The Departed
O último filme de Martin Scorsese The Departed foi um dos mais aguardados do ano. Com um elenco de luxo, este remake do filme de culto de Honk Kong Infernal Affairs não desilude.
É a história de dois policias, um infiltrado numa organização criminosa e outro que é dessa organização e está infiltrado na polícia. A partir daqui desenvolve-se um jogo de perseguição e engano, com uma tensão que subsiste até ao último instante.
Tal como em toda a carreira do realizador, este filme vai além do simples thriller, o centro do filme são questões morais primordiais, o amor, o desejo, quem somos e até onde somos capazes de ir, a quem é que devemos lealdade e em quem podemos confiar. No fundo é um filme sobre a Verdade, aquela que conhecemos, a que damos a conhecer, e aquela que nos define. Numa das frases geniais de abertura Nicholson diz a um miudo " Quando eu tinha a tua idade diziam-nos que podiamos ser policias ou criminosos. O que eu digo é isto: quando encaramos uma arma carregada... qual é a diferença?", e é este tom de ambiguidade que é transversal a toda a fita.
É impossivel vêr The Departed sem comparar com Infernal Affairs - que há quem considere superior. No entanto, o filme de Hong Kong é apenas um filme de policias e ladrões, bons e maus, num jogo de gato e rato mais ou menos interessante. É um filme muito mais linear do que The Departed. O elenco então é incomparável. Se Matt Damon não deslumbra (aliás nunca o fez) Di Caprio dá mais um passo no seu crescimento como actor, Mark Whalberg tem uma performance de uma força incrivel e Jack Nicholson roça o sublime. Uma nota para Vera Farmiga num papel muito bem conseguido de uma psicóloga de policia que se vê envolvida na trama.
Intenso, violento, complexo, com um argumento inteligente de onde sobressaem diálogos deliciosos, um sentido de humor aguçado, com uma utilização da luz e da câmara incriveis, The Departed pode muito bem ser o bilhete de Scorsese para um há muito merecido Oscar.
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