Casino Royale (e Música da Semana)
Antes de mais e para que esteja claro vou dizer uma coisa: Casino Royale é o melhor Bond alguma vez feito e Daniel Craig é um actor à altura. É difícil a comparação com tempos míticos dos anos 60 e principalmente com Sean Connery, mas Casino Royale é o mais maduro, complexo e envolvente filme da longa série. Bond atinge aqui por fim a idade adulta. Sente, sofre, vive, é por fim, um homem. Mas não um homem qualquer, longe do ar suave de playboy, James é um assassino, e a morte não é uma atracção de feira, de circo, a morte existe fisicamente, é palpável, tem cheiro, tem cor, deixa marcas no corpo e pior, na mente. Este é o 007 que quebra com muitos dos ícones dos anteriores filmes, não tem engenhocas estranhas e invenções mirabolantes, a Bond Girl é muito mais que uma boneca de silicone (Eva Green a construir uma reputação de actriz que ultrapassa largamente a sua inesquecível silhueta), Bond fere-se, sua, despenteia-se, cansa-se, desespera, bebe algo mais que vodka martini e quando lhe perguntam se quer mexido ou batido ele responde "Acha que sou o tipo de homem que se preocupa com isso?" – e não é, agora não é.
Foi um risco seguir esta linha, principalmente quando a antiga fórmula estava a render mais dinheiro que nunca, se Goldeneye, o primeiro filme com Pierce Brosnan tinha feito 352 milhões de dólares mundialmente, batendo recordes, o seu último Die Another Day chegou quase aos 432. Mas foi um risco que deu frutos, não só na bilheteira, como entre crítica e fãs do agente secreto.
Empolgante, envolvente, com um punhado de cenas memoráveis (o pré genérico é brilhante e a cena da perseguição pelos guindastes inebriante) Martin Campbell (responsável por filmes como Goldeneye ou A Máscara de Zorro), constrói uma peça sólida e adulta, de longe o seu melhor esforço até hoje.
Não será um filme estudado nas escolas de cinema, mas como produto de entretenimento é do melhor que se pode encontrar nas salas.
Em honra a Mr.Bond aqui fica a sua assinatura como música da semana...
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