quinta-feira, dezembro 07, 2006

Transferência

"Se em palco tiverem que ter uma cena íntima com uma pessoa que mal conhecem, ou uma cena de ódio com um actor de quem gostam têm que fazer uma transferência." - ou seja para ter uma representação forte, verídica, é preciso imaginar alguém no corpo daquela pessoa, alguém que se coadune melhor à cena descrita de forma a sermos mais espontâneos, mais honestos. Ontem foi esse o ponto de ordem dos trabalhos, o início mais concreto da contracenação, com trabalho físico, toque, cheiro e não só imaginação. Foi uma experiência incrível, ver alguém à minha frente completamente de rastos, com uma entrega plena, total, de uma franqueza e honestidade extrema, que se abriu à sua dor sem reservas, deixando-me apenas a fútil tarefa de a tentar, inabilmente consolar. Não sei que efeito tiveram aqueles minutos nos outros, mas foi uma experiência única.
Voltámos no fim da aula a Strindberg e, mais uma vez, não li mais que duas frases. Tenho tido azar na distribuição dos papeis...

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