segunda-feira, novembro 14, 2005

Uma história de amor - The Constant Gardener


Após o enorme sucesso de Cidade de Deus, Fernando Meirelles volta à realização com “O Fiel Jardineiro”, baseado na obra de John Le Carré. Desta vez não tem meninos de rua, tem vedetas internacionais, desta vez não tem um argumento seu, foi contratado para um projecto, desta vez não tem uma pequena produção, está ao leme de um filme de topo americano. Tudo diferente e nada mudou. O talento deste “jovem” realizador (segunda longa metragem apesar dos seus quarenta anos) volta a confirmar-se. As paisagens de África são filmadas com uma beleza incomum, vibrante, quente, viva, nem sempre óbvia, em contraste constante com o tom cinzento e pesado da Europa e nunca caindo no cliché das grandes planicies e do por-do-sol. Aliás este é um filme de pessoas e não de temas, não está lá a imagem romântica de África mas as imagens cruas das paisagens (com um trabalho primoroso de fotografia com o ar de quem só saiu para a rua com uma DV e filmou o que lá estava), não precisa do choque fácil para retratar a pobreza e a miséria, não precisa de puxar à lágrima para nos tocar. É, acima de tudo, um filme sobre pessoas, muito mais do que um filme sobre qualquer conspiração internacional, a indústria farmacêutica ou a desgraça do nosso continente vizinho. É um filme sobre o amor de um casal, a vida e a luta de quem se entrega, e as consequências dos actos. Por isso nos tocamos, por isso sentimos, apesar de, supostamente, estarmos perante um thriller, uma temática de conspiração. E por isso nos envolvemos e nos deixamos apaixonar por estes Don Quixotes na sua luta inglória que pode, mesmo assim, ter alguma consequência.

4 comentários:

Astor disse...

Não tem Paz Vega, não é bom :P

Mary Mary disse...

Eu não disse que ias gostar deste filme? :P

Se bem que continuo a achar que o principal não é a história de amor entre eles. É muito mais que isso...

MPR disse...

A indústria farmaceutica é um McGuffin, i.e., não importa. Podia ser diamantes, petróleo, armas, droga, ou qualquer outra forma de exploração e morte daquele povo. O cerne do filme não é esse, são as pessoas, não só o casal, mas as pessoas (incluindo aqueles que sofrem com tudo isto). Mas definitivamente a conspiração pouco importa...

Mary Mary disse...

Mas quem é que disse que era a indústria farmacêutica? Mas nós já falámos do filme? Que eu me lembre não... :P

A história de amor poderia acontecer noutro contexto que não deixava de ser isso, uma história de amor, que se faz qualquer coisa por ela...