quarta-feira, janeiro 10, 2007

Isto é realidade não é ficção!


A cena a seguir descrita passou-se numa insuspeita repartição de finanças, onde um conhecido meu se dirigiu para abrir actividade como profissional liberal e trazer a sua caderneta de recibos verdes. Após longa e habitual espera foi atendido...


  • Boa tarde

  • Boa tarde faça favor

  • Eu sou escultor e queria abrir actividade, pensando já na hipótese de poder vir a dar aulas.

  • Escultor hein?

  • Sim

  • Ora deixe cá ver... Então o senhor compra materiais, transforma materiais e vende materiais certo?

  • Bem... nunca tinha visto isto dessa forma... mas sim, é mais ou menos isso...

  • Ora deixe cá ver... (folheia incessantemente um monte de papel)... ora que isto... (o tempo passa)... pois bem... hum... olhe que isto está complicado!

  • Pois...

  • Portanto... AH! Encontrei. O senhor vai ser... Comerciante retalhista de artigos para o lar!

  • Vou quê?

  • Então o senhor compra materiais, transforma materiais, vende materiais...

  • Sim sim, mas e se for uma escultura pública? Arte de rua?

  • Eh lá... Pois isto assim complica-se... Hum... (volta a folhear o mesmo maço que anteriormente)

  • Oh minha senhora...

  • Um momento, um momento... Lá está, encontrei, desta é que é... Comerciante retalhista... no geral!

  • Mas minha senhora, eu sei que existe uma categoria que se chama escultor, existe essa profissão nos vossos livros.

  • Sim, mas perceba, você compra materiais, transforma materias, vende materiais...

  • Sim, mas e escultor?

  • Espere um segundo que vou falar com o meu chefe. (Levantou-se. O chefe à distância fazia um ar circunspecto enquanto ouvia a explicação da sua subalterna. Apoiando a o queixo na mão acenava com a cabeça, trocando umas palavras breves e desaparecendo em seguida para eviar confusões. Retorna a senhora). Pois...

  • Sim?

  • O meu chefe concorda comigo, comerciante de retalho no geral, você compra materiais...

  • Sim já percebi, pronto deixe lá isso obrigado.

E assim saiu um escultor, com obra feita e exposta, de uma repartição de finanças catalogado como comerciante de retalho no geral. A minha questão é... e para escultor quem se qualifica?

3 comentários:

polegar disse...

eu sou da geração-recibo verde mas...
AHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHHAHA!

espantaespiritos disse...

eu já fui catalogado de funcionário de reprografia quando trabalhei para uma instituição bancária.
ah... eu era e sou fotografo...:)

pinky disse...

eu cá aconselhava ao amigo a ir a outra repartição abrir actividade, acho que dá para fazer sem ser na de residência.
esse episódio é caricato!