Vida depois da estreia
Uma gota de suor caiu ruidosamente no palco. Percebi a minha própria respiração pesada. À minha volta uma sala lotada - quantos são? 100, 120, 140? - pela primeira vez vejo que está ali gente, a meio passo de mim. Um segundo apenas. Volto para a peça - já falta pouco - tudo passa vertiginosamente. Por detrás da cortina sente-se o nervo. Cada pessoa que regressa exibe em si a felicidade e o orgulho de ter estado, peito aberto, debaixo das luzes. Sorrisos nervosos? Agora já não, agora não há mais nervo, apenas tensão, apenas atenção - é a tua deixa, a tempo, pela primeira vez a tempo - corpo, gesto, palavra. Fade. A luz apaga-se. Meio segundo de silêncio. Depois como uma onda, um enorme surto de aplauso atravessa o público. De pé, aplauso, grito, assobio. Acabou. - Já? Sim, já - Agradecimentos, volta de honra. Todo o meu corpo está alerta, suado, escorria. - Já acabou?
Passo fora, saio de cena. Um grito de alegria irrompe das gargantas. Beijos, abraços, felizes. Já foi? Já aconteceu? Já. Foi só uma apresentação? Foi um baptismo. Foi perfeito? Não. Sim. Não. Longe disso. Muito mais que isso. - mais? - Foi uma nova pele.
Hoje e amanhã, às 22h no Chapitô. Ainda há vida depois da estreia.
4 comentários:
chama-se "dar o litro". :)
bem-vindo
Bom dia, my friend!
Foi e será um prazer! Obrigado.
Por mais brincadeira que seja, senti-me bem a assinar o papel com as nossas carantonhas!
Bolas, que estou feliz por tanta coisa!
Até logo.
:-)
Valeu a pena, não valeu? Tanto suor, tanto nervoso de antecipação... E afinal, as cerejas cairam nas bocas certas e o baptismo aconteceu. Daqui para a frente é só caminho para andar.. e para os dias que seguem "break a leg".
NB: A tieta também ficou muito orgulhosa, eh! eh! eh!
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