quarta-feira, março 21, 2007

Notes on a Scandal

Um dos filmes que aguardei com maior expectativa foi este Notes on a Scandal (Diários de um Escândalo), não pela história, nem pelo realizador Richard Eyre (de cujo trabalho apenas conheço Iris, e sem grande entusiasmo), mas pelo par de actrizes que encabeçam o cartaz, Judi Dench e Cate Blanchett, ambas nomeadas para o Oscar - Actriz Principal e Secundária respectivamente. Foi uma desilusão doce. Tudo é mediocre, vulgar. A narrativa e a construção dramática são mornas e tremendamente previsíveis. O desenvolvimento de personagens (exceptuando as duas principais) é linear e nem o próprio rapaz com quem Blanchett se envolve está minimamente estruturado ou possui algum tipo de sedução. Mas... temos actrizes! E que actrizes! Como uma final de Wimbledon entre dois tenistas de topo, um Agassi contra Sampras, vemos estas duas mulheres a encher o ecrã com papeis desmesurados, trocar olhares, emoções, argumentos, cumplicidades, constantemente num bater de bola sem saber qual das duas merece maior aplauso. Judi Dench é alguém com uma capacidade inata para representar. Fabulosa a forma como ela, sempre contida, sempre sem explodir nem elevar a voz, entrega um cocktail de emoções, uma mistura de sabores que devia ser estudada nas escolas de teatro... tudo é perfeito, até a forma como sobe as escadas para visitar a sua "amiga" é plena de intenção, excitação, impaciência... E para cada cena de Dench há uma de Blanchet... tendo visto O Bom Alemão e agora este Diários de um Escândalo é impossivel não comparar. Não é que a performance num seja melhor que no outro... é que são duas pessoas totalmente distintas, não é a mesma actriz em dois papeis, são duas mulheres. Nervosa, tensa, cheia de charme, ingénua talvez... eu acredito que aquela professora se deixa seduzir por aquele rapaz banal não porque esteja no argumento, não porque seja bem realizado, nem sequer por estar a vê-lo, mas porque Blanchett me diz que sim, e se ela diz, eu acredito. É essa a marca dos grandes actores, fazer-nos acreditar na profunda sinceridade dos seus actos e sentimentos, contra tudo e contra todos. Não se explica como deram o Oscar a Jennifer Hudson...
História banal, filme vulgar, mas duas representações de louvar os céus.

2 comentários:

polegar disse...

ah pois é, bebé... é exactamente a sensação que tenho com este filme... só espero que os meus horários amainem a tempo de apanhá-lo em cartaz... grumpf

Manel disse...

:) Assino em baixo, linha por linha. Até é um preço módico que se paga, quando nos caem no colo estas masterclasses de representação, não é verdade? ;)