terça-feira, dezembro 20, 2005

Porcelana


Ontem lá estive a conhecer a terceira familia no jantar da Joana a quem demos um anjo e um demonio para lhe guardar os queijos e sopas. Que sucesso fizeram aqueles home-made e muito orgulho tive em fazer bolinhas e dar ideias, porque a minha destreza manual não dá para muito mais.
Quando a meio da noite vi uma montagem (bem interessante por sinal) o meu olhar prendeu-se numa boneca de porcelana. Fiquei parado e deu-me aquela vontade de escrever, como uma ânsia que me percorre os dedos. Papel não havia, mas improvisado um talão só para resgistar no verso do café e da Super-Bock as linhas gerais da história que se formava na minha cabeça (com banda sonora, ângulos de câmara e tudo como sempre).
Frenético, numa letra que nem eu mesmo consigo decifrar assentei o que me vinha e as dúvidas que me assolavam – quem é a menina, o que lhe aconteceu, que passado tem para contar??? – para no fim ma bater com força. Isto parece o The Portrait of Dorian Gray revisitado. Merda, que de Oscar Wilde não tenho nada...
Desisto, ideia para o lixo... Ou talvez não... similar mas inverso na forma, é contudo distinto no seu conteúdo. A história é outra, a vida é outra e a transferência é inclusivé a inversa, a beleza para as obras e não o contrário... As referências estão lá, são mais que óbvias, mas não são mais que referências. Tenho que desenvolver este argumento para vêr como sai.
O meu problema é sempre o mesmo, muitas ideias e pouca concretização, a começar pela nossa monga-lésbica-desléxica-atrasada-infantil- incestuosa moça não é Martinha? (que não lê quase este blog, mas seja...)Preciso que me amarrem e me obriguem a escrever. Preciso conhecer melhor as técnicas... Preciso até de um curso de escrita criativa, ou escrita de argumentos para principiantes... Módulo I – para se ser um bom escritor é preciso ESCREVER! E eu que não aprendo...

4 comentários:

C. disse...

Desculpa, não vou comentar as tuas aspirações a Oscar Wilde, talvez numa próxima oportunidade.
Vou sim, comentar as tuas Dresden Dolls que, se bem que nunca na minha vida te vi, não esperaria neste blog que visitei 3 vezes (ok, talvez 4 ou mesmo 5) ao longo de toda a minha existência.
É que eu sou sensível a referências a esta música e vou explicar porquê.
(Se é que alguém está interessado, senão podem deixar de ler aqui e não me chateiem.)
Esta não é uma música para rir, não é uma música ordinária, esta música tem actually e truly um significado. É sobre a complexidade desesperante das relações humanas, é sobre como ninguém nunca jamais compreende outro alguém realmente, é sobre estarmos fartos de fazer as coisas funcionar. Ok, e também é divertida.
Esta é a parte em que olham para mim (e se certa e determinada pessoa ler isto sabe que me estou a referir a ela)e dizem: "Ok, que ingénua, tu não percebes é as piadas que ela diz."
A isso tenho uma palavra a dizer: Grrr.

Boa sorte com as bonecas de porcelana, mpr. Se alguma vez escreveres alguma coisa half as good as Oscar Wilde, será muito positivo!
E eu hoje estou pouco coerente, mas quem diz que a incoerência não pode ser interessante?

Cheers!

MPR disse...

Pequena pergunta, porque é que não esperarias encontrar Dresden Dolls neste blog?

C. disse...

Um amigo meu mostrou-me esta música e ele parece-me ser muito diferente de ti.

Não que eu te conheça, claro.

Que posso dizer? Sou preconceituosa e precipitada talvez, pronto(s)! :S

MPR disse...

Isso por acaso levanta uma questão interessante. Como é que uma pessoa que só leu o meu blog e nunca esteve comigo me vê? Que tipo de pessoa acha que sou?