quarta-feira, maio 30, 2007

De rastos


Estamos a 6 dias de apresentar a público o nosso trabalho de fim de curso "Fúria". Segunda-feira fizemos a primeira adaptação ao palco, ao espaço onde a vamos representar. Resultado? Após as normais duas horas de trabalho ficámos outras duas no Chapitô. Cheguei a casa quase às 23h30 da noite, sem jantar, em ensaios desde as 19h. Isto após um dia normal de trabalho. Fiquei absolutamente de rastos. Fisicamente já se esperava, o meu dia foi de 14 horas, e 4 horas de ensaios são o suficiente para deitar abaixo qualquer um. Mas um dos grandes problemas foi o desgaste emocional. Fizemos a peça 3 vezes de uma ponta à outra. Completa. É curta, e o tempo em cena de cada um (somos 28) é reduzido como é óbvio. Mas, em cada momento, em cada acção, procuro ter um envolvimento emocional (por mais disperso que o texto seja), criar uma ligação, estar realmente em cena. É impressionante como isso desgasta uma pessoa. Em qualquer outra aula nunca fizemos mais que um ensaio completo, sendo o resto do tempo passado com exercícios de relaxamento, físicos, EMDR ou o que seja. Desta vez foram 3. A carga psicológica que envolve, mesmo neste nível mais básico, mais simples, é enorme. Confesso que quando ouvia actores a dizer que durante os ensaios ficavam extenuados, alterados, esgotados, nunca percebi bem porquê. Afinal, o trabalho normal de ensaios não é as 8 horas diárias de qualquer trabalhador. Estou a descobrir que não pode. Se fizermos o que é suposto, se encararmos cada ensaio com a entrega devida, não pode. É demasiado para o corpo e para a alma.

3 comentários:

polegar disse...

tás a ver?! tás a ver?! :P

Raquel Alão disse...

:-)

Pois... Quem comparou o trabalho físico e psicológico (especialmente o último) de um cantor de ópera, com tudo o que envolve de preparação técnica, mental, emocional, vocal, em dia de récita ou audições, ao desgaste que proporciona o trabalho físico de um mineiro... Pode parecer exagerado, porque nem de longe nem de perto as exigências físicas são as mesmas, mas só sabe quem sente na pele. A exaustão mental é completa... Como se a bateria tivesse sido completamente descarregada...

Vá! Força nas canetas, que eu quero ir ver isso. :-)

Manel disse...

Infelizmente, parece que só depois de se experimentar é que se percebe... e como convencer quem acha que somos todos uma cambada de calões? :(