A Outra Margem
Desde cedo que o último filme de Luis Filipe Rocha me tem suscitado bastante curiosidade, pelo tema, pelo trailer, por aquilo que fui ouvindo nas últimas semanas.
Um travesti cujo namorado se matou recentemente tenta suicidar-se. A irmã vem visitá-lo ao hospital e leva-o de volta a Amarante, a terra onde nasceu, onde ele vai conhecer o sobrinho pela primeira vez, um rapaz chamado Vasco, que é mongoloide.
A Outra Margem é um filme tocante, vive de emoções complexas, mas é filmado com uma simplicidade que é, a espaços, desarmante. Não é, longe disso, um "caso da vida", um telefilme de domingo à tarde, Luis Filipe Rocha toca em pontos importantes em termos de tolerância, discriminação, amor, mas sem nunca resvalar para o fácil, sem caír num tom moralista nem puxar à lágrima. Acima de tudo cria as condições para que os actores contem a história. E que actores. Tomás de Almeida é tocante, Horácio Manuel e Maria D'Aires são equilibrados, mas quem realmente se destaca é Filipe Duarte, que é capaz de ter aqui o desempenho da sua vida.
A Outra Margem é dos filmes que prova que o panorama cinematográfico nacional está a mudar. O Milagre Segundo Salomé, Alice, O Mistério da Estrada de Sintra, entre muitos outros, são algumas das produções nacionais que se lembram que um filme é, antes de mais, um meio para contar uma história, e que essa história tem um público, o espectador. A Outra Margem é bem filmado, bem construído, delineado, emocional, muito bem representado e, antes de mais, pensado para ser visto, em vez de construído para o seu próprio umbigo.
1 comentário:
Esse CARTAZ persegue-me!
[Quererá dizer alguma coisa?]
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