A pólvora!
Senhoras e senhores, meninos e meninas, aproximem-se, venham descobrir a mais fabulosa invenção do século: a pólvora! Sim meninas e meninos foi inventada a pólvora, mas a pólvora seca, faz o mesmo barulho que a outra, tem o mesmo aspecto que a outra, mas não tem efeito nenhum. Seja como for, entretém e ilude a multidão. Tenho o prazer de vos apresentar: o crime sem castigo! SIM! ou melhor NÃO! O crime sem castigo é a grande invenção Não. Ora bem, a grande ideia agora é votar NÃO no referendo que depois os partidários do NÃO prometem fazer passar uma lei onde a mulher não é julgada. Mas o aborto é crime? Sim! Posso fazer? Pode! E o que me acontece? Nada! (Isto faz-me lembrar um programa de comédia... o que será?)
O Não já não consegue defender a penalização das mulheres, sabe que toda a gente acha isto um absurdo, à excepção daqueles que são também contra a lei actual, e que pelo menos são coerentes. Então agora inventam o NIM! Vota Não que parece Sim! Ou seja, fica tudo na mesma, mas a lei muda para que as mulheres não sejam julgadas, é a suspensão provisória do processo.
Banha da cobra!
Qual é o problema desta nova invenção, tão badalada no Prós e Contras de ontem? Em primeiro lugar mantém o estatuto de crime, a mulher continua a ser considerada uma criminosa e tem que cumprir certas regras, certas sanções. Ora como mulheres na cadeia já não existem não percebo a diferença para o estado actual. Em segundo lugar todos os outros intrevenientes (médicos, parteiras, enfermeiros, etc) são criminosos e julgados como tal, ou seja, nada de aborto em hospitais e clínicas, vamos é manter o aborto clanestino, vamos manter as mulheres em fuga, a recorrer a sítios onde se pagam balúrdios e com condições duvidosas, vamos manter esta vergonha nacional, mas fazendo de conta que se muda, fazendo de conta que se não persegue a mulher, como se a prisão fosse a única coisa que está mal neste momento! E ainda por cima é uma proposta que nem sequer pode ser posta em práctica, como o Dr. Rui Pereira (jurista) explicou: não é possivel haver uma suspensão provisória do processo obrigatória! Se há crime, tem que haver castigo, pode em certas circunstãncias ser suspenso mas não existe tal coisa na lei como suspensão obrigatória!
É antes de mais cobarde! É querer enganar as pessoas que são a favor da despenalização (e não a favor do aborto, é bem diferente!) dizendo-lhes que o Não é afinal... SIM!
Ontem o Prós e Contras era motivo para rir! O Filipe Anacoreta Correia que diz que o referendo não é uma questão moral! Ai não??? Então o que são questões morais??? Vamos lá ao dicionário - Moral: conjunto de costumes e opiniões que um indivíduo ou um grupo de indivíduos possuem relativamente ao comportamento; conjunto de regras de comportamento consideradas como universalmente válidas; parte da filosofia que trata dos costumes e dos deveres do homem para com o seu semelhante e para consigo; ética; teoria ou tratado sobre o bem e o mal.
Toda a Lei é moral! É a definição de certo e errado de bem e de mal, não existe questão mais moral que esta!
Ou o argumento do Dr Manuel Antunes que afirma "Nós não sabemos o amanhã!" - como motivo para não mudar a lei. Ora o desconhecimento do futuro serve para não mudar NADA!
Ou o escândalo quando se disse que a protecção da vida intra-uterina não se faz pelo direito penal, que existem outras formas que não penais, que não criminais!
Enfim... à meia noite resolvi ir dormir. Há posições de tal maneira contraditórias e ilógicas que mais vale ir para a cama...
É triste ver que o Gato Fedorento passou da comédia para um argumento defendido na realidade por uma das partes...
O Não já não consegue defender a penalização das mulheres, sabe que toda a gente acha isto um absurdo, à excepção daqueles que são também contra a lei actual, e que pelo menos são coerentes. Então agora inventam o NIM! Vota Não que parece Sim! Ou seja, fica tudo na mesma, mas a lei muda para que as mulheres não sejam julgadas, é a suspensão provisória do processo.
Banha da cobra!
Qual é o problema desta nova invenção, tão badalada no Prós e Contras de ontem? Em primeiro lugar mantém o estatuto de crime, a mulher continua a ser considerada uma criminosa e tem que cumprir certas regras, certas sanções. Ora como mulheres na cadeia já não existem não percebo a diferença para o estado actual. Em segundo lugar todos os outros intrevenientes (médicos, parteiras, enfermeiros, etc) são criminosos e julgados como tal, ou seja, nada de aborto em hospitais e clínicas, vamos é manter o aborto clanestino, vamos manter as mulheres em fuga, a recorrer a sítios onde se pagam balúrdios e com condições duvidosas, vamos manter esta vergonha nacional, mas fazendo de conta que se muda, fazendo de conta que se não persegue a mulher, como se a prisão fosse a única coisa que está mal neste momento! E ainda por cima é uma proposta que nem sequer pode ser posta em práctica, como o Dr. Rui Pereira (jurista) explicou: não é possivel haver uma suspensão provisória do processo obrigatória! Se há crime, tem que haver castigo, pode em certas circunstãncias ser suspenso mas não existe tal coisa na lei como suspensão obrigatória!
É antes de mais cobarde! É querer enganar as pessoas que são a favor da despenalização (e não a favor do aborto, é bem diferente!) dizendo-lhes que o Não é afinal... SIM!
Ontem o Prós e Contras era motivo para rir! O Filipe Anacoreta Correia que diz que o referendo não é uma questão moral! Ai não??? Então o que são questões morais??? Vamos lá ao dicionário - Moral: conjunto de costumes e opiniões que um indivíduo ou um grupo de indivíduos possuem relativamente ao comportamento; conjunto de regras de comportamento consideradas como universalmente válidas; parte da filosofia que trata dos costumes e dos deveres do homem para com o seu semelhante e para consigo; ética; teoria ou tratado sobre o bem e o mal.
Toda a Lei é moral! É a definição de certo e errado de bem e de mal, não existe questão mais moral que esta!
Ou o argumento do Dr Manuel Antunes que afirma "Nós não sabemos o amanhã!" - como motivo para não mudar a lei. Ora o desconhecimento do futuro serve para não mudar NADA!
Ou o escândalo quando se disse que a protecção da vida intra-uterina não se faz pelo direito penal, que existem outras formas que não penais, que não criminais!
Enfim... à meia noite resolvi ir dormir. Há posições de tal maneira contraditórias e ilógicas que mais vale ir para a cama...
É triste ver que o Gato Fedorento passou da comédia para um argumento defendido na realidade por uma das partes...
4 comentários:
além de tudo o que disseste, uma advertência: o senhor Sócrates, para quem não sabe primeiro-ministro e representante do GOVERNO - a.k.a. quem decide que leis vão ser alteradas - já garantiu que se o Não ganhar é para ser respeitado como tal, ou seja NÂO HÁ CÁ PSEUDO-ALTERAÇÃO DA LEI PARA NINGUÉM.
e, curiosamente, eles e o resto da esquerda nisso estão de acordo, portanto mesmo que o PSD e o PP resolvessem pedir isso, não há marioria para levar a petição avante.
estão a tratar o eleitorado como estúpidos.
vamos lá ver: se acham que a mulher deve ser penalizada, muito bem, votem não. se acham que o aborto a pedido até às 10 semanas é demais, muito bem. (apesar de ser do conhecimento comum que o PS, a ganhar o Sim, tentará implementar uma lei semelhante à alemã - do acompanhamento médico e psicológico obrigatório anterior à interrupção da gravidez, com efeitos dissuasores)
se acham que o aborto deve continuar a ser medicamente assistido apenas em casos de malformação grave, violação ou perigo de vida para a mãe, votem Não.
se acham que assim como está não resulta, se acham que se deve abrir a possibilidade de mudança e evolução, se acham que a nível de saúde pública e de liberdade moral as coisas têm de mudar, votem Sim.
é simples, bolas.
por mim voto SIM.
porque respeito o princípio da liberdade de escolha do ser humano.
porque acredito que apoio médico, psicológico e legal a quem decide ou é coagido a abortar é fundamental,
porque acredito que o aborto ilegal e sem condições é uma questão de saúde pública.
não acredito em meios termos legais e em truques de pacotilha. acredito que as coisas devem ser claras para que a diferença entre quem pode e tem acesso fácil a advogados e quem não tem, não seja a mesma que existe hoje.
a advogados e a viagens a Espanha, a Inglaterra...
falando nisso, é engraçado: uma campanha do Não a cargo, se não me engano, do PP, diz algo como "um país civilizado não deixa morrer os seus bebés". já um estudo dos países da UE e a despenalização mostra que os únicos que ainda não "aderiram" foram Portugal, Irlanda, Polónia e Malta. eu não sei como é que os senhores deixam os filhos irem estudar para Londres...
ughh, me and my big mouth!
(o sketch é genial...)
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