tua crítica. Mais do que sensualidade - aliás, de sensualidade pouco há, as primeiras vezes em que eles estão juntos é tudo muito cru, muito rude... - é a crscente descoberta do corpo e do prazer que esse corpo pode dar e transmitir. Um filme muito bonito e de imagens fortes. Já agora, num registo completamente diferente, não percas o "Dear Wendy"... :)