quarta-feira, dezembro 07, 2005

DOGME 95


O movimento Dogma foi criado em Copenhaga por um grupo de realizadores dinamarqueses corria o ano de 1995. Era um movimento que reclamava um cinema "real", sem artificialismos, uma nova abordagem à Sétima Arte. O movimento regia-se por um conjunto de normas espartanas a que davam o nome sugestivo de Voto de Castidade, assinado por dois dos mais importantes fundadores do movimento, os realizadores Thomas Vinterberg e Lars Von Trier.
Do ponto de vista cinematográfico foram criadas obras interessantes, como o Mifune, Italiano Para Principiantes, ou principalmente Os Idiotas e A Festa (dos dois fundadores referidos).
A grande questão é que o Dogma é mais um golpe de marketing - eficaz, que projectou o até então desconhecido cinema dinamarquês para os grandes palcos mundiais - do que uma verdadeira revolução artística.
Para começar as regras auto-impostas do Voto de Castidade nunca foram cumpridas pelos próprios fundadores. Vinterberg é disso exemplo ao assumir ter quebrado algumas directivas durante a rodagem do Festen (A Festa).
O manifesto defende um ponto de vista que o próprio Von Trier (motor principal do Dogma) não defende nas suas obras. Exemplos disso são os brilhantes Europa, Dancer in The Dark, Breaking The Waves ou mesmo Dogville, obras que utilizam todos os recursos disponiveis no cinema, afastando-se o mais possivel da imagem "what you see is what you get" que o movimento quer preconizar.
O Voto de Castidade contradiz-se a si próprio ao impôr regras de teor estético e artístico e recusando aos autores a tomada de posições estéticas e... artísticas...
Por último a ideia de mostrar a "verdade", a "realidade", negando inclusivé a assinatura do projecto por parte do realizador é, em si só, absurda. A Arte, principalmente o Cinema, não é a realidade. É um trabalho moroso, de conjunto, pensado, ensaiado, escrito, repetido, falso por natureza. Mesmo o cinema documental não é a verdade, mas quanto muito a visão de um autor da verdade, ou a visão que ele conseguiu transmitir.

Hoje em dia existem dezenas de filmes DOGMA, dos mais variados paises, de pessoas que "certificam" os seus filmes, sem terem ligação nenhuma ao projecto incial.

DOGMA é uma marca, desmascarou-se e assumiu aquilo que sempre foi.

5 comentários:

Anónimo disse...

For your information:

Thomas Vinterberg - Lars Von Trier - Søren Kragh-Jacobsen - Kristian Levring

já percebi mas n quero discutir isso aqui...

MPR disse...

Sim eu sei, mas com o Vinterberg e o Von Trier como "cabeças de série", que são amigos e continuam a trabalhar juntos. Principalmente o Von Trier que era o mais conhecido e já tinha carreira feita...

Anónimo disse...

Bem...falamos dp sobre isto.:))))

Anónimo disse...

Tu, como gestor (talvez não praticante mas...), devias saber que não existem golpes de marketing...

Mas sim ESTRATÉGIAS do dito...

Gostas dos filmes DOGMA ou não ?!?!?!?

MPR disse...

Oh meu deus, oh meu deus! És tu mesmo!!!! Nem acredito...
Quanto ao marketing, existem estratégias, planos, eventos, golpes e uma parafernália de coisas ligadas ao dito...
Quanto ao DOGMA, eu gosto de alguns filmes, mas não pelo facto de serem DOGMA, mas pelos filmes em si... O Voto de Castidade não faz um filme bom ou mau...