quarta-feira, dezembro 19, 2007

Call Girl

Foi ontem a ante-estreia do último filme de António-Pedro Vasconcelos, Call Girl. Tendo como grande chamariz a promessa de sexo, principalmente a promessa de uma Soraia Chaves muito despida, Call Girl acaba por ficar aquém e simultâneamente além das expectativas.
Não haja dúvidas, Soraia Chaves despe-se e despe-se muito bem, quando dizem "esta é a mulher que Deus queria ter, se tivesse dinheiro", olhando para o ecrã... acredita-se, o que nem sempre é comum. Se no entanto se pretende ver cenas de sexo durante duas horas, se o sexo é o motivo para ver o filme, então a desilusão é garantida. Apesar de sensual, as cenas de cama estão limitadas às vistas no trailer.
Como filme no entanto, na verdadeira acepção da palavra, Call Girl é razoavelmente sólido. Bem construído, com diálogos inteligentes, carregados de ironia e sentido de humor (se bem com um uso exagerado de palavrões, por muito duros que sejam os policias duas em cada três palavras não precisam ser calão), António-Pedro Vasconcelos guia-nos por uma teia de intriga e sedução bem delineada. Destaque particularmente positivo para o elenco. Se Nicolau Breyner já não é supresa, faz um presidente de câmara, honesto e algo inocente, de uma forma impecável, já Soraia Chaves prova ser mais que um corpo. Aguenta bem o filme, responsabilidade dura, seduz e representa, consegue dar um passo para além do óbvio. Ivo Canelas e José Raposo são fortes como os polícias encarregues da investigação. Os quatro são suportados por um elenco de luxo. Joaquim de Almeida, Custódia Gallego, Virgilio Castelo, Raúl Solnado, Maria João Abreu, Daniela Faria e Ana Padrão, esta última com uma performance digna de registo (alguém me explica porque é que no IMDB ela não aparece na ficha técnica?).
"Nos meus filmes preocupo-me sempre que esteja mais gente do lado de cá do ecrã do que do lado de lá" disse António-Pedro Vasconcelos no final da apresentação do filme, rodeado de actores e técnicos (gesto simbólico interessante). Costuma ter. Este não creio que vá ser excepção à regra. Não é genial, não é marcante, mas como um sólido filme comercial português funciona.

1 comentário:

Anónimo disse...

No imdb a Ana Padrão não aparece na ficha técnica porque não há, no mundo, assim tantos malucos a transcreverem os genéricos dos filmes portugueses...

JLR