quinta-feira, dezembro 15, 2005


Aos 16 vivia num mundo de certezas, de branco e preto, certo e errado. De convicções inabaláveis, de ideias e valores absolutos. Sabia dizer com exactidão as coisas que eu seria ou não seria capaz de fazer. Com o passar dos anos perdi o absoluto que me guiava, aprendi a relativizar situações, sentimentos, vivências e actos. A não extremar posições e a ponderar a minha capacidade de realizar o acto mais vil. Aprendi a não fazer promessas, a não jurar pelo futuro, a saber apenas o que sentia no momento, no dia e na hora, fossem quais fossem os planos no éter idealizados.
Hoje, uma década depois, recuperei a capacidade de afirmar categóricamente emoções, vontades, sentimentos, projectos. Reaprendi as certezas totais, porque, pela primeira vez na minha vida, elas se apresentaram perante mim, imensas, sublimes, magnânimes. Pela primeira vez eu vi aquilo em que tive em tempos fé e cheguei a julgar não existir na sua versão mais pura, mais completa, mais elementar, como se vislumbrasse directamente os olhos do eterno.

E caminho firme na poeira de que se fazem os sonhos...

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