terça-feira, novembro 08, 2005

Estacionamento à porta de casa parte I


Uma semanita na minha nova casa! Ele foi suspiros e sorrisos, mas depois do primeiro assombro foi preciso pensar na parte práctica. E a primeira coisa que me veio à cabeça foi “Eu tenho que ter um dístico de residente, que não ganho para o parque”! Pensei, isto é simples, uma conta do gás ou luz devem chegar. ERRADO! A EMEL pede o BI com a freguesia certa, a carta de condução com a morada nova, uma declaração das finanças, uma declaração da junta de freguesia, os documentos do carro, uma cópia do contrato de leasing (sabe-se lá bem porquê) e uma carta assinada pelo Papa a dizer que aprova que eu me mude para aquela zona.
Segunda de manhã lá fui a caminho das Finanças, Loja do Cidadão, Junta de Freguesia e EMEL, porque de tarde tinha que estar em casa que me iam entregar o colchão. O Vaticano ia ter que esperar...
Nas Finanças aguentei a meia horita da praxe para ter uma declaração que diz “Senhor de tal afirma que mora aqui!” e mais meia horita para pagar (que três tipos ocuparam as caixas todas com carradas de papeis!). Nada de demasiado exasperante, apesar do dinheirinho já começar a sair e eu ainda com sono.
Dirigi-me então à Loja do Cidadão. Entrei, não sem antes ter tido um mulato de um metro e oitenta a tentar engatar-me enquanto comprava pastilhas. Bem adiante... Aquilo é um mundo e estava lotado. Dirigi-me à DGV, tirei a senha para comprar papeis (dois numeros antes) e cinco minutos depois sentei-me. – “Bom dia” – digo eu a uma senhora de sessenta anos que estava à minha frente – “Preciso mudar a morada nos meus documentos mas estou um pouco perdido.” – E vai ela – “Não me diga que com uma carinha tão laroca ainda ninguém o encontrou!” – Mau! A água de colónia que pus deve ser mesmo boa! – “Se eu não fosse tão velha quem o encontrava era eu!” – Pronto! Está o caldo entornado! E o que é que um gajo responde a isto? Bom... sorri fiz de conta que não era comigo e tratei de comprar os papeis. Mas antes de os entregar tinha que ir tratar do BI. Andar de baixo... Tiro fotos (pago), compro mais papeis (pago) e tiro senha (sou o 104) olho para o número na parede... ia no 60! AHRG!!! Horror, não só do tempo de espera mas da cara de atrasado mental com que fiquei nas fotos! Hora e meia depois sou atendido, trato de tudo e avanço confiante para o andar de cima. Se esperei cinco minutos para comprar papeis, agora não seria muito mais. Tiro outra senha, aquilo ia no 92, olho para o meu número... 155!!!! A tragédia! O importante é não desanimar. Saio porta fora e vou tomar uma bica para ajudar a passar o tempo. Pago o café e vou comprar o Público (pago também). Após folhear o jornal volto a entrar... BAQUE! Ia no 94!!! Ia tendo um ataque! Espero de pé, no meio de encontrões de quem passa, com o tempo a arrastar-se desesperadamente lento e a pensar “Eu só pus parque para uma hora”! Era lindo, um tipo multado por estar a tratar dos papeis para o distico de residente! As pernas já cediam, a cabeça caía, não tinha onde lêr o jornal e a multidão que se apertava cada vez mais! Ao fim de mais uma hora finalmente um vislumbre, o número 122 levanta-se e deixa uma cadeira vazia. É minha!!!!! AH VITÓRIA! Finalmente tenho onde me sentar! MINHA, MINHA! Bem podia aparecer uma septuagenária tetraplégica de dali não me mexia, era minha e ao fim de muito custo!
Saí de lá à 13h30 (após pagar mais 22 euros só para mudar a morada na Carta!) e estava na rua desde as 9 da manhã! Só me faltava a Junta de Freguesia e correr para casa a tempo do colchão! (continua)

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