quarta-feira, março 12, 2008

Arrogância


Mexe-me na pele este sentimento de superioridade, este olhar de cima como se possuidores de uma verdade universal, de um caminho e carreira reconhecidos, quando na verdade nem esse caminho não percorrido daria legitimidade para tentar uma inversão de papeis.
Claro, quem muito arrisca, muito abdica, quem dá sangue e couro acaba por não ter cabeça para ter que estar a lutar contra a maré, para ter que, para além do esforço natural que o cúmulo de trabalho acarreta, se sentir constantemente em xeque, os limites testados, o confronto passivo-agressivo ao virar da esquina.
Assim se ameaça esboroar um projecto quando ainda mal tinha começado, e desaparecer na obscuridade antes de ter tido tempo de respirar e crescer.
Um actor é um ser generoso. Tem que o ser. Tem que ter a disponibilidade e a abertura para receber o que lhe é dado, para se colocar nas mãos de terceiros e a força de conseguir fazer fluir para o público essa emoção, esse trabalho, essa aprendizagem.
Um actor tem que ser humilde. Sem essa humildade não tem disponibilidade animica, emocional, pessoal para trabalhar, para se entregar e conseguir atingir os niveis que apenas essa abertura permite.
Lá está... mexe-me na pele...

5 comentários:

polegar disse...

também me mexe na pele a arrogância da falta e da falsa modéstia, e muito haveria para discorrer sobre esse assunto mas...
então, moço?

MPR disse...

Então... depois falamos, mas o clima era tal que ficámos sem encenador...

polegar disse...

:| ... bem, fico à espera do relato...

Anónimo disse...

esboroar... esboroar... desboroar não... rs

JLR

MPR disse...

Corrigido... :)