59,25%
... foi esta a percentagem de eleitores que foi dizer SIM à mudança de uma lei injusta, retrógrada, que perseguia as mulheres que abortavam e que alimentava o aborto clandestino. Foi uma diferença de quase 19% (59,25% pelo SIM e 40,75% pelo NÃO), uma maioria esmagadora que não deixa dúvidas quanto ao caminho a seguir. Olhando para o retrado do país, o SIM ganhou nos distritos do Sul e nos distritos urbanos, tendo sido derrotado no Norte, no Interior e nos distritos onde a Igreja Católica tem uma maior implementação, bem como nos distritos mais conservadores. Um dos grandes factores de viragem foi o Porto, que passou de votar ao lado do Norte, para passar a ter uma escolha mais urbana.
Foi o fim do referendo, mas é apenas o início da batalha, pela protecção da mulher, pela concretização da Lei, pela regulamentação de um Lei justa e equilibrada, pelo apoio à mulher e às familias, pela educação sexual e pela divulgação dos meios contraceptivos. É um longo caminho que começa em cada casa, em cada um de nós, e se estende pelas escolas, hospitais, e por toda a sociedade. Não é um caminho que se percorra com atitudes como a de uma plataforma do NÃO que defendia que se pagasse às mulheres que não recorrem à IVG o valor equivalente que é gasto com as mulheres que o fazem. Esta questão não é economicista. Abordá-la deste prisma é ridícula.
E as pessoas que adoecem por causa do tabagismo? E os toxicodependentes? E os seropositivos? E os sem-abrigo? Também se vai contabilizar o dinheiro gasto a ajudar estas pessoas e distribuir por todos os que não precisam da ajuda? É que se assim for eu reformo-me já... Pensando bem, eu não tenho cancro, nem diabetes, nem gota, nem asma, se receber algum por todos eles... fico rico! E porque não dar às mulheres que recorrem à IVG o equivalente gasto pelo Estado com todas as mulheres que têm filhos? Isso é que era uma festa! Vamos ficar todos ricos! Só se lixa a terceira idade!
Mas seja... deve ter sido uma declaração impensada feita no calor do momento... Adiante.
O primeito passo foi dado, não podemos parar por aqui. há muito trabalho a fazer. Agora sim!
4 comentários:
para os meus lados festejou-se calmamente, misturado com a revolta de ver tanto abstencionista.
mas o princípio do não é giro. podia extrapolar-se a toda a saúde pública. vejamos:
tem pneumonia. mas diga lá, o que é que andou a fazer? andou à chuva, foi? paciência. vá para casa e não me chateie. tenho lá culpa que tivesse andado à chuva...
Acabo de ouvir o senhor Malta a fazer essa proposta, com cara de quem diz, roubaste-me o chupa mas estás lixado, que o meu pai é polícia!
Dou por mim a pensar que se trata de gente com patologias mentais em estado avançado. É a única explicação. Ou à desonestidade vou ter de juntar a pura e simples maldade.
Parabéns, Portugal!
[E gracias pelos cigarrinhos com leite de chocolate, este Rufus dá cabo de mim...]
(de nada...)
Mas pior que essa declaração foi mesmo a do Francisco Louçã!
O meu boletim não tinha qualquer espaço para dizer se era católica ou não.
Só mesmo ele é que pode explicar como é que chegou a essa tão brilhante conclusão. Se tivesse o módulo de epidemiologia que eu tive já estava chumbado!
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