Shortbus
Shortbus é o novo filme polémico de John Cameron Mitchell, autor de Hedgwig. Quando parti para esta sessão ia de pé atrás. Tinha ouvido bastante sobre a controvérsia que rodeava a fita, ligado às cenas de sexo explícito que tem. A quebra da barreira da pornografia para o cinema dito "normal" não é novidade, mas a verdade é que os exemplos mais recentes não oferecem muito mais do que o simples "shock value". Pensei que este fosse outro desses casos, em que o sexo é usado de forma quase gratuíta. Shortbus no entanto é muito mais que isso.
Um grupo de pessoas, das mais diversas experiências e inclinações sexuais, tentam encontrar um rumo e sentido para as suas vidas, encontrando refugio numa casa chamada Shortbus, um local onde as regras são suprimidas e a busca de liberdade é absoluta. Desde a fantástica cena inicial que as cenas de sexo são progressivamente menos ousadas, menos "in your face", a partir do momento em que começamos a descobrir cada personagem e começamos a embrenharmo-nos nas suas vidas, nas suas dúvidas e problemas. Surpreendentemente, no meio do drama envolvente, Mitchell consegue encontrar o humor necessário, consegue fazer-nos sorrir perante a adversidade, o que é indispensável para conseguirmos a ligação aqueles personagens, sem os julgar. Todos eles, sem exepção, podem ser considerados desviantes sociais, sexuais e, no entanto, não nos consiguimos deixar de fascinar por este grupo. É um filme terno. Sem dúvida terno, de relações humanas, de emotividade, de lágrimas e sorrisos, de corpos, de cores e cheiros, de amor, de sexo. O sexo é tão parte da história como qualquer outra coisa, é uma parte integrante, intrínseca, necessária. Desengane-se quem vai à procura de excitação sexual. Apesar de explícito, é o inverso da pornografia.
Shortbus é um dos filmes a não perder. Cru, directo, real, mas ao mesmo tempo, enfabulado, tocante e intensamente optimista.
1 comentário:
Sem dúvida um filme a não perder.
Fartei-me de rir, e é verdade que as cenas de sexo/nudez são bastante explícitas, mas isso acaba por ser secundário. Emocionante, pesado, bizarro, próximo, terno, delirante, curioso... Poderia continuar a adjectivar, mas resumo com um "muito bom!" :)
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